Capítulo onze

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             13 de Abril de 1912

     Os avisos de outras embarcações não pararam naquele dia, as mensagens continuavam a ser recebidas, porém parecia tudo normal dentro do navio. Já era o quarto dia de navegação, então não havia nada com que precisassem se preocupar. Até ao momento, Titanic não parava de deixar Ismay orgulhoso, pois foi construído para ser perfeito e ainda não apresentava falhas, significando também que poderia enfrentar qualquer coisa.
    Enquanto isso, Matthew e Linda dançavam na proa sem se importar com mais nada. E felizmente, estava praticamente vazia porque estava escurecendo e ficando cada vez mais frio, mas ele não se importava que outras pessoas pudessem vê-lo com a bela mulher ao seu lado. Ele não se envergonhava dela.
    Foi por pouco que seu pai não encontrou Linda no seu quarto. Mas mesmo que encontrasse, Matthew estava cansado de fazer tudo o que seus pais queriam. Eles pensavam que era o melhor para ele, mas não poderiam saber. Eles não podiam saber que era com Linda que ele queria ficar. Eles não poderiam saber ou entender seus sentimentos. Era triste pensar que poderiam decidir o que deveria sentir. Matthew estava disposto a acabar com aquilo.
    — Eu estou muito feliz! — Disse Linda, rodopiando até aos braços do belo jovem. — Não me lembro da última vez que me senti tão viva!
    — É bom ouvir isso, querida. — Sorriu ele, segurando-a em seus braços. Linda era encantadora e tinha o sorriso mais bonito. Um sorriso que deixava Matthew louco.
    Ele sabia que estava disposto a qualquer coisa para que seus pais não os separassem. Era hora de tomar uma atitude, mostrar que as decisões dos seus pais sobre eles já não era tão relevante. Ele poderia fazer aquilo. Ele sabia o que era melhor para sua vida, para o seu futuro.
    Linda sorriu tristemente, como se estivesse lendo seus pensamentos. — Matthew, quando chegarmos à Nova Iorque, eu não quero perdê-lo.
    Matthew acariciou seu rosto suavemente, percebendo o que ela queria dizer. A chegada à Nova Iorque poderia afastá-los, mas não queria que fosse assim. Ele lutaria até ao fim.
    — Estarei com você. Iremos passear pelas ruas juntos, iremos enfrentar tudo juntos.
    — De verdade?
    — É o que eu quero. Eu quero que o nosso futuro seja grandioso.
    — E nossos pais?
    — Nós podemos tomar nossas próprias decisões. Eu escolho estar do seu lado, mesmo que eles não queiram. Já não me importo com as consequências. Sinto-me vivo do seu lado, Linda.
   Linda segurava as lágrimas.
    — Isso é amor? — Ela sorriu.
    — Completamente. E quero que continue a confiar em mim.
    — Claro que confio, Matt.
    Matthew levou linda até a ponta da proa e abraçou-a por trás, envolvendo seus ombros. Fechou seus olhos por alguns segundos e quando os abriu, olhou para o oceano que refletia a luz lunar. Era magnífico ver as águas do mar e o céu ao lado dela.
    — Eu quero que seja como o oceano.
    — Porque ele é infinito? — Perguntou Matthew sorrindo.
    — Sim.
    — Gosto de ver o brilho em seus olhos, querida. Sua paixão. É lindo.
   — Isso é porque nesse momento faço tudo o que mais gosto. Estar com você e ver o mar. É maravilhoso.
    Matthew virou o seu corpo para beijá-la. Suas mãos tocaram sua cintura fina para que se aproximasse mais dele, enquanto perdia-se em seus lábios. Ele não se cansava de fazer aquilo, não se importava de mostrar o que sentia com um beijo. Ele estava feliz, ele precisava dela.
    Linda também o beijava com muito carinho e amor. Era uma entrega que ambos faziam. Matthew sabia que ninguém poderia fazer mais nada para impedir aqueles sentimentos. Ninguém poderia acabar com aquilo.
    O amor não era uma coisa bonita que poderia simplesmente acabar ou desaparecer como acontece com um belo arco-íris. Seus pais não poderiam mandar em seus corações. Nem eles mesmos.

                             ****

    Matthew levou linda de volta para a terceira classe. Depois do dia maravilhoso que tivera com ela. O guarda abriu os portões para que ela passasse e voltou a fechá-los, retirando-se em seguida. Linda agradecia intimamente por tudo que aquele homem fazia por eles. Talvez ele entendesse o que eles sentiam. Ele sabia o que era estar apaixonado. Talvez fosse a única pessoa que poderia entendê-los.
    Matthew segurou as suas mãos e olhou para seus olhos apaixonadamente. — Amanhã eu voltarei. Espere por mim.
    — Esperarei! — Sorriu.
    — Foi muito bom estar ao seu lado. Muito obrigado por esse dia.
    Linda sorriu. — Eu é que agradeço, Matthew.
    Linda recebeu um doce beijo do inglês, mas foi rápido porque não poderiam correr o risco de serem vistos por ninguém. Eles tinham um amor proibido, algo que muitos não saberiam compreender.
    Matthew despediu-se novamente e então, retirou-se. Linda já sentia saudades dele. Passou a tarde toda nos braços do inglês, um lugar que passou a ser mais um dos seus favoritos e para onde gostaria de voltar sempre. Mas ela sabia que o veria novamente. Ele deixou claro que não ia afastar-se dela.
    Na volta, a bela irlandesa tentou ir para sua cabine silenciosamente, sem que ninguém percebesse, mas seu pai já estava na porta. E ele parecia furioso.
    — P-Pai!
    — Aonde esteve, Linda?
    A irlandesa desviou seus olhos para suas mãos. — Fui ver o mar.
   — Os portões estavam fechados.
   — Eu... eu estava na popa.
   — Não estava. Procurei por todos os lugares, mas não estava em nenhum deles. — Aproximou-se. — Com quem estava?
    — Sozinha, pai!
    — Porquê eu não acredito?
    — Eu estava sozinha.
    Lucius suspirou tristemente. — Alguma coisa está errada, filha. E como não quer dizer nada, não posso deixar que desapareça da minha vista novamente. E é melhor não desobedecer, entendido?
    — Pai!
    — Entendido, Linda?
    — Sim, senhor!
    — Agora é melhor tomar um banho e  trocar de roupas. Temos um jantar com Carl, lembra?
    Ela assentiu lentamente e esperou que seu pai fosse embora para entrar em seu aposento. Ela foi imprudente por deixar seu pai saber ou deixâ-lo desconfiado, mas seu pai não deve ter descoberto por si. O mal já estava feito e tinha que pensar em alguma coisa, tinha que fazer alguma coisa.
    Linda não queria deixar de ver Matthew.

Titanic - Uma outra históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora