43 - Cynthia.

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— Cheguei, família — gritei abrindo a porta e puxando o Alex pela mão

— Terraço — alguém falou lá em cima

Subimos a escada e eu já sentia o cheirinho de churrasco, cerveja e Menos e Mais no último volume.

— Oi filha — minha mãe falou vindo na nossa direção — Oi meu genrinho — falou pro Alex, gargalhei alto

— Cadê meu pai? — perguntei para ela

— Foi no mercado — falou, puxei o Alex pela mão em direção ao Caique e a Suany, e mais um menino amigo dele

— E aí — falei rindo, já me preparando pro show do Caique — Esse é o Alex — me virei pro Caique que tava todo sério

— Hum, qual foi parceiro? — apertou a mão do Alex — Tu vem de onde? — perguntou

— Coe, Leblon! — Alex falou todo sério também, gargalhei, homem é um bicho estranho

— ihhhhh, playboy — Caique riu — Porra, Cynthia, logo playboy? Tu tá de sacanagem com a minha cara mermo — negou com a cabeça

— Você é ridículo! Para — falei rindo abraçando o Alex pela cintura — Ele tá tentando te intimidar — disse no ouvido dele

Quem diria, Alex e Caique já estavam unha e carne, trocando maior papo e meu pai juntinho, o amigo do Caique também olhando abessa para minha cara.

Vez ou outra o Alex tava com o olhar em mim, mas super tranquilo, parecia que eles se conheciam anos, fiquei até impressionada. 

— E a faculdade filha? Como está indo? — meu pai perguntou sentando do meu lado

— Tranquilo, coroa! Falta pouco mas tá acabando — falei rindo

O que mais preocupa meu pai é o meu futuro, ele não esquenta a cabeça com nada, mas quando o assunto é faculdade, ele é super sério.

— Você tá grávida? — perguntou, me engasguei e ri ao mesmo tempo, que?

— Que? Eu não, pai, da onde o senhor tirou isso? — perguntei tossindo, ele deu tapinhas nas minhas costas

— Não sei, você tá mudada — balançou os ombros

— Tô feliz, é diferente — concordei

— Tá mesmo, eu gosto de você assim — beijou minha testa

Virei a cerveja do meu copo e encostei na cadeira, a tarde ja chegando, o falatório nas ruas, criançada brincando, o meu lugar.

Será que Alex já se imaginou aqui? Bebendo, rindo e comendo com a minha família, imagina o que minha sogrinha diria se descobrisse que o filho dela está comigo, na minha favela, sendo FELIZ.

— Bora pro baile hoje, arrasta o playbozin — Suany falou rindo

— Bora mesmo? — perguntei animada

— Tá doida mona, vou é trabalhar que eu não sou a melhor stripper do Rio não — gargalhei

— Vai pra merda então! — revirei os olhos

Começou a tocar belo, minha mãe é evangélica mas ama um pagodinho, no último volume, agarrei bem meu bofe e fiquei dançando coladinha.

Uma sensação estranha me tomou de novo, acho que eu tô traumatizada, toda hora penso na mãe do Alex, xocotó, as palavras de mãe Dalia se ligando tudo na minha mente, a mãe dele vai atormentar muito meu relacionamento com ele, ela exerce um poder nele que ninguém mais exerce, se eu quiser esse homem, é como mãe Dalia disse, terei que lutar e enfrentar muita coisa.

Você tem tudo que eu preciso,
prazer demais, pouco juízo quando se entrega, quando ama, pro nosso acasalamento, se eu não tiver arrumo um tempo, toda vez que
você me chama
/Acasalamento - Belo.

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