Capítulo 2

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Cheguei em casa por volta das onze, tudo escuro, todos os meus empregados haviam se recolhido junto a Yon.

Subi as escadas em um extremo silêncio, seguindo aquele corredor parando no quarto da pequena. Entrei ali apenas para checar se estava bem. Me sentei no chão ao lado da cama, e arrumei sua franja bem alinhada, seus cabelos longos e escuros cobrindo seu rosto angelical e inocente. Como alguém pode abandoná-la?

- Mamãe?

- Oi, minha princesa.- sussurrei.

- Você demorou...

- Me desculpe, filha, agora durma, amo você.

- Eu amo você, mamãe...

Eu entreguei sua bonequinha de pano, a única coisa que sua mãe dera a ela quando pequena, e ela não ficava um minuto longe dela. Fui de encontro ao chuveiro desejando apenas uma noite de sono. Não quis demorar ali, o cansaço falava mais alto.

Me arrastei até aquela enorme cama, sentindo e ouvindo meu celular vibrar.

- Alô?

- Senhora Manoban, Youngsun Kim acabou de vir a óbito, precisamos da sua assinatura e do checape da autópsia.

- Tudo bem, eu estou a caminho.

Eu voltei para o hospital já vendo o corpo sendo levado para o necrotério, e a menina ali sentada no chão abraçando suas pernas. Eu suspirei, meu coração doeu ao vê-la naquele estado.

Fiz todo o procedimento necessário, convocamos a menina para o reconhecimento do corpo, meu peito apertando a cada lágrima que ela soltava.

Terminando tudo ali, já pronta para voltar para casa, a encontrei novamente naquele corredor sentada no chão, com o que me parecia uma medalhinha, em suas mãos. Olhei para os lados em busca de alguém que estava a acompanhando, mas nada. Simplesmente não tinha a minina probabilidade de deixá-la ali sozinha.

- Eu sinto muito pela a sua perda.- ela tentou secar as lágrimas e se recompor, mas foi olhar para aquele objeto, para desmoronar novamente. Eu me sentei ao seu lado, também não tendo pretensão de sair dali.- Alguém ira vir te buscar?

- Eu só tinha ela...

- Seus pais?

- Minha mãe faleceu, e o meu pai... eu... eu não posso voltar a morar com ele...- Vi seus olhos se fechando com força, e não resisti.

- Você é maior de idade?

- Faço dezoito daqui cinco meses...

- Tudo bem, eu não te conheço, mas também não posso te deixar aqui. Então você vem comigo.- ela me encarou.- Você não pode ficar aqui. Te juro que não sou uma psicopata, e não precisa ser permanente, só até você ou eu achar uma solução, ok?

- Não vou te atrapalhar?

- Claro que não, vem.

O caminho foi silencioso, a não ser belo os soluços da garota. Não demoramos para chegar, mostrei a ela um dos quarto de hóspedes, e aleguei que pegaria uma troca de roupa minha. Um conjunto moletom largo preto.

Bati duas vezes na porta, não me surpreendendo ao vê-la no mesmo estado.

- Aqui, descansa, e amanhã vamos a sua casa para pegar suas roupas e as coisas importantes para você, tudo bem?

- Eu não quero te dar trabalho...

- E eu não quero que chore... não se preocupe, durma bem.

...

- Bom dia, mamãe!

- Bom dia, minha princesa.- deixei um beijo no topo de sua cabeça, arrumando gentilmente seu uniforme azul e branco. Ela usou sutilmente sua bombinha, e sorriu para mim.

- Mercedes, posso falar com você?- chamei a nossa empregada que esteve comigo des do meu casamento, o nascimento de Yon, e a ida de Sungwan.- Há uma garota no quarto de hóspedes,  a história é longa, não a incomode, e a sirva se descer, vou levar Yon para a escola.

- Sim, senhora Manoban.

Voltei a me sentar ao lado de Yon roubando a uva que estava no seu prato.

- Não vai se atrasar, mamãe?

- Hum, hoje não preciso ir para o hospital. Está me expulsando, Yon Manoban?

- Jamais, Lalisa Manoban!

- Então termine seu café e te levarei para a escola.

Depois de deixá-la em sua escola, voltei para casa seguindo diretamente para o quarto aonde a menina estava. Olhei pela fresta da porta, a vendo sentada coçando os olhos, meu moletom grande demais em seu corpo, parecendo quase uma camisola. Abri a porta com o pé, já que as mãos estavam ocupadas demais com uma bandeija cheia de coisas.

- Bom dia.- ela me deu um sorriso tímido.- Trouxe pra você.

- Não precisava...

- Não te deixaria com fome.

Me sentei ao seu lado a observando se alimentar calmamente. Sua pele branca e corada, seus olhos fundos e sem vida alguma. Eu estiquei minha mão a oferecendo um sorriso convidativo.

- Prazer, Lalisa Manoban.- ela me olhou, olhinhos de gato curiosos e tristes.

- Prazer, Jennie Kim.

Arraste-me ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora