Capítulo 26

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Laura já parecia bem conformada com seu destino desafortunado. Tudo o que ela precisava, era de uma recordação. E após uma de suas grandes reflexões, chegou à conclusão de que o que ela precisava, era pegar o planejamento do jardim.

Não pensem vocês, que Laura queria atrapalhar o trabalho do senhor Levine, muito pelo contrario, queria ajudar. E, além disso, o papel teria muito valor sentimental para ela.

Assim que entrou furtivamente no quarto dele, não foi nem tão difícil quanto ela esperava. Mas depois de três semanas andando furtivamente à noite, uma invasão vespertina não era grande coisa.

Na verdade, Laura passou mais tempo do que deveria dentro do quarto, analisando cada item que havia dentro do cômodo. E como se tratava de uma despedida achou que poderia se dar esse luxo. A verdade era que Michael era um homem muito peculiar e bisbilhotar as coisas dele era um pequeno prazer no meio de tanta dor que ela estava sentindo.

Sabia que seu objetivo principal era pegar o bendito papel e ir embora, mas uma pequena partezinha dela queria ver Michael. Nem que fosse pra...

O pequeno click na porta a avisou com um grande susto que seu desejo se tornou real.

Mas pela expressão de Michael ele não parecia estar tão satisfeito com esse encontro. Claro, pensou Laura, a essa altura do campeonato ele já deve estar odiando-a, sem ela nem ao menos saber por quê. E para ser sincera, tinha um pouco de medo de saber por que ele estava se comportando assim. Então já que agora já o tinha visto, se escapuliria o mais ligeiro que conseguisse.

- O que faz aqui, Laura? – disse com uma voz tão sombria que fez Laura estremecer, provavelmente de raiva.

- Nada – disse Laura tentando ridiculamente esconder o grande papel que tinha planos de furtar.

- Tem certeza? – dizia mais como uma ameaça que como uma pergunta, enquanto Laura se refugiava no canto mais distante dele o possível.

- Bom, vim pegar uma coisa, mas já estou de saída – disse mesmo sem se mover.

- Seu vestido, espero.

Santo Deus, ele nunca ia esquecer esse vestido?

- Fique tranqüilo, já o dei para sua amiga.

- E ela já me devolveu, não seja ciumenta – como ele sentia falta da maneira como ela se irritava facilmente, pensou Michael. Como sentia falta das faíscas que saiam de seus olhos quando estava com raiva.

- Não seja você convencido, senhor Levine – disse Laura se dirigindo com passos furiosos para a porta. Como podia, sua ultima recordação ser ele tirando sarro da sua cara. Estava indignada.

Já? Era o que pensava Michael enquanto a viu batendo em retirada. Podia continuar naquela discussão durante dias e nem ao menos a pode ver de perto. Não era justo, estava quase indo embora e não teve a oportunidade de vê-la direito em quase um mês.

Num impulso a segurou pelo braço antes que ela chegasse até a porta. Afinal, se ela foi até lá, tinha um motivo.

- Fale o que veio falar – dizia agora bem mais calmo, ter o calor do braço dela em sua mão ao mesmo tempo o acalmava e atormentava.

- Não vim para uma conversa casual, me solte.

- É uma pergunta, não? Mais uma de suas perguntas inoportunas – disse Michael quase sorrindo.

Laura estava ultrajada, como podia saber que ela tinha uma pergunta? Possivelmente já deveria até saber qual era a pergunta, aquilo era assustador. Só não mais assustador do que a possível resposta para tal pergunta.

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