beco diagonal e esbarrões temperamentais

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Estava gelado, era a única conclusão que Scorpius Malfoy conseguia capturar sobre a tensão palpável da sala, não que estivesse um clima estranho lá - entre sua família -, na verdade, até poucos minutos atrás tudo estava perfeitamente bem, mas como nada que é bom dura por muito, não demorou para que mais uma vez, o platinado de 11 anos olhasse para sua vó, que em uma feição fechada observava Draco Malfoy.

Narcisa Malfoy - nascida Black - era alguém dotada de todos os traços para ser linda, mas a ausência de sorrisos em seu rosto, a faz parecer alguém mais severa do que ela realmente é, e no momento sua expressão séria se dirige ao filho, que mesmo com o passar de anos continua uma pessoa teimosa - porém não tão arrogante como costumava ser -, sua essência fria e petulante havia sido preservada pelo tempo.

– Eu não sou uma entusiasta dessa ideia, vocês deveriam reservar um dia menos movimentado, aquele lugar deve estar um pandemônio cheio de abutres do Profeta Diário! – a de fios envelhecidos falava em voz moderada, não esquecendo a elegância característica.

– Scorpius é uma criança como qualquer outra, e eu não acho que leva-lo ao beco diagonal em um dia sem todas as outras atrações é justo. – era perceptível o quanto o loiro se sentia chateado com tantas controvérsias citadas pela mãe, mas era improvável que isso o fizesse desistir.

Scorpius, que antes estava escondido atrás de uma das paredes que davam acesso às escadarias da Mansão Malfoy, se permitiu tomar alguma atitude que desse fim naquela discussão insignificante, e com a determinação de fazer exatamente isso ele deu alguns passos, até que ficasse completamente visível ao topo da escada, fazendo assim seu pai e sua vó desviarem seus olhares a ele. Scorpius não tinha dúvidas, mesmo lendo várias barbaridades sobre sua família em jornais como o profeta diário, sua família era tudo que ele precisava, e claramente o essencial para que seu desenvolvimento fosse aceitável e, ao contrário do que muitos pensam, Draco é um bom pai. Talvez não tão carinhoso como todos os outros, mas em nenhum momento de sua vida, o menor chegou a pensar que seu pai não lhe amava, sua vó também não se fazia diferença com a descrição emocional dos dois.

Certo que a dinâmica de amor da família Malfoy era diferente de outras, mas ainda que entre lições e tradições, o carinho distorcido de seu pai ex-comensal o atingia, e não havia muito do que se reclamar, afinal tinha o que era necessário em mãos.

– Scorpius, já está pronto? – por mais que Draco não estivesse sorrindo era perceptível seu apreço pelo filho, olhando para esse que agora descia as escadas um pouco rápido demais, com um sorriso estampado no rosto infantil.

– Eu vou ter que comprar outro exemplar de Animais Fantásticos, o meu está todo rabiscado e a lista diz que eu vou precisar para o ano letivo. – Scorpius sorri culpado para a avó, que apenas o olha com um certo humor, uma das sobrancelhas loiras arqueadas.

– Eu nunca vou entender essa sua afeição anormal a bichos, Hyperion. – Narcisa era a única pessoa que chamava Scorpius pelo segundo nome e, saindo pela boca de sua avó, o loirinho achava surpreendentemente reconfortante.

– Não são bichos, vó. São criaturas fascinantes, é incrível, já parou para pensar o quanto elas são importantes para várias coisas do mundo mágico? – o brilho no olhar de Scorpius se fazia presente, ele sabia que sua vó não ia nunca entender o motivo pelo qual ele sempre amou os animais.

A mais velha entre os três apenas sorriu, caminhando em passos lentos até o neto e o envolvendo em um meio abraço. Não comprou outra conversa com o neto, sabendo quanto tempo aquilo poderia levar e apenas deixou um beijo delicado entre os cabelos de um loiro quase branco.

Scorpius Hyperion Malfoy, apesar se amar animais e ser muito compreensivo com as más facetas que a vida podia lhe apresentar, era também muito determinado em suas metas e protegia com lealdade as pessoas, coisas e princípios que amava. Com a elegância de um Malfoy, ele também podia ser devastadoramente perspicaz.

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