XLVII

1.2K 106 11
                                    

Gabriela olhou nos olhos de Caleb e não conseguiu enxergar nada com clareza, ela buscava respostas mas talvez a emoção a tivesse deixado cega.

- Caleb, eu não quero mais, nós dois não teremos nenhum tipo de contato físico ou envolvimento além do nosso filho. - Ela se levantou tentando parecer sincera em suas palavras

- tem certeza disto? - ele passou as mãos sobre os cabelos

O contato com ela o queimava a pele de uma forma que nem mesmo ele sabia explicar.

- absoluta, não insista por favor. -  tinha que se mostrar forte

Ela permaneceu firme, sua voz ecoava fria pelo espaço e algo em seu olhar mostrava que ela não  estava blefando.

- bom, sendo assim me resta dizer que  preciso de  seu  número pessoal. A partir de agora  nos manteremos em contato, quero ser informado sobre tudo relacionado ao bebê. - ele disse estendendo o celular para ela

- Sim, este  será nosso único assunto Caleb o bebê. - ela apanhou o aparelho para registrar o número

- Gabriela, já pensou em algum nome para  ele?

- Pensei em alguns mas ainda não consegui decidir por nenhum

- É uma tradição árabe o pai escolher o nome do primeiro filho, sendo assim eu vou avaliar algum que eu tenha simpatia.

- o que?  Eu não abro mão de escolher o nome do meu filho  Caleb, assim como não abrirei de várias outras coisas. Para o inferno você e suas tradições árabes! - ela disse irritada

- O que você  precisa aceitar é que agora que sei sobre o bebê, não  a deixarei mais se sentir a única  responsável por  ele, ele é tão  meu quanto seu! - Caleb cuspiu as palavras frias contra a face dela

- até  poucas horas atrás você se quer queria ser pai! Você  nem sabia da existência do meu filho, e agora se acha no direito de tomar a frente das decisões? Chega a ser patético!

- Gabriela, eu não sabia deste filho porque você preferiu esconder a existência dele. Mas agora eu sei,  você conhece apenas a minha versão boa, nunca te mostrei o quão perverso  eu  posso ser e não quero ser obrigado  a te mostrar isto. - ele a olhou no fundo dos olhos

- Está  me ameaçando? - ela gargalhou

- não, estou a alertando sobre como as coisas podem ser fáceis ou difíceis e isto só depende de você. - ele colou o corpo ao dela

- Caso eu não aceite que você escolha  o nome do meu filho, qual será minha punição? - ela brincou com os fios da barba dele

- Eu poderia te jogar dentro de um avião, e a manter prisioneira em cativeiro monitorado até o nascimento do bebê. - ela arranhou as costas dele com as unhas o fazendo gaguejar-
Você vai entrar em trabalho de parto e logo alguém vai me ligar, eu vou ir rápido para assistir o parto, vou ouvir o choro dele ecoando pelo ambiente preparado especialmente para o receber, então vou pegar ele no colo, e apreciar a face do meu filho, um  verdadeiro  herdeiro para meu sobrenome. E ficaria com ele... - ele se emocionou

- um bom tempo em seu colo, observando a cor dos pequenos olhinhos te admirando, iria se perguntar como pode passar tanto tempo sem ter sentido aquela sensação. Talvez os dedinhos frágeis apertassem sua mão e você pudesse sentir de uma única vez todo o amor que ficou guardado em seu peito e você se quer sabia que existia um amor tão puro, tão forte e tão grande. Você iria sorrir por um bom tempo ao pensar que aquela vida surgiu da sua vida, e que a partir daquele momento seu coração pulsava junto com o do ser em teu colo.

Caleb se sentiu culpado por todo o ódio que sentiu no passado ao pensar em filhos, ele fechou os olhos e pode imaginar com perfeição o nascimento de seu primogênito e o quanto isto o deixaria feliz.
Gabriela o abraçou e deixou que ele derramasse suas lágrimas em seus ombros.

- Sim, e após tudo isto eu não  o entregaria a você ... - ele enxugou as lágrimas

- Você pode por medo em centenas de homens por ai Caleb, mas a mim você não amedontra. Que mal você seria capaz de fazer a uma mulher? Principalmente se esta mulher estiver grávida de um filho teu? Eu sei que que você jamais me faria mal, assim como eu sei que não tiraria meu filho de mim - ela disse o interrompendo e acariciando a bela face masculina

- porque tem tanta certeza?

- Eu sinto Caleb, eu não  tenho medo de você, pelo contrário no pior momento da minha vida a única certeza que eu tive foi que eu devia confiar em você, e eu confiei de corpo e alma como nunca havia confiado em alguém antes.

Ela admirou o homem a sua frente, respirou fundo e sentiu aquele cheiro que a embriagava.
Ela o queria para uma vida, se sentia protegida e segura apenas por o ter ali. Era amor, um amor diferente de tudo que ela já havia sentido e ao mesmo tempo também mais forte que qualquer outro sentimento  que já havia habitado em seu ser. 

- Se realmente sente isto, porque escondeu meu filho de mim ?

- você sempre deixou claro que não queria ser pai, eu sei o quanto isto te machucava, tive medo de...

- por favor não  diz mais nada. - ele a abraçou tão forte que a deixou sem ar

Gabriela acariciou os cabelos de Caleb e sentiu o bebê chutar fortemente

- ele se mexeu! - Caleb exclamou

- sim, e não foi nem um pouco delicado quer o sentir ? - ela posicionou a mão  masculina sobre a barriga

Ele sorriu e a beijou, um beijo carinhoso carregado de gratidão

- Podemos escolher juntos - Ela disse ao terminar aquele beijo doce

- escolher o que?- ele estava confuso

- o nome dele Caleb, vamos fazer isto juntos ? - Gabriela segurou a mão dele sobre a barriga

- acho que você nasceu para quebrar minhas regras - ele afirmou direcionando o olhar para os lábios molhados de seu beijo

- isto o preocupa ou o conforta?

- porque iria confortar?

- talvez porque eu seja a resposta de todas as perguntas que você se fez uma vida toda, e agora não irá mais ser necessário faze-las ?

- Quais seriam estas perguntas?

- Porque fui traido? Porque a mulher que amei não me correspondeu ? Porque tanta coisa ruim? Porque minha vida não deu certo? Será que eu ainda sou capaz de amar?

- Gabriela...

- Shiii não diz nada!  Eu quero que você fique comigo até o bebê nascer, é o prazo que preciso para te mostrar que eu sou a sua resposta - ela o olhou nos olhos

MontenegroOnde histórias criam vida. Descubra agora