34

51 14 7
                                    

Sem saber no que acreditar,  tudo pode ter sido mais que um erro,  pode ter sido uma ilusão,  uma bolha que nunca conseguirei rebentar. 

Saí vagueando pela casa até ao ponto que algo atrai a minha atenção, a cozinha, abro a geleira não nego que pensei nela, não nego que sinto falta do sabor dela e quero tudo dela, por esses sentimentos eu moro a cada dia mais.

Fecho a porta da geleira num estrondo criando instabilidade entra as paredes da mesa, ouvi o barulho de itens a caírem mas pouco me importei, Stressado e com fúria, com as mãos ásperas segurando na bancada inclino-me e penso se vale a pena continuar neste dilema sem fim.

Olhei lá para fora ouvido o som da água, poderia ser chuva, poderia ser a Olívia no entanto o quê quer que seja trará distração a minha mente.

Saí pela porta apreciando as ondas e o corpo que nele está, a prática faz a perfeição, dizem uns, algo naquele ser em particular diz-me que não é quem eu penso ser , algo diz-me que estou errado em meu julgamento.

É como um enigma, um puzzle com dupla e tripla faceta, não importa quantas peças tenha em cada mão, nenhumas das facetas ou lados, ou cantos combina um com o outro, quem sabe quantos lados este lado tem, terá ou teve? Angela.

É a resposta da minhas preocupações, é a vilã do meu pior pesadelo, é a princesa montada no cavalo com pelo negro e reluzente com uma espadas erguida para o céu, ao mesmo tempo tem todas as chaves para a minha caixa de pandora, isso é se não é ela mesma a caixa de pandora.

Ajoelhei-me sobre o joelho esquerdo na beira da piscina, aproximo me com o olhar focado em cada braçada que ela dá, a curiosidade do homem ao conhecer o veneno mortal, a conhecer algo que bem sabe, com o seu perfeito juízo e conhecimento, sabe que nem feliz ou em bem estar sairá do domínio deste ser e mesmo assim insiste e uma vez que está preso culpa a todos à sua volta e raramente a si mesmo.

Uma vez que ela abranda as voltas e a velocidades aproximando-se das arestas da piscina claramente sentindo-se revigorada, queria eu saber como é estar e sentir-me assim já que o stress vive dentro de mim.

Não deixei de notar na sua pele negra brilhando em tordo e dentro da água com o auxílio da luz da lua sobre nós , não deixo de notar e de debater-me se talvez , uma pequena possibilidade, um "Quem sabe" fosse o caso de que estivesse desnuda dentro da piscina com o olhar de satisfação e de paz, afinal está sozinha, umas horas e tantas da noite, isolada só ela e a lua, de certeza algo que eu faria se ainda tivesse vida .

—Ahm... - Perdi o contacto com as palavra — Angela estás.... nua?- Fiz grandes pausas em cada fala, fiz uma questão de pura curiosidade que merece uma resposta.

—Isso depende, define nudeza- Respondeu encurralando-me no jogo de sua autoria, que tem essa mulher para com os meus sentimentos de repulsa e atração?, encontro-me constrangido pela pergunta como hei de definir "nudez" uma palavra tão ampla e poética, tão dupla e tripla, tantas facetas, tantas enigmas, um puzzle.

—Deixa Ahm... Reformular a minha questão, Estás com pouco roupa dentro da piscina?–  Angela sorri discretamente e responde.

—Não Elijah. – E o silêncio reina, o som da ilha faz se presente.

— Estou topless, nada de mais ou devo dizer tudo de menos? — Tem sentido de humor a criatura, a protetora da caixa, a minha pandora.

—Depois de tanto tempo que passamos juntos, eu não sei nada sobre ti, conheci os teus pais, a tua irmã e a casa onde moravas – Fiz uma pausa desviando o olhar para o lugar negativo para a esquerda.

—Mesmo assim eu sinto que de ti apenas o nome eu sei, Eu sei também que estás em trabalho, pra velar pela Kyana e nada mais , mas Eu quero conhecer-te Angela, quero saber quem tu és de verdade.

Ignorou a minha pergunta e pedido decidiu dar outra volta, nada a estilo borboleta com graciosidade sem uma gota de diferença entre tantas outras gotas que tocam e deslizam pelo seu corpo enquanto forma pequenas onda e rompe a corrente da água quando passa , em nenhum segundo revelou o que afirma ter.

— Eu vou dizer-te o quê queres saber, as tuas perguntas hei de responder Rockstar, mas aviso-te já que nada, nada que seja de bom convívio ouvir. – Aproximou -se de mim aos poucos.

—Quantos anos tens? – Certamente não devia perguntar porém sempre debati-me com essa questão.

— Vinte e seis, eu tenho vinte e seis anos. –  Julgava que tivesse muito menos, ou muito mais não sei explicar, um rosto tão jovem.

— Sei que não Devo perguntar, sendo ser um assunto delicado, no dia em que os teus pais contaram a verdade para a Olívia eu notei que te referias a... – Embarquei na busca e caça de palavras.

— Elijah, o quê que estás a tentar dizer? – Ela perguntou.

—Quem é o Aiden? Tu falavas sempre do nome durante a conversa e o teu pai ignorou e a tua mãe parecia não saber quem era, notei que era alguém muito importante e que tu sentes a falta, Desculpa a pergunta mas quem é o Aiden. – Esperei que ela desviasse o olhar ou que escolhesse não responder , fez o contrário.

—Aiden é o primeiro filho de Moon Claire Kory e Matthew Blue, nascido a oito de abril  , Aiden Richard Kory Blue, meu irmão mais velho de dois anos.

Aiden foi o principal motivo pelo qual os meus pais fugiram da América para o Canadá devido toda a história das situações e relações politicas instáveis e raciais, uma vez com a Moon a passar pela, "só Deus sabe" talvez segunda ou quinta recaída, a ascensão das novas drogas as fantasias tomaram conta dela, estávamos em casa sozinhos devíamos estar a dormir mas ficamos até tarde a ver um filme, arrependo me de ter insistido para assistir o filme, Moon chegou a casa sob efeito de uma droga alucinante, gritou connosco, abraçou-nos e momentos depois estava Aiden deitado no chão com os olhos abertos, respiração ofegante e mãos frias, Moon estava num canto encolhida gritando palavras ao vento, conversando com ela própria e os seus medos.

Eu estava com o meu irmão nos braços, aflita e confusa, foi rápido, foi num ápice que ela pegou a grande faca e matou-o a frente de mim, por minha culpa, por cauda do filme do.

Uma hora ou mil horas depois o meu pai chegou não perguntou não disse nada, derramou uma lágrima pelo Aiden enquanto segurava a mão dele gelada como um iceberg, beijou a minha testa com ternura e por longo tempo, ergue-se para ajudar a mulher que tanto ama a mesma que o seu filho matou por alucinações, deito-a na cama e quando ela acordou completamente sem memória ouvia-a a dizer o quanto amava o meu pai e ele repetiu as palavras para ela. Saiu do quarto pegou no corpo do Aiden e aquela foi a última vez que eu vi o meu irmão, quando ele chegou a casa coberto de areia em puro silêncio recolheu e queimou todas a imagens que tínhamos, estava determinado em apagar a memória do Aiden já que ele não existia na memória da Moon. Eu de cinco anos ao frio, na noite escura vi-o a chorar amargamente enquanto atirava uma por uma, imagens, desenhos, cartas, documentos.

Tudo ninguém haveria de procurá-lo, filho de imigrantes ilegais , Mestiço, quem ia chorar por ele se não eu? Por isso eu fiz uma promessa, eu ia cumprir todos os sonhos e planos que alguma vez falamos, ele queria ser como o Rambo, destemido, corajoso, um James Bond.

—Tu entraste no exército por - Interrompeu-me – Porque era o Sonho do Aiden, eu ganhei e lutei, dei a minha alma e vida para vestir a farda que o meu queria e assim o fiz. Não precisas de sentir-te mal, a Moon não sabe, tão pouco a Olívia, esse segredo é a pedra que o Matthew Blue terá que carregar até ao seu último dia como preço do amor que ele sentia.

Anestesiado pela história e pela forma como Angela a contou, desviei-me do contexto ainda querendo saber mais sobre ela.

—Já estiveste em alguma relação? - Recebi um uma representação de um ponto de exclamação junto com um ponto de interrogação ao olhar para a cara dela. – O quê?

— Um namorado, no Canadá ou na América- Disse por fim - Eu tive foi o meu melhor amigo, Cody.

— Com todo o respeito, qual foi o desfecho da história?

— América , Canadá, Europa ou Austrália o racismo de igual , Foi assassinado pela polícia. Não há nenhum segredo, se alguma vez amei um homem de certeza amei, os homens que prometeram dar as suas vidas para salvar de todos decidiram ceifar vidas para salvar vidas, ceifar digo, matar sem razão propósito ou ambição, pelo sim pelo não, por ser negro ou não, Que diferença faz?

—Diz-me Sr. Rockstar qual é o desfecho desta conversa? Que mais perguntas tens para mim?

Como pode manter-se sã e segura como uma árvore com mil e umas raízes profundas e fortes, que seja uma folhas sem pés que com o vento vai ou fica? que estremece e voe, mas está estável, segura um sinónimo ou outro jogo de palavras não representará a árvore. Ela tem o direito de chorar e gritar com todos, de buscar formas de sarar, falo como se tivesse feito alguma vez, estou roto, rasgado, rompido e queimado dentro e fora e mesmo assim não noto a referência nesta história, de tudo que ela passou a ironia desta vida trazê-la para mim.

_Elijah, já vi que estiveste fora de órbita, passas-me a toalha? Por favor – Acenei com a cabeça erguendo-me para alcançar a toalha com que cobriria o corpo Semi desnudo.

Dei passos para mais próximo das espreguiçadeiras sem conseguir encontrar a bendita toalha, olho para o chão o espaço entre as cadeiras e não encontro a mesma então viro-me para dizer e não vejo nada ou ninguém, nem dentro da piscina tanto como fora só pegadas em direção a casa. Fui enganado.


O amanhecer é o mais difícil, uma vez um cantor, para sempre um cantor será, uma vez uma bailarina, bailarina para sempre, uma vez um viciado um viciado para sempre? Mesmo que parece impossível encontrar o gosto de prazer com o nome de diabo escrito em negrito neste belo paraíso, arquipélago ou ilha, o mundo está cheio de iguais a mim, irmãos ou almas de vício seja como for , ligados por suas razões e mil ambições.


"Vou viver um dia de cada vez, como um alcoólatra, um dia isso desaparece e eu começo a viver de novo, estou com muita fé que as coisas vão mudar, que eu vou mudar."


Disse Caio Fernando Abreu, quotes que aprendi antes de fugir de cada sessão ou clínica de reabilitação para onde fosse, ele sabia o quê dizia, ela sabia das recaídas e caídas e a questão é : Em que dia séria o dia que saberemos sobre o dia? .

"Eu poderia ser um alcoólatra, mas devido o consumo maciço de álcool sou apenas um alcoolista."

"Como a bebida para o alcoólatra; a droga para o viciado; o perfume para a flor; a voz para o cantor; o sangue para as veias; a fé para o desesperado.
Essencial.

Vital. " Isabela Proença, se pudesse explicar em palavras que não fossem destorcidas e tortas, explicar o quão bom foi voltar e encontrar, voltar a tomar, consumir, beber, tocar ou fumar, se pudesse eu faria. O sol nascerá em termos de horas, em poucas horas a realidade tomará controlo e com uma marreta de cem kilos vai partir tudo de bom que criei pela noite.

Antes que a vila desperte, o galo cantasse, os pescadores partissem para o alto mar, volto para casa, casa alugada para férias, férias que acabaram por ser uma pilha de stress a beira do penhasco, escolhi claramente ficar por mais dias para dar a Kyana a oportunidade de conhecer a família da Maya escolhi com a mínima noção de quanta pesaria, de que tipo de carga emocional seria. Cheguei a casa procurei dentro dos bolsos pela chave de casa e nem um botão perdido encontrei, tão pouco a carteira com dinheiro roto com que paguei as sete rondas para estranhos ontem.

— Génio! – Fechei o punho completamente descoberto e tentei partir o vidro da porta e o mesmo não cedeu, então bato a porta com a urgência de entrar e descansar, noites turbulentas e stressantes não voltaria a reinar uma vez que o "Essencial" voltou para mim.

Por longos minutos a insistir e ninguém despertou do seu sono curiosamente para abrir a porta, o sol estava longe de nascer todavia o dia já começou e não tarda terminara e eu não quero ficar de fora para presenciar.

O Nascimento De Uma Super Nova Onde histórias criam vida. Descubra agora