Capítulo catorze

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              14 de Abril de 1912

     Linda sorria ao ouvir a história que Matthew contava. Era uma linda história de amor e o melhor de tudo é que realmente aconteceu. Seus avós enfrentaram tudo e todos para poderem ficar juntos. Aquilo era esperançoso para a jovem irlandesa. Claro que já confiava em Matthew e acreditava nele quando dizia que não a perderia, mas aquela história tornou tudo mais certo para ela.
     Matthew fazia carícias no braço dela e a olhava completamente perdido com tanta beleza. Seus olhos castanhos brilhavam enquanto olhava para o inglês com o sorriso mais encantador. Já tinha esquecido que naquele momento, seu pai podia saber de tudo.
    Já era vinte e três horas e naquele momento, a maioria dos passageiros estava a dormir. Matthew e Linda conversavam e beijavam-se.
    — Amanhã é o seu aniversário? — Perguntou Linda.
    — Sim.
    — O que acha que irá acontecer amanhã? Meu pai já deve saber de tudo.
    — Não vou deixar que se afaste de mim. Ninguém pode nos separar.
    — Ninguém. — Ela sorriu.
    Matthew beijou seus lábios mais uma vez, procurando por uma resposta. Linda respondeu beijando-o de volta e permitindo que Matthew ficasse por cima dela, percorrendo seu corpo com suas mãos, tocando cada pedaço de pele e deixando-se levar pelo desejo.
    Distribuiu beijos pelo seu rosto, seu pescoço e desceu a alça do seu vestido para poder beijar seu ombro também. Linda colocou suas mãos debaixo de sua camisa, tocando a pele do inglês com suas mãos frias, depois ajudando-o a tirar de seu corpo.
    Matthew ajudou-a a tirar o seu vestido também, descendo pelo seu corpo lentamente, sem desviar o olhar de Linda. Quando o vestido passou por seus pés, Matthew o deixou no chão e aproximou seus lábios nos de Linda novamente, desejando senti-la. Tornou-se impossível esconder o que sentia, então, decidiu entregar-se. Queria que soubesse o quanto era especial para ele e que não estava nos seus planos perdê-la.
    Era um sentimento ardente difícil de ignorar. Nada mais importava naquele momento a não ser sua amada, que também estava disposta a entregar-se apaixonadamente.
    Linda ajudou-o a tirar suas calças e olhou para o homem que fazia o seu mundo mais bonito e mais especial. Os olhos azuis-turquesa brilhavam enquanto admirava sua amada deitada por baixo dele.
    — Linda, não quero perdê-la. Aceita ficar comigo?
    — Não entendo, Matthew. Pensei que já estávamos juntos. — Encarava-o completamente confusa.
    — Não quero mais esconder o que temos. Não vamos deixar que ninguém se intrometa. Vamos enfrentar tudo juntos. Quer ser a minha esposa?
    Linda sorria. — De verdade, Matthew?
    — De verdade!
    — Eu aceito. — Beijou-o depois de mostrar seu lindo sorriso.
    Matthew fez amor com sua amada, entrelaçando suas mãos por cima da sua cabeça e beijando seus lábios sem parar. Sentia que depois disso, ninguém poderia arrancá-la dos seus braços. E se alguém tentasse, ele estaria pronto para lutar.

                               ****

      O Titanic viajava a quarenta e um quilómetros por hora, por volta das vinte e três horas. O céu estava escuro e as águas do oceano estavam calmas. Naquele momento, William Murdoch, o primeiro oficial, entrou em serviço e assumiu o comando, juntamente com o sexto oficial, James Moody. Eles comandavam a tripulação do convés e estavam encarregados de garantir o andamento e bom funcionamento da embarcação. Eram auxiliados por um quartel-mestres que cuidavam da roda do leme, estes que trabalhavam no cesto de gávea e também os marinheiros que ficavam na manutenção dos dispositivos do navio.
     Na roda do leme encontrava-se o quartel-mestre Robert Hichens e no cesto de gávea os vigias Frederick Fleet e Reginald Lee. Ambos os vigias estavam a postos e mesmo na noite escura, conseguiram ver um iceberg na frente do navio. Talvez podessem avistar antes, mas os vigias puseram-se a trabalhar mesmo com a falta de alguns equipamentos.
    O sino de alerta tocou três vezes porque era uma situação em que havia necessidade de agir rapidamente.
    Frederick Fleet, então, telefonou para a ponte do comando, onde operava James Moody, alertando-o e à Murdoch sobre o iceberg.
    — Oficial, foi avistado um iceberg. Escuto.
    — Entendido.
    O primeiro oficial, Murdoch, apercebendo-se do perigo eminente, ordenou que as máquinas parassem no quartel-mestre.
     — Avistamos um iceberg. Hichens, vire o navio para bombordo. — Ordenou Murdoch.
    — Entendido, senhor!
    Hichens fez o que lhe foi ordenado, porém o mecanismo de manobra demorava para mover a roda do leme, provocando um atraso. O navio não virava, devido aos motores também. O transatlântico se aproximava cada vez mais do gelo, mas só começou a virar quarenta segundos depois. Como consequência, o navio bateu contra o gelo a estibordo, devido a sua demora e o casco ficou arranhado.
    — Hichens, vire para estibordo! — Ordenou Murdoch, que pretendia mudar a situação de modo a alterar o curso da popa. Assim, o iceberg não poderia danificar o navio. Mas de nada serviu.
    — Senhor, parece haver problemas com o navio! — Declarou Hichens.
    Capitão Smith, apercebendo-se da situação, decidiu sair da sua cabine e verificar o que acontecia. O navio havia colidido contra o iceberg e talvez a maioria dos passageiros tivesse percebido também. Já na ponte, notou a agitação dos oficiais.
    — Capitão, o navio colidiu contra o iceberg. Tentamos evitar, mas a roda do leme demorava a virar.
    Smith encarou-o com os olhos esbugalhados. — Como isso aconteceu? E quais foram os danos.
    — O gelo arranhou os cascos. Não conseguimos reverter a situação. — Disse Murdoch.
    — Precisamos verificar as avarias. Desliguem todas as máquinas! — Ordenou Smith.
    Naquele momento, pedia ajuda a Deus, para que tudo ficasse bem.

                             ****

    Linda acordou com a vibração do navio. Abriu seus olhos imediatamente, um pouco assustada. Estava nos braços de Matthew, que dormia profundamente, parecendo ter um sonho agradável. Mas Linda sentia que alguma coisa estava errada e não conseguiria dormir sem saber o que se passava.
     — Matthew! — Chamou. — Matthew! Matt, acorda, por favor!
     O inglês abraçou-a. — Humm!
    — Matthew!
    — O quê?
    — Aconteceu alguma coisa.
    Matthew abriu os olhos imediatamente. — Como assim?
    — O navio. Eu senti uma vibração.
    — Eu não senti nada. Deve ser algo normal. Vamos dormir.
    — Não vou conseguir dormir.
    Ele sorriu. — Fecha os olhos. Não vai acontecer nada. Eu estou aqui. — Tocou o seu rosto carinhosamente. Aquele toque ajudou a se acalmar.
    — Tem a certeza?
    — Se acontecer alguma coisa, vou protegê-la.
    — Está bem.
    — Durma, querida.
    Linda voltou a fechar os olhos, mas ainda não se sentia confortável. Só tinha que confiar nas palavras de Matthew e dormir. Afinal, o que poderia acontecer? Talvez aquilo fosse normal, não poderia saber porque era a primeira vez que viajava de navio.
    Aconchegou-se no peito dele e tentou não dar importância no assunto. Matthew, por sua vez, continuava com os olhos abertos, esperando que não fosse nada, enquanto observava sua amada tentando dormir.

Titanic - Uma outra históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora