27 - Cynthia.

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Terminei de descer do palco, sentindo meu corpo bem mais pesado que o normal, um pressentimento ruim, procurei Suany com o olhar pelo corredor e não achei.

Entro em meu camarim e me olho no espelho, a porta é aberta rápido e Ananda e mais um cara entram rindo e conversando, o homem da briga.

— Cynthia, trouxe o Fabiano para te apresentar! Depois daquele momento HORRÍVEL em que aconteceu envolvendo vocês..– ela me olhava seria, rindo falsamente para o homem, todo meu corpo estava dormente e minhas mãos soavam

— É um prazer te conhecer, linda! — ele falou se aproximando de mim, seu olhar descendo por todo meu corpo, dei um passo para trás e mais ele se aproximava

– O meu show acabou...– falei meio atordoada com aproximidade dele

Suas mãos foram para minha cintura e sua boca para minha bochecha, me dando um beijo, meu estômago embrulhou e eu afastei ele pelos ombros.

– Por isso mesmo que eu trouxe ele! Você está disponível hoje, não é mesmo querida? – Ananda perguntou rindo, meu coração acelerou, disponível? Que porra é essa?

– Desculpa, eu não enten...– ela me interrompeu

– Já resolvemos quanto ao valor, espero que vocês aproveitem a noite! – ela riu, saindo da sala e batendo a porta

Minhas pernas parecem gelatinas, eu encarei o homem a minha frente, com a visão um pouco turva, pelas lágrimas que se formavam.

– Que palhaçada é essa? – falei com a voz trêmula

– Oi? Como? Eu paguei para ter você essa noite! – ele falou tirando a jaqueta, eu ri, nervosa, uma gargalhada alta, todo meu corpo balançando

– Você pagou errado, pois a última coisa que você vai ter essa noite sou eu! Eu não sei que putaria é essa! Mas essa porra acabou aqui – falo pegando meu celular e jogando minhas coisas que estavam espalhadas na mochila

Caminhei rápido em direção à porta e senti sua mão me puxar com força pelo braço, me virando, seus olhos estavam vermelhos e ele bufava. 

– Tá achando que vai aonde gatinha? Você me custou caros 2 mil – falou rindo, tentei me soltar

– Enfia os 2 mil no teu cu, seu filho da puta! Nem que você fosse o único homem, eu me deitaria com um homem como VOCÊ – falei puxando meu braço com força

Eu abri a porta rápido, caminhando apressada, a boate lotada e eu esbarrando em Deus e o mundo, minha maquiagem à essa hora já tinha ido pro caralho, eu só quero sumir desse lugar, não acredito que a Ananda foi capaz de fazer isso comigo.

— Cynthia, você tava aonde maluca? Tô rodando essa boate todinha atrás de você  — Suany falou entrando na minha frente, me assustando

— Eu preciso ir embora! Agora! — respondo meio atordoada, olhando para os lados

— Calma, calma! Fizeram alguma coisa com você? — segurou meus ombros — Amiga, você tá pálida! — eu concordei sentindo as lágrimas molharem minha bochecacha

— VOCÊ TÁ LOUCA?! — Ananda gritou aparecendo do nada — Me siga! Agora! — falou séria me encarando

— Opa, opa! Te seguir pra onde? Cynthia que cara é essa? O que tá acontecendo gente? — Suany perguntou preocupada, neguei com a cabeça me afastando

— Me espera aqui, 5 minutos, eu vou só resolver um assunto com a Ananda! — falei tranquila, fui seguindo a Ananda até seu escritório e ela bateu a porta com força — QUE PORRA PASSA PELA SUA CABEÇA? VOCÊ MAIS DO QUE NINGUÉM SABE QUE EU NÃO...— gritei me virando para ela, que me interrompeu

— Agora você sabe o poder que eu tenho né?— ela falou me olhando friamente, bufando, seu peito subindo e descendo

— Meu Deus, você é louca! Doente! — falei passando a mão no rosto e andando pela sala 

— Qual foi a necessidade de mentir pra mim? Custava falar a PORRA da verdade? — ela se sentou na cadeira

— Verdade do que? — perguntei séria

— Que você tá sim de caso com aquele jogadorzinho! — neguei com a cabeca, ela riu alto — Cynthia, tá lá, pra todo mundo ver. o comentariozinho dela na tua foto, eu tenho cara de otaria? — perguntou — Tô vendo que isso vai me trazer problemas, e eu não gosto de nada no meu caminho..— interrompi ela

— Só pode ter algum erro nisso tudo! Eu não tenho absolutamente NADA com o Alex e nem pretendo! — ela riu

— Cynthia! Acho que você esqueceu de avisar isso para ele, querida! — debochou, meu celular tocou dentro da bolsa — Te espero todos os dias da semana na boate, pra me repor a perda dos 2 mil reais! — meu coração acelerou

— Ananda, isso tá errado! EU NÃO TE DEVO ABSOLUTAMENTE NADA, por ao contrário, quem me deve é você! — ela balançou o ombro indiferente e meu celular tocou mais uma vez

— Bom, deu minha hora! Boa noite! — falou ignorante olhando para o computador

Saio da sala batendo a porta com tudo, meu peito apertado, que ódio, eu odeio injustiça, me sinto humilhada, usada.

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Química. Onde histórias criam vida. Descubra agora