O dia seguinte amanheceu uma bela manhã ensolarada, justo como Mike gostava, perfeita para cultivar ao ar livre. Entretanto, mesmo com um tempo tão propício, sua cabeça não estava na jardinagem, nem em nada relacionado ao trabalho como deveria estar.
E sim em Laura. De novo. Mas dessa vez, seus pensamentos sobre ela já não era tão bons. Afinal, se antes a tinha posto em um pedestal mirim, era porque não a considerava uma mulher propriamente dita. Mas desde a noite anterior seus conceitos sofreram algumas mudanças. Que tem ido de mal a pior, pois sendo incluída na categoria de mulher, Laura agora estava anexada junto as piores opiniões que Michael tinha sobre todas elas.
Mesmo tendo isso estabelecido, não conseguia ficar em paz. Era um grande incomodo para Michael saber que Laura era igual a todas. Entendia que era algo natural elas serem movidas por interesses. Mas o que acontecia depois do interesse? Ele sabia e se pegava pensando nas coisas mais absurdas como: E daí se ela se afastasse depois de visitar sua avó? Pra ele tanto fazia, afinal, não precisava de ninguém para viver. Não precisava há anos. Era até melhor não ter ninguém na sua cola. Podia até parecer egoísmo, mas não era. Não era mesmo. Era somente sobrevivência.
Ele estava se preocupando antecipadamente, nem ao menos sabia se poderia levá-la para a tal visita. Talvez ele não conseguisse a permissão com a Madre Superiora. Seria uma fatalidade. Para ela.
Mas logo depois Mike se corrigia, ela merecia isso. Além disso, Laura despertava nele um extinto de filantropia que ele não estava acostumado. Depois de tantos anos pensando somente nos seus próprios interesses, aquela era a segunda vez em muito tempo que ele sentia vontade de ajudar alguém. Sendo a primeira vez na semana passada.
Já era tarde da noite, deveria estar dormindo. Já havia decidido que faria o possível para ajudá-la. Não tinha mais o que pensar.
***
Amanheceu. E as olheiras de Laura pareciam ainda mais destacadas sob a luz da manhã. As poucas horas que conseguiu pregar os olhos gastou as horas de descanso sonhando com Michael.
O que era estranho. O sonho foi estranho. Ela não estava acostumada a fazer essas coisas em sonhos. E na realidade tampouco! Se houvesse uma freira fiscalizando seu sonho ela provavelmente teria colocado Laura de castigo na igreja, mas não podia controlar sonhos, certo?
Por outro lado, talvez estivesse tendo devaneios com ele por ser justamente nele que estava sendo depositadas todas as suas esperanças. Sim, deveria ser por isso.
Já era à tardinha quando Laura apareceu na porta principal do jardim com passos inseguros e todos os dedos da mão cruzados. Ao ver seu nervosismo Michael se sentiu ainda mais nervoso pela resposta que teria que dar a ela.
Suas longas duas horas no gabinete da Madre Superiora não serviram para quase nada, mas só quase. A única serventia de ouvir todo aquele sermão, puxão de orelha e repreensão sobre a ousadia dele em ser amigo de Laura, foi saber que: além de estudante do colégio, ela estava sob custódia da Madre. E a Madre por sua vez, em qualidade de diretora e de tutora de Laura, negou o pedido para a saída.
Por mais que ele argumentasse a conversa foi praticamente constituída por nãos. Salvo a pequena pausa que Mike fez no assunto em curso para tratar da compra de materiais que ia ser feita essa semana, na qual a religiosa esboçou um pequeno sorriso além de um cheque em branco com a assinatura dela. As compras deveriam ser feitas o mais rápido possível.
Mas isso não tinha nada a ver com o momento de agora. Ele tinha que ser direto com Laura. Nunca gostou de rodeios nem de outros tipos de artifício que são usados para encobrir a verdade. Então, o melhor a se fazer era ser bem rápido. Quanto mais rápido essa responsabilidade sair da sua incumbência, melhor.
- A Madre não me permitiu te tirar do colégio.
Viu os olhos dela fixos nele e se tornando cada vez mais brilhantes por conta da água que se acumulavam neles. Quando estava a ponto de transbordarem ela desviou os olhos para baixo.
- Pelo menos você pode se sentir livre dessa responsabilidade – disse Laura com a voz embargada, mas ainda assim o mais alto que conseguiu.
E virou as costas para ir embora com os passos mais largos que suas pernas podiam dar. Mas alguma coisa a puxou pelo braço que a fez retroceder dois passos desajeitados para trás.
- Eu tentei, de verdade, fiz o máximo que pude. Fiz o possível e o impossível, não sei o que te dizer para te explicar melhor o quanto eu me esforcei na conversa com a Madre.
E enquanto falava seu olhar passeavam pelo rosto da menina em procura de algum sinal de que ela acreditasse nele. Porque ela poderia ser desaforada e dava impressão de ser também um pouco teimosa, mas ele estava falando a verdade. Ele precisava que ela confiasse nele.
- Pode até ser que tenha feito o possível, – ela reconheceu – mas não venha me dizer que fez o impossível...
Liberou o braço que ainda estava preso pela mão dele e se foi. Deixando Michael com vários pensamentos na cabeça, sendo grande parte deles ilegais.
____________________________________________________________________Olar! Revisei horrores de textos esse final de semana, então não sei se esse último capítulo está na sua melhor forma possível já que foi a última coisa que eu revisei e minha cabeça está atualmente dando voltas. Espero que alguém goste! E espero que esse alguém me conte o que achou se achar alguma coisa,
Beijos <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Agridoce
RomanceLaura L. não vê a luz do dia fora dos muros de seu colégio interno faz dez anos. Ela está desesperadamente à espera de um milagre. Já Mike, um planejador de exteriores falido, não precisa de milagres: está com a vida ganha. Ou quase, só basta conclu...