what you are?

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Eu não relaxei, meu corpo funcionou no automático durante todo o caminho de volta pro trailer, e desconfio que só tenha conseguido respirar de verdade assim que atravesseo a porta de metal e virei o trinco.

A pergunta que não quer calar não sai da minha cabeça.

Da mesma forma que o jeito em que ele me prensou na árvore, ou o jeito curioso em que ele me analisou, até mesmo o jeito em que ele saiu calmamente do meu campo de visão não sai da minha cabeça.

Quem é Connor?

Cada vez que eu tento fechar os olhos pra dormir vejo seu rosto, vejo seus olhos, o tom de mel esverdeado se torna em um amarelo instigante.

Droga.

Não preguei os olhos durante todo o resto de noite, qualquer barulho de galho lá fora, qualquer ventinho eu aumentava a guarda.

"E se ele desistiu de me deixar viva e veio terminar o trabalho?" Foi o que eu pensei cada vez.

Mas há outra coisa que não sai da minha cabeça:

Porque diabos eu consegui ouvir tão bem?

O que há de errado comigo?

Pra isso eu procuro respostas depois, hoje eu queria, e preciso, saber o que o Connor é.

Levanto da cama com esse objetivo, ninguém me impede.

Rapidamente tomo um banho, e tomo um café bem forte, hoje é segunda feira, vulgo minha folga.

Como assim? Ontem foi minha experiência, Lucinda é certa com tudo o que diz.

Nada mal.

Lucinda... Ela pode ser a primeira pessoa em que eu posso questionar, eu poderia procurar o tal Reymond, mas acho que ele não está mais vivo.

Saio do trailer bem atenta há tudo na minha volta, sem um piso em falso.

Sigo até a direção do bar com minha picape, o portão que dá acesso ao andar de cima não está trancado, então entro e bato na porta:

-Aura, tudo bem? Entra.- diz simpática mas com cara de sono.

-Eu te acordei? Desculpa, eu volto em outra hora.-

-Não acordou, e se veio pode ser importante.-

Respiro fundo e olho em sua direção, que indica pra mim sentar no sofá junto a ela:

-Eu preciso te perguntar algo, e quero que seja sincera comigo.-

- claro, sincera, cristalina.- sorri.

-O quê o Connor é?- a postura e feição de Luci muda na hora.

-Não sei do que você está falando Aura.-

-Sabe sim, sabe muito bem, desde que apareci nesse lugar, todos falam pra eu me manter distante, mas não dizem o porque.-

-Porque ele é perigoso, só isso.-

Levanta desviando o olhar do meu:

-E porque os olhos dele estavam amarelos ontem a noite?- digo baixo.

-O quê? Você viu ele ontem a noite?-

-Luci por favor responda a minha pergunta.-

-Olha eu não sei se estou no direito de contar nada. Me desculpe Aura.-

Concordo me levantando, não adianta insistir, em pouco tempo já entendi a personalidade de Lucinda, mesmo assim digo:

-Você sabe que eu vou descobrir uma hora, não sabe?- a mesma concorda com a cabeça e eu continuo- até amanhã.-

Saio de sua casa e nem um segundo se passa quando a porta bate atrás de mim.

Desço as escadas e paro pra respirar apoiada na picape, olho pro lado e no único posto de gasolina vejo um dos amigos de Connor, rapidamente um flashback de ontem me alcança.

Ele está olhando fixamente para mim, mas logo começa a andar em outra direção.

Hayley será minha próxima vítima de perguntas! E espero que, dessa vez, ela esteja realmente bêbada. Talvez seja mais fácil pra abrir o bico.

Dirijo pela pequena cidade, e só encontro a garota loira num carro, parado no acostamento, e pelo cheiro, com toda certeza ela está bêbada:

-Hayley, posso falar com você?- pergunto.

A mesma me olha, abaixa o vidro e sorri:

-Oiiii, Auraaa. Claro, você entra ou eu saio?-

-Acho melhor você sair.-

Hayley sai do carro cambaleando e eu ajudo a mesma, e sento junto com ela na calçada:

-Diga Principessssa.- diz

-Eu queria que você me contasse melhor sobre o Connor.-

-Ah o Connor, ele é um pedaço de mal caminho né, todo grande, gostoso...-

Rio do seu comentário, não mentiu:

-Me conta.-

-Ah amiga, não tem muuuuito o que contar, é tudo dele.-

-Porque é tudo dele?-

- Porque sim.-

-Vamos lá Hayley, colabora comigo, o que ele é?-

-um gato, miau miau, ou um lobo, au au.-

Reviro os olhos, foi totalmente perda de tempo vir aqui:

-Obrigada pela ajuda Hayley, volta pro carro e toma cuidado.-

A mesma sorri me abraçando, então volta pro seu carro. Não fico preocupada em ela dirigir nesse estado porque vejo algo no pneu, com certeza pra impedir que ela diriga.

O caminho de volta pro trailer é rápido e frustrante, a única coisa em que eu planejei pra hoje, não deu nada certo.

Nem uma resposta importante, e eu não conheço mais ninguém pra perguntar.

Me assusto quando alguém bate na porta do meu trailer. Espero que seja a Luci mudando de idéia e querendo abrir o jogo:

-C-Connor?- largo a porta e vou pra trás até esbarrar na pequena pia.

-Olá Aura.- diz e entra no trailer, teve abaixar bem a cabeça pra passar pela porta, e o cômodo se torna bem incômodo, apertado.

-O quê tá fazendo aqui?- pergunto quando o vejo se sentar na MINHA cama.

- Você não perguntou pra todos o que eu sou? Estou aqui pra te dizer.-

Wolves - Jason Momoa (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora