Capítulo 23

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Via como os olhos delas de abriam, parecia assustada, ou melhor, apavorada. Não gostava nada de saber que ele mesmo era causador daquilo, mas estava convencido de que aquilo seria o melhor.

- Escuta – continuou Michael – se nós formos descobertos, vai ser terrível para os dois.

- Fale por você Michael, o que eles fariam comigo? Expulsar-me do colégio? Você só se esqueceu que isso é o que eu mais quero – Laura deveria estar sentindo raiva, como era de costume em toda a situação que a desagradava. Contudo, dessa vez só sentia uma desesperada necessidade de convencer a Michael a ficar com ela – Além do mais Mike, nós não fomos descobertos até agora, vamos ser discretos, prometo que não venho mais aqui no jardim. E volto a fingir que não gosto de você, é uma grande idéia, não é? – falou segurando no rosto dele, forçando-o olhar para ela.

Michael olhava pra ela e quase sentia pena, mas sentia mais pena dele mesmo, não sabia como ia fazer para viver sem aquela doçura de Laura. Mesmo agora em que estava muito convencido de que aquilo devia terminar, ainda queria abraçá-la e dizer que ficaria tudo bem. Mesmo que não ficasse.

- Laura eu não posso, eu não posso perder meu emprego.

- Eu sei que não! E não vai perder, eu prometo que não vão nos descobrir, sei que é errado o que estamos fazendo, mas quando estamos aqui... Não parece ser tão certo?

Ela não parecia querer entender, e ele tinha que se fazer entendido antes que fosse convencido por ela. Sendo assim, só lhe sobrava uma alternativa:

- Não, isso não parece nada certo. Você é praticamente uma criança e eu já sou um homem adulto. Uma pessoa da minha idade já não quer um namorinho às escondidas.

-Mas eu já tenho 17 anos! – disse Laura mais alto do que deveria, mal podia acreditar no que estava vivendo, parecia que Michael mal a conhecia.

- Você tem dezessete anos em seu corpo, mas não na mente, Laura. Você sabe muito bem que não tem nem metade da experiência que as meninas de sua idade têm – Michael estava tentando inventar toda classe de desculpas para que ela sentisse raiva dele, mas não estava funcionando. Velhos e bons tempos aqueles que ela se irritava por qualquer coisa.

- E isso que importa? – ela tentava entender o porquê dele estar tentando a machucar assim, será que ele não via que ela estava praticamente implorando para estar com ele?

- Droga Laura, não pode simplesmente entender que eu já não te quero mais? – Michael falava isso com a cabeça baixa porque não suportaria saber como estava os olhos dela naquele momento.

- V-você não quer mesmo mais me ver? – sua voz vacilava e seus olhos ardiam, mas Laura já não se importava, só queria saber se aquilo era verdade.

- Não – disse Michael o mais convincente que pode.

- Mas...

- Mas nada Laura. Bem que dizem que você é estranha, não pode simplesmente aceitar?

Doeu. O modo como ele falou tudo aquilo pra ela não parecia que era o Michael de dez minutos atrás, fazendo ela se sentir a mulher mais linda do mundo. Agora ele simplesmente a considerava uma estranha assim como todo mundo. Já havia convivido com gente a chamando assim durante anos, mas nunca foi tão difícil ouvir aquilo como tinha sido agora.

Agarrou-se ao pouco orgulho que tinha para sair dali sem chorar com a cabeça o mais alta que pode. Enquanto saia dos arbustos sentia que Michael a olhava, provavelmente ainda a achando estranha. E aquilo só serviu para ela se convencer que realmente não valia à pena suplicar para estar com uma pessoa assim.

AgridoceOnde histórias criam vida. Descubra agora