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Faltava poucos minutos para o horários do treino.

Levantei sem fazer barulho. Se as meninas acordassem e me visse ou me seguissem, poderia dar algum problema.

Coloquei uma blusa sem mangas e uma calça comprida. Mesmo estando um pouco frio lá fora, eu estaria em constante movimento e isso me impediria de ficar com frio.

Sai do quarto na ponta dos pés. Quando já estava no corredor, desci as esquadras calmamente.

Abri a porta dos fundos da cozinha e senti o vento frio passar por mim. Fui andando até a a parte onde eu apanhei da Mikasa. Mal havia chegado e escuto a voz do capitão Rivaille.

- Serão duas horas de treino. Acha que pode fazer algo produtivo?

- Darei o meu melhor, senhor.

- Venha. Tente me socar.

Fui na sua direção, fechei o direito e o levei para o seu rosto.

Ele segurou o meu pulso e o girou, fazendo com que eu caísse de joelhos. Um segundo depois ele me deu uma joelhada, fazendo assim eu deitar na grama de bruços.

- Tsc. Solte-se! Não me diga que não consegue.

Eu tentei me mexer, mas ele havia me imobilizado dos dois lados.

Depois de algum tempo tentando me soltar, ele saiu de cima de mim.

- De novo!

Corri na sua direção novamente. Fechei a mão mas assim que cheguei perto, no lugar de um murro, lhe dei um chute na lateral do seu corpo. Logo ele segurou o meu tornozelo. Ótimo...

Pus ambas as mãos em seu pescoço. Porém, antes de pegar impulso com a perna livre, ele me derrubou, de novo e caiu em cima de mim.

- Como você pode ser tão previsível, pirralha?

- Desculpe senhor, eu realmente estou me esforçando.

- Tsc.

Ele colocou ambas as pernas ao redor do meu corpo para me imobilizar. Seus cotovelos estavam na altura da minha cabeça e ele me olhava com raiva. Tremi ao sentir o seu olhar ler minha alma.

- Você sabe que dá para sair dessa posição, não sabe? Mesmo que eu esteja imobilizando você, ainda é possível e bem fácil de sair.

- Sim, senhor. Eu sei como posso fazer isso.

- E por que não faz?

- Porque não quero fazer isso com você.

Ele continuou me olhando. Agora não parecia ler a minha alma, parecia tentar entender a confusão em meus olhos.

- Desculpe, senhor.

Suas pernas impediam que eu movimentasse as minhas para os lados, mas não para cima ou para baixo. E como ele estava por cima de mim, sem que seu tronco tocasse no meu, dei-lhe uma joelhada em sua virilha.

Ele tombou para o lado e ficou por alguns segundos com os olhos fechados.

Engatinhei até seu corpo e logo me levantei e lhe ofereci ajuda para levantar.
À princípio, pensei que ele recusaria a ajuda, mas ele segurou firme na minha mão e levantou.

- Pelo menos isso, pirralha.

Olhei envergonhada para o chão.

Eu acabei de dar uma joelhada na virilha do capitão da Tropa de Exploração apenas para provar que sei lutar. Que merda eu fiz?

- Na primeira vez que caiu... você sabia como sair daquela posição?

- Não senhor.

- Se tivesse chutado as minhas costas teria conseguido. Naquela posição fica bem difícil de dar um chute, mas um ou dois poderia fazer com que eu me desconcentrasse e parasse de te imobilizar. O mesmo serviria caso você estivesse deitada de costas e não de bruços, mas ai você teria que dar uma joelhada.

- Não irei esquecer disso, senhor.

Ele arqueou uma sobrancelha. O seu rosto, e todo o espaço ao nosso redor, era iluminado pela a luz da lua.

- Por que me chama de "senhor"? É a única entre todos que estão nessa base que me chama assim.

- Você é o meu superior, devo-lhe respeito.

- Hm.

Voltamos a lutar. Foi assim até as três da manhã, quando eu já não conseguia me levantar mais de tão cansada que eu estava.

Sobre ir com uma blusa sem mangas, foi um acerto. Devido ao treino pesado, e bota pesado nisso, eu estava me movimentando tanto que isso esquentou todo meu corpo.

Eu sabia que os meus ombros, costelas e braços estariam roxos logo pela manhã.

O capitão Rivaille já havia saído, tinha entrado há poucos minutos no mini castelo. Fiquei deitada na grama por mais um tempo, estava cansada demais para levantar. Mas, se eu não levantasse, acabaria dormindo no gramado.

Voltei, quase me arrastando, para o quarto e cai na cama. Devido ao cansaço peguei no sono imediatamente.



Depois de me arrumar e lutar contra o sono, eu desci para a cozinha. Deveria me alimentar bem ou cairia semi-morta a qualquer momento.

- Jin, o comandante Erwin quer falar com todos nós.

Eren apareceu ao meu lado. Concordei com a cabeça e seguimos até a mesa, onde todos estavam reunidos.

- Jin, que bom que acordou.

- Desculpe fazer esperarem por mim, comandante.

- Não se preocupe com isso. Enfim... temos uma pequena missão para executar. Sei que depois de falar do que se trata vocês irão se perguntar o motivo de a Polícia Militar ou as Tropas Estacionárias não fazerem esse serviço no nosso lugar. Simplificando, eles não podem. Bem, alguns homens que trabalhavam para o Kenny ainda buscam uma... revanche, por assim dizer, contra nós. Graças a uma fonte confiável sabemos onde eles estarão hoje a noite. O plano é emboscar cada um deles, o que deve ser de sete a dez pessoas. O objetivo é capturar eles e entregar para a Polícia Militar.

- Por que a Polícia Militar irá apenas cuidar deles depois de nós os pegarmos?

Eren parecia aflito com a ideia de ir até esses homens.

- Como "iniciamos" esse confronto com Kenny e os seus homens, é justo que nós o encerremos.

Erwin deu a palavra final e nos liberou pelo o resto da manhã e uma parte da tarde. Depois iríamos até eles.

𝐈𝐧𝐟𝐢𝐧𝐢𝐭𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora