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Estacionei o carro de frente a casa de onde partimos a quase um ano. Tirei as chaves da ignição ouvi a porta a abrir e as pegadas da Olívia na neve que cobre o passeio.
Saí do carro e vi o reencontro dos dois
— Pai! Gritou correndo para os seus braços, o meu pai parece melhor, não parece magro ou abatido, corre nas nossas veias disfarçar emoções.

— Sky! Que saudades das minhas negras, das minhas lindas e fortes filhas que a cada dia tornam-se mais lindas e independentes. – Disse o meu pai, com os braços abertos a espera de mim, entramos para a casa acumulada com caixas de pizza, garrafas de bebidas,  frascos de remédios anti depressivos e peças de puzzle  espalhadas no chão , loiça e roupa por lavar, tal como a carpete que pede por ajuda

— Pois, parece que aqui não há um homem independente para lavar, arrumar e passar, certo Sir Matthew Blue? – Comentei atirando uma caixa do sofá  para o chão.

—  Angela, vá-la. Ao menos ele está vivo, não é pai–Disse Skylar, feliz por vê-lo.

— Exato, vamos ligar para aquele ótimo restaurante Jamaicano e...

— E nada pai, se voltares para o hospital com o colesterol alto voltas para casa sem uma perna. Faz um esforço pelo menos uma vez e muda, o dinheiro não vai voltar, já não somos os " novos ricos " somos os antigos novos pobres – Respondi num tom de ironia.

— O esforço que fiz foi criar duas mulheres bi raciais negras numa sociedade preconceituosa e racista, esforço foi ultrapassar os comentários de todos sobre a cor de pele das minha filhas sendo eu tão escuro como a noite como eles dizem, esforço foi casar-me com uma mulher branca e ser deixado pela mesma. Isso sim foi esforço.

—Angela, olha para ti, eu criei uma mulher com princípios e força para comentar sobre o seu pai, fugir com a sua irmã e viver longe, mas criei uma Amelia Heart negra, eduquei uma futura campeã da natação que representa esse país que tanto me abrigou,  então sim eu já fiz um esforço Angela Moonlight Kory Blue, faz tu um esforço e perdoa a tua mãe então- Ele respondeu sentando-se na poltrona.

— Nunca Ouviste bem Sir Matthew Blue, nunca mais me chama assim! – Respondi alto. Por momentos em silêncio ignoramos e refletimos nas palavras ditas, soluços e choro da Olívia abafaram e substituíram o momento.

— Tens sempre que estragar tudo Angie?– Skylar saiu da casa furiosa, bateu com a porta com força e deixou a propriedade em silêncio e em olhares de arrependimento no entanto arrumei e limpei a casa,  deixei-a com melhor aparência encontrei itens espalhados da casa que não me parecem ser de meu pai, e de quem mais seria?  Abri as cortinas e deixei a luz  entrar para o castelo escuro do Drácula.

—  Ela apareceu não foi? Qual foi a desculpa desta vez? –  Depois de tanto pensar no tom com que me falou, nas palavras que usou, não foi na ferida de "menina sem mãe " que ele tentou tocar

— Câncer, não sei bem se câncer é uma desculpa Angie, , talvez para ti seja não é? Capitã Angela Blue. – Respondeu com sarcasmo, abriu uma lata de cerveja artesanal e começou a beber, é o melhor que consegue fazer agora.

—Não acredito– Dei a minha opinião, lembrei-me subitamente daquele telefonema que recebi no dia dos meus aniversário anos atrás, era um aviso, um aviso prévio de que ela voltaria para às nossas vidas.

— Eu posso mostrar tudo. Desta vez é verdade. - Virei-me em direção as escadas e a vi, A senhora Moon Kory. No seu pior e mais irreconhecível especto.

— Eu vou-me embora! – Com um sentimento e repulsa e raiva crescente por ter visto o fantasma do meu passado natal e futuro e presente. A mulher bela e morena, com olhos claros e simétricos, pele juvenil e sorriso deslumbrante com dentes alinhados com perfeição e brancos como a neve, gengivas claras e rosadas, maçãs do rosto definidas por natureza e arredondas , essa era a mulher que eu conheci, abatida por dentro e por fora mas com melhor aparecia que hoje.

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