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Feche os olhos e imagine adormecer ao som de um tom de voz delicado , cuidadoso e baixo, um toque com ternura e compaixão , o sol a brilhar por toda a extensão da sua pele,  o vento refrescante que leva consigo as preocupações de uma vida ou do dia.

A devoção colocada em um só sorriso para descrever carinho e nunca negligência, sentar e falar sobre o primeiro dia de escola, andar pelos passeios das ruas de mãos dadas e sorrisos, chupar gelados que por acidente recaem nos dentes ou quando sentimos o cérebro a congelar, imagine aprender a dançar,  passo por passo abraçado com o amor. 

O amor é  uma pessoa.
Imagine um amor tão  inesquecível e inexplicável,  um laço emocional forte e eterno,  imagine a sua mãe, a sua primeira heroína, mais corajosa e forte que qualquer mulher dos desenhos animados, aquela que entraria em um edifício corroída em chamas na espera de poder salvá-lo.

Mãe é uma palavra tão forte que eu nunca pude voltar a pronunciar para o ser a quem me é  dito ser " mãe", a mulher que tanto espaço em branco deixou no interior do meu coração, mente e memórias.

Lembrar-me-ei daquele dia como se fosse tivesse acontecido na tarde do dia presente, o carro dos bombeiros na curva seguido pelo carro dos polícias com as sirenes ligadas ao máximo, a voz  agressiva e instável , apática e rigorosa.  Com as mãos  e unhas gravadas nos meus braços, à abana-los para frente e para trás despertadora com o hálito quente e nauseante a álcool e fumo. Nem terapia me faria esquecer tal dia em que aquela mulher chegou-se a mim para conversar a princípio com a voz calma e cariosa, um sorriso e menos dor, absolutamente mudou com o tempo,  o passar dos anos não lhe fez bem e com certeza as drogas não  fizeram tão pouco.

Roupas novas com tag de preços  penduradas na ponta, calças jeans com uma camisa xadrez verde e preta, um cascol amarelo e no top da cabeça por cima do cabelo loiro esvoaçante longo e espigado,  um chapéu vermelho com uma rosa falsa estreita para o céu,  pele queimada com o sol e muito mais, olhos maltratados e arrastados , destruídos e irreconhecíveis , o canto da boca esticado para o lado, paralisado temporariamente,  dentes amarelos, a pele dos braços flácida que acompanha o seus movimentos. De frente de todo o colégio,  a menina negra a falar com a mulher branca sem abrigo e desespero nos olhos, foi o que  a minha a professora viu de primeira, com muito escondido de terceira e quinta,  a mãe que nunca apareceu em nenhuma reunião dos pais, a mãe que não aparece nos recitais e teatros, é ela.

— Angel? Sou eu, tua mãe! Angela! Angela! Não soltem-me! Soltem-me já disse, eu sei os meus direitos, Angela! Angela! Ela é minha filha, minha filha! —  Ela gritava e esperneava, com os olhos vermelhos e dilatados, como berlindes, os olhos que um dia foram verdes claros e cheios de vida, agora escuros e assustadores.

Dois oficiais seguram-na pelo braço, tentam acalmá-la, nada faz efeito, pelo contrário, tudo fazia efeito. As drogas, faziam efeito, o meu amor não, as sessões de terapia não, o nascimento da Olívia não, o amor do meu pai não, a nossa família e o amor que demos, não faziam efeito. Só , apenas, nada mais e nada menos, drogas, pó mágico , cogumelos, anestesia, o que for, o que seja.

- Olá, chamo-me Wendy, detetive Wendy, qual é o teu nome? – A mulher alta vestida com farda de policia , tem um bloco na mão, olhos cinzentos e cabelo preso,  agachou-se para falar comigo,  o meu olhar estava focado nela,  no fundo,  com algemas nos pulsos, gritos confusos e chateados.

— Angela Moonlight  Kory Blue. - Respondi a questão da polícia.

—Conheces está mulher? – Questionou, olhando para dentro e bem fundo dos meus olhos, procurava pela resposta nos meus olhos, nos olhos errados claramente, estes meus estão cegos de tanta verdade ver.

— Eu quero voltar para à aula Menina Flanders – Disse para a minha professora que olhou para mim e sorriu despedaçada,  com o telefone na mão, ouvi a voz do meu pai e o choro da Olívia, suspirei.

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