22 - Cynthia.

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Tirei toda a minha maquiagem e terminei de guardar minhas coisas, ainda querendo entender o que acabou de acontecer.

Saio do camarim, vendo a boate agora, pouco movimentada, já passa das 4h da manhã, olhei para mesa em que o Wendel estava e lá estava o Alex, sentado, meio distraído olhando pro nada.

A Suany conversava animada com os meninos e nem me viu passar, quando eu ia empurrar a porta para sair, uma mão me impediu. 

— Vai embora comigo? — escutei a voz do Alex perguntar atrás de mim, olhei ele de relance e neguei com a cabeça

— Bora logo! — falei segurando o riso, quando íamos sair, um cara bem mais velho com mais uns outros caras entravam, bateram de frente com a gente, eles me encararam, de cima a baixo e um deles sorriu

— Ora não acredito que perdi o show dessa gostosa hoje — um deles falou, me olhando como se fosse me engolir — Você não imagina o que eu faria com você gatinha — olhando diretamente pra mim

— Ela é um tesão de mulher, em cima do palco só consigo imaginar ela dançando exclusivamente em cima do meu garotão — ele riram e a mão do Alex  foi automaticamente para minha cintura, chamando mais ainda à atenção dos babacas

— A putinha tem namorado? — escutei um deles falar enquanto o Alex me afastava de lá

Ele me empurrava, delicadamente para fora da boate, eu ainda em choque, meio sem reação, nesses anos todos, foi a primeira vez que passei por essa situação.

Ele abriu a porta do carro rápido e eu entrei, minhas mãos estavam meio soadas de nervoso e eu não conseguia pensar muito.

É muito triste, que em pleno 2020 ainda se existir assédio, ter que passar por tamanho desrespeito, sua roupa, seu caráter, seu trabalho, NADA DISSO é motivos para que você seja assediada, homens precisam, devem, É OBRIGAÇÃO deles nos respeitar e pararem de arrumar justificativas  para seus atos.

— Tá bem? — Ele perguntou me olhando, levando a mão até meu rosto — Cynthia — meus olhos arderam e as lágrimas começaram a descer

— Desculpa.— falei passando a mão no rosto — Nunca passei por essas situações assim, tão diretamente — suspirei, ele fez um carinho no meu rosto e ficou sério

— Já volto! — falou abrindo a porta do carro e saindo

Sabe aquele sentimento, de vai atrás? Então, eu senti uma coisa apertar no meu peito e tirei a chave do carro, sai ativando o alarme e voltei para a boate, onde o Alex tinha acabado de entrar novamente.

Foi segundos, tudo pareceu em câmera lenta, entrei no momento exato em que Alex deu um soco na ponta do nariz de um dos assediadores, uma gritaria começou, eu não conseguia me mover.

— O que houve? Por que essa briga toda, meu Deus? — Suany perguntou correndo na minha direção

— E-eles eles me assediaram quando eu estava saindo, o o Alex t-tava c-comigo e — eu não consegui terminar de falar vendo Ananda sair de seu escritório, os seguranças seguravam o Alex

— Que porra é essa? — Ela falou estressada para ele, corri até lá

— É tudo culpa minha Ananda, esse caras..— Alex me interrompeu e a Suany me abraçou de lado

— Que política é essa que você prega aqui? Esses caras tratam as minas como se elas fossem objetos — Ele falou bufando, nos braços dos seguranças e do Wendel — Esse babaca aí, falou um monte de nojeira para Cynthia, tá achando que isso é bagunça — Ananda me encarou, séria

— Se retire! Isso aqui não é Ufc e dos meus clientes cuido eu — ela falou para o Alex — Mais tarde nós conversamos, Cynthia! — falou passando por mim

Todo o meu corpo tremia, eu respirei fundo e deixei um beijo na bochecha da Suany, indo em direção à saída, onde o Alex tinha sido levado, o Wendel tentava falar alguma coisa com ele, mas parou logo assim que eu cheguei.

— Podemos? — Alex perguntou pra mim, só concordei com a cabeça e entrei no carro.

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