Capítulo 5

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A convivência com Jennie estava sendo incrível, seu jeito quieto e misterioso nunca mudou, mesmo depois de quase dois meses de hospedagem.

Dois meses totalmente quase estranhos para mim. Poderia me fazer de desentendida, mas não havia motivo. Eu estava sentindo algo a mais por Jennie, mas eu simplesmente não poderia. A experiência de ser abandonada me fechou para esse mundo de sentimentos puros e verdadeiros, eu já não acreditava no amor. Embora Jennie me mostrasse- às cegas- que amar era possível sim, era só achar a pessoa certa.

- Bombinha...- a pequena resfolegou me pedindo o item tão necessário para ela.- Você viu? Viu como eu fui rápida, mamãe?

- Sim! É claro que eu vi!- me ajoelhei em sua frente fazendo um nó em seu roupão e entregando o seu óculos.- Mercedes cortou algumas melancias, vai lá!

Acompanhei com o olhar quando Yon entrou em casa. Jennie estava ali sentada com os pés na água, com aquele olhar profundo que eu me perguntava diariamente se algum dia, eu consegueria desfendá-lo.

- Está tudo bem?

- Sim... só estou pensando.

- Coisas boas?

- Em você.

Meu coração já errava as batidas todas as vezes que eu a via, não foi diferente dessa vez, porém, agora havia um motivo. Ela estava pensando em mim.

- Como você mudou a minha vida, e que eu nunca vou saber te agradecer o suficiente por tudo isso. Me desculpe se as vezes sou quieta, ou não demonstro o que sinto, não estou acostumada a ter pessoas cuidando de mim, a não ser minha avó... mas mesmo assim, eu te admiro, admiro o seu coração bondoso, por ter se preocupado com uma pessoa qualquer...

- Você não é uma pessoa qualquer, você é a Jennie Kim, uma menina incrível e especial, que eu gosto muito.

- Eu também gosto de você.

Tentei a todo modo controlar o sorriso espontâneo que apareceu em meus lábios. Inclinei a minha cabeça apenas para encará-la. Tirei alguns fios que cobriam o seu rosto. Suas bochechas aos poucos ganhavam tonalidades rosadas. Talvez fosse errado, mas eu queria beijá-la mais que tudo.

- OLHA A BOMBA!

Jennie riu quando gotículas de águas caiu em seu rosto. Yon nadou até ela para entregar o óculos, já que havia pulado com ele

- Lisa, posso te perguntar algo?- concordei.- Promete não ficar brava comigo?

- Não. Pode falar.

- Eu estava andando pelo o corredor, e sem querer, juro que foi muito sem querer, eu... eu te vi trocando de roupa... e...

- Ah...- eu sorri mesmo que por dentro estivesse morrendo de vergonha.- Me viu de cueca?- ela colocou as mãos no rosto e assentiu.

- Me desculpe...

- A culpa é minha. De deixar a porta aberta.- por algum motivo, nós duas caímos na gargalhada, então algo que era para ser constrangedor, virou algo sem importância alguma.

...

Depois de jantarmos, subi com Yon para colocá-la na cama. Coloquei seu pijama e me deitei junto com ela, em sua enorme cama. Eu me distraía arrumando a sua franja, mesmo estando perfeita. Ela se virou para mim, agarrando a correntinha que eu usava em forma de Y, algo para lembrar da minha pequena para sempre. Seu olhar era questionador, ao mesmo tempo muito confuso.

- Mamãe, posso te fazer uma pergunta?

- É claro que sim.

- Minha outra mãe não gostava de mim? Ela não queria ter um filho?

- Sua mãe sempre quis ter um filho, uma menina. E quando descobrimos que esperávamos você, ela ficou extremamente feliz, claro, eu também.

- Então...- sua voz saiu baixa, quase um sussurro.- Porque ela nos deixou...?- eu nunca sabia o que responder, sempre tentava dar uma das melhores desculpas, mas eu não conseguia, eu via as dúvidas em seu olhar, e eu simplesmente não aguentava vê-la assim.

- Filha... eu achava que tudo estava bem quando você nasceu, percebi o quão feliz eu estava com você com a sua mãe, também descobri que seria extremamente difícil cuidar de um bebê, sua mãe também percebeu isso, e acho que ela não conseguiu administrar tudo isso, trabalho, filho, casamento, acho que ela não estava pronta, e desistiu, desistiu e nos deixou aqui. Mas eu nunca desisti de você, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu amei, e amo você, sempre dei o meu melhor por você, para que nunca sentisse falta da sua mãe...

- Eu não sinto... só... acho estranho.- ela retirou o seus óculos e se aconchegou mais em meus braços.- Eu também amo você, mamãe, você é a melhor pessoa e a melhor mãe do universo, e talvez, um dia, você ache alguém para te amar mais que a minha outra mãe.

- Já disse que te amo hoje?

- Já, mamãe. Quando eu acordei, no almoço, no jantar.- rimos.- Mamãe, canta pra mim?- eu suspirei pensando se algum dia, Sungwan aparecesse e me explicasse o porque se foi.

- Acho esquesito e não consigo evitar
Você é a minha agitadora de coração
O que fazer
Não posso ficar esperando
Eu queria dizer que estou facinada por você
Te amo muito e quero vê-la o dia todo
Você é o meu amor
Sou facinada em você.

Sua respiração já estava pesada, junto ao seu corpo em meus braços. Desliguei seu abajur e sai de seu quarto sem movimentos bruscos.

Desci os degraus para tomar algo, me deparando com Jennie ali em um sono tão suave que eu me permiti ficar mais apaixonada por ela. Seu corpo leve se encaixava em meus braços perfeitamente. A coloquei em seu quarto, e me peguei a encarando descaradamente. Linda. Ela era linda.

...

Acordei no meio da madrugada ouvindo murmúrios vindo do quarto de Jennie. Me apressei em ir até lá. A menina se debatia na cama, chorava, não respirava.

- Jennie! Jennie!

Não adiantaria nada.

Molhei as palmas das minhas mãos e as coloquei em sua barriga, a fazendo despertar daquele pesadelo. Seus olhos apavorados se encontraram com os meus, e lágrimas desceram por suas bochechas com alguns fios grudados por conta do suor.

- Shh... estou aqui...

Mais uma vez, nos encontramos abraçadas como na primeira vez que nos vimos. Meus dedos afagando seus fios escuros enquanto sua respiração voltava ao normal, e as suas lágrimas paravam de cair.

- Quer conversar?- negou.- Quer tentar dormir de novo?

- Estou com medo...

- Quer que eu fique aqui com você?- ela me encarou mas não por muito tempo. Sorri.- Vem cá...

Nos aninhamos na cama, de uma forma me aconchegante. Eu amava a sensação e o modo que Jennie abraçava a minha cintura. E pelo o jeito, ela gostava dos carinhos em sua nuca. Mas sempre me limitava.

- Como sabe o que fazer em momentos como esse?

- Eu tenho uma filha de quatro anos, já estou acostumada...

- Então... você me vê como uma filha...?

Arraste-me ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora