Capítulo VIII

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Marco recebera uma chamada pelo telemóvel temporário que estava a usar, para se deslocar à cidade, pois havia novas informações sobre o caso que possuía em mãos e sobre as quais tinha de se pôr ao corrente.

Os últimos dias, embora cansativos pela rotina e pelas noites mal dormidas, não se revestiram, porém, de qualquer tipo de violência, como muitas vezes lhe acontecia experimentar.

Antes de ir à empresa passou por casa, colocou a roupa a lavar na máquina e, enquanto isso, tomou um longo banho de imersão, espreitou os seus queridos bonsais Goku mantinha-os sempre felizes e viçosos. Saiu um par de horas depois, visando dirigir-se à zona industrial onde se situava a sede do seu trabalho. Decidiu, porém, antes disso, visitar o velho amigo e vizinho para ver se este necessitava de algum apoio.

− Marco! Como vai?

− Um pouco cansado, mas estou de perfeita saúde, meu amigo. A propósito, a floresta em miniatura da minha marquise está excelente! Obrigado!

− Não tem de me agradecer. Já sabe, para mim, tratar delas é um prazer.

− Queria avisá-lo de que a Lurdes já não vive comigo. Como vou estar algum tempo fora, vou entregar-lhe uma chave da porta interior. É mais um favor que me faz ao dar uma vista de olhos de vez em quando.... Pode ser? Parto de novo amanhã cedo.

− Esteja sossegado. Irei lá todos os dias.

− E consigo? Parece-me estar bem.

− Estou muito bem. Desde que fique sossegado, sem grandes confusões no exterior... – riu-se bem-disposto e continuou −... a minha vida corre leve.

− Eu sei meu amigo. Deixe as suas confusões comigo... − deu uma palmada carinhosa no ombro do idoso. – Agora tenho de ir. Quer que passe pelo supermercado ou outro sítio para comprar alguma coisa?

− Por acaso tenho aqui uma listinha.... Eu podia pedir à nossa vizinha da frente, a Esmeralda, porque está sempre a oferecer-se, mas já sabe como a nossa vizinha é.... Quer ficar sempre a par de tudo para ter tema de conversa com as outras pessoas...

Ambos trocaram gargalhadas.

− Ui! Eu sei. Temos de estar sempre atentos com esta senhora. Use a oferta dela quando eu não estiver por cá. Eu venho trazer-lhe as compras logo à noite.

− Bem-haja, meu amigo! Bem-haja!

− "Agir" bem, não posso prometer...− gracejou Marco, rindo pelo seu trocadilho.

Izô agarrou no gracejo e continuou a brincadeira.

− É tudo relativo. O agir bem e o agir mal são catalogados mediante a interpretação que damos..., contudo, bem-haja, ou existir bem, é o que sempre lhe desejo.

− Bem-haja para si, também! – retribuiu o amigo acenando e saindo.

Cerca de meia hora depois, já no escritório, Marco foi avisado dos novos desenvolvimentos que tiveram lugar enquanto esteve ausente da sede e com os quais lhe foi passada a clara mensagem de que teria de se movimentar com o máximo de cuidado, para não ser descoberto. O alvo era extremamente metódico, experiente e perigoso. Recebeu uma caixa com minúsculos acessórios de vigilância, que foi instado a usar. Necessitavam de avançar mais rápido, para obter mais informações.

A algumas dezenas de quilómetros dali, Ana espreguiçava-se no sofá, onde tinha adormecido nos braços de Paulo depois de uma boa dose de doces afagos. Nunca se tinha sentido tão segura, amada e realizada com alguém, antes de namorar com Rubelo. Com o seu querido cada momento fluía perfeito.

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