Capítulo nove

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                 13 de Abril de 1912

     Os homens da tripulação finalmente tinham conseguido apagar o incêndio que estava ocorrendo em uma das reservas de carvão do navio. O incêndio que tinha começado antes da partida de Southampton, já não era um problema e poderiam  seguir com a rota para Nova Iorque sem problemas.
    Porém, os operadores de rádio, ainda receberam mais avisos sobre icebergs e campos de gelos. Não era suposto haver tantos em abril, estando ignorantes que o inverno tinha sido diferente, mais suave que o normal, formando vários icebergs pelo Atlântico Norte, daí o motivo de haver tantos campos de gelo pelo caminho, o que era, sem dúvida alguma, perigoso.
    Naquela tarde, os avisos de outros navios não pararam, mas capitão Smith não deu a devida importância, confiante das suas habilidades, decidiu continuar a viagem insistindo que era algo normal. Titanic era muito resistente, não poderia ser derrubado por um pequeno iceberg. Assim pensava ele, ainda com a ideia de que o navio não poderia afundar em qualquer momento.

    Carl não poderia estar mais feliz por saber que os portões estavam fechados e que Linda não iria ver aquele homem da primeira classe, pelo menos não longe do seu alcance. Aquela poderia ser a sua chance de ter o que tanto queria.
    Depois do que tinha visto na noite anterior, Linda e o passageiro da primeira classe aos beijos, Carl decidiu que não iria perder mais tempo. Tinha que fazer alguma coisa para chamar a atenção de Linda para ele, não para aquele homem rico com roupas caras. Pensava ele, que Linda era fácil de influenciar e que em breve entraria na sua mente.
    Linda estava com uma folha de papel, lendo as vogais exatamente como Matthew a tinha ensinado. Era um pouco chato, mas queria mostrar a Matt que ela estava se esforçando muito. Ela queria aprender a ler.
     — A... E... I...
     — Desculpa incomodar, Linda. — Carl sentou-se na sua frente.
     — Precisa de alguma coisa? — Linda olhou para ele.
     — O que é isso? — Apontou para as suas folhas de papel.
     — São as vogais.
     — Está bem. Eu queria saber se não gostaria de jantar comigo essa noite.
     Voltando seus olhos para as suas folhas de papel, Linda respondeu:
    — Eu prometi que jantava com o meu pai. Sinto muito!
    — Amanhã pode ser?
    — Amanhã? O meu pai também pode jantar conosco?
    — Sim. Ele é um homem maravilhoso. — Carl não estava contente com o resultado.
    — Eu sei. Muito obrigada pelo convite.
    — Não precisa agradecer.
    Carl levantou-se irritado por não ter conseguido o que queria. Tinha que tentar outra abordagem, mas o que poderia fazer? Não achava que era melhor que o homem da primeira classe, mas tinha que fazer Linda pensar que sim. Sentia ódio de um homem que ele não conhecia, mas sabia que tinha as mesmas intenções.
     Saiu dali para esfriar a cabeça, deixando Linda sozinha com suas folhas de papel. A jovem não parava de olhar para o relógio. Queria ver Matthew mais uma vez e prometeu que se encontravam às uma da tarde. Linda pedia que Matthew encontrasse uma solução para eles. Não podiam ficar separados por grades.
     — A...E... I... O... U. A, E, I, O, U. — Queria que o tempo passasse mais rápido. Faltavam dez minutos para às uma. — A, E, I, O, U. — Repetiu mais uma vez e guardou seus materiais, aborrecida. Não queria mais esperar para ver Matthew.
    Linda foi guardar suas folhas de papel no seu aposento e decidiu ir atrás do inglês. Os portões ainda estavam fechados e não havia nenhum sinal de Matthew. Claro que não havia, ela tinha chegado demasiado cedo. Mas tinha que esperar que ele chegasse.
    Mas muitas perguntas dançavam na sua cabeça e elas traziam consigo o medo. E se Matthew não conseguisse encontrar uma solução? E se ele desistisse de vê-la, sabendo que seria inútil insistir em algo que não dá certo? E se tudo aquilo terminasse mesmo antes de começar?
    Eram muitas perguntas que não tinham respostas. Perguntas que a deixavam assustada, pois até a chegada à Nova Iorque, talvez Matthew já a teria esquecido.
    Linda sentou-se no chão frio, fechou os olhos e começou a cantar, baixinho. Lembrava da música que sua mãe cantava para ela todas as noites antes de dormir. Seu pai também cantava aquela música quando estava assustada e fazia sempre com que se sentisse melhor.

Titanic - Uma outra históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora