I spared you

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Desde que deitei nessa cama, não consigo tirar o que o homem disse pra mim da cabeça.

Não senti um tom de mentira, mas senti medo em cada palavra.

Como se isso não bastasse, estou com uma grande insônia, nem um chá horrível de camomila que eu fiz resolveu.

Meu pé balança conforme o som do relógio, sem muita paciência me levanto rápido, colocando só um casaco e resolvo sentar um pouco na mesinha que há do lado de fora.

Daqui a umas horas amanhece e com isso eu me sinto mais tranquila.

Abro a porta e o frio da madrugada me alcança, o som das folhas lembra filme de terror. Olho pro céu e vejo a grande lua, lua cheia com toda certeza.

Me arrepio instantaneamente, e sem me importar com isso me sento, observando a noite, aproveitando o silêncio.

Três dias atrás eu estava surtando, pensando em jogar minha picape na contra mão, pensando em desistir de encontrar esse lugar, ou algo do tipo.

E hoje eu estou aqui, com algo que posso chamar de lar, digo isso olhando pro trailer, e começando a colocar tudo nos eixos.

Mudo meus pensamentos para Connor, eu juro que não consigo entender o porquê de todos terem tanto medo ou tanto desgosto dele, um cara que sempre foi tão educado comigo.

Eu quero compreender, quero saber!

Me arrepio com o vento, e olho novamente pro céu, eu sempre amei o céu.

A lua explêndida brilha pra mim, grande como nunca. Outro arrepio passa pela minha espinha.

E então um barulho...

Não um barulho perto de mim, mas um barulho longe, bem longe.

Ouço de uma forma tão perfeita que me assusto.

É um barulho de dor, agonia. E está vindo do outro lado da floresta, talvez o Norte?

Sem pensar muito me levanto, coloco um tênis e vou na direção do som.

Porque estou ouvindo tão bem, a lua reflete em meus pensamentos mas ignoro voltando a seguir o som.

- Vai me dizer ou não? O que você disse pra garota?!- Vejo Connor de frente pro homem que me parou no bar.

-Eu só disse pra ela sair da cidade.- pude sentir o medo daqui.

-E porque disse isso?- pergunta Connor sorrindo.

Em um movimento rápido e muito silêncioso me escondo atrás de uma árvore.

- Só... Só...-

-Exatamente, não há motivos pra fazer a garota querer ir embora!- se altera e avança sobre o homem, mas não encostou nele.- Você tem algo sobre ela pra me contar?-

-Não Connor!-

Vejo Connor se aproximando e pegando o moço pelos colarinhos:

-Mais que porra, você não vai falar?! Eu descubro! Eu posso fazer o que quiser, lembra?- e da um soco.

- Por favor Connor, eu não sei de nada.-

-Tudo bem.- diz soltando dele.

Respiro fundo no mesmo momento:

-Mas...- a não. - Eu preciso garantir que você não conte pra ninguém, ou pra ela, sobre mim.-

-Não vou Connor.-

-Infelizmente eu não acredito mais em promessas. -

A primeira coisa que eu penso é em pegar um pedaço de tronco, e é isso o que eu faço:

-Corra Reymond, porque é lua cheia, e vamos caçar.-

O tal de Reymond corre exatamente pro lado em que eu estou, seguido por dois outros caras que estavam com Connor.

Deixo o primeiro passar acertando os outros dois com o tronco, não sei se vejo direito mais os olhos deles estavam, diferentes?

Connor olha exatamente pra mim e diz:

-Vão atrás dele, deixem ela comigo.- e então eu corro.

Corro até meu coração e minhas pernas falharem:

-Cansou Aura?- sua voz me assusta como nunca antes.

-Porque você fez aquilo com ele?- uma lágrima cai dos meus olhos.

Connor se aproxima calmo, sorrateiro. Tudo como antes, mas seus olhos... Num tom forte de amarelo.

Os olhos dele são cor de mel esverdeados.

-Como você achou a gente, não acha meio tarde pra ficar andando na floresta?-

- Eu ouvi vocês.-

Sua gargalhada é sarcástica:

-Impossível, a não ser que...- logo se aproxima de mim, bloqueando meu corpo entre o dele e uma árvore.

- o que?-

Connor me analisa:

-Nada.-

-O quê você é?- pergunto.

Nunca fui tão medrosa, então não me surpreendo com minha reação agora:

-Vai pra casa Aura, e esquece o que aconteceu hoje.-

- mas o que?-

-Vá logo, antes que eu mude de idéia.-

Se afasta calmo demais, e então eu me pergunto, porque ele poupou minha vida?

Wolves - Jason Momoa (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora