Capítulo 3

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- Você pode me ajudar com o enterro da minha avó?

- É claro que sim.

Passamos aquele dia resolvendo muitas coisas, não houve velório, Jennie disse que não aguentaria ver sua avó sem querer ir junto a ela, e eu a respeitei claro. Enterramos Youngsun, e depois disso seguimos até aonde Jennie morava, uma casa simples, parecendo uma cabana, girassóis em volta, tomando conta de tudo ali.

- Quer ajuda?

- Não, não demoro...

- Estarei aqui te esperando.

Jennie era tão quieta que me assustava, a dor falava por ela, aquilo me deixava inquieta, com uma grande vontade de conversar com ela, querer que em algum momento ela colocasse tudo para fora, mas ali comigo.

Fiquei mexendo em meu celular, apenas para passar o tempo, e esperá-la. Quando ela saiu, trancou a casa, mas ainda sim ficou um bom tempo ali a encarando. Sai do meu carro, em passos lentos e largos me coloquei ao seu lado. Ela abraçava um porta retrato que eu não consegui ver do que se tratava. As lágrimas silenciosa que desciam imitavam a chuva fina que começava a cair.

Não consegui ficar ali sem fazer nada. Eu a abracei tentando passar algum tipo de conforto para ela. Seus braços tímidos e relutantes envolveram a minha cintura e assim pude puxá-la para mais perto.

- Não chore, isso tudo vai amenizar, confia em mim.

Quando nos separamos, peguei a sua única mala, franzindo o cenho em segredo.

- Você só tem isso?

- Sim...

- Mais nada de importante?- ela negou. Olhei brevemente para o meu relógio marcando quase três horas.- Se importa se passarmos em um lugar antes? Tenho que buscar a minha filha na escola.

- Ok.

Yon correu até mim quando o seu sinal bateu, usando sua bombinha assim que a peguei em meus braços. Ela sorriu largamente e me abraçou.

- Oi, minha princesa!

- Não sou princesa, mamãe, sou bióloga!

- Ah é? Então, oi, minha bióloga!

Caminhos em direção ao carro e Yon franziu o cenho ao ver Jennie ali no banco do passageiro.

- Quem é ela, mamãe?

- Conversamos em casa, tudo bem?

Ela concordou enquanto eu a prendia na cadeirinha. O caminho foi quieto, pois tanto Yon quanto Jennie haviam pegado no sono, acordando apenas quando estacionei o carro na caragem.

Subi com Yon em meus braços, já que a mesma tinha um sono de pedra, e a coloquei em seu quarto. Deixei a mala de Jennie, que ainda estava bem fechada e quieta.

- Está com fome?

- Um pouco...

- Porque não toma um banho? Descansa um pouco e depois desça pra jantar.

- Eu posso jantar aqui, não quero ser uma estranha para a sua família.

- Yon não te achou estranha, bom, não disse nada no carro.

- Mas... a senhora não é casada?

- Não. Aqui só mora eu e a minha filha Yon, bom e agora você. Te espero lá embaixo.

Não dei espaço para ela continuar protestando e voltei para o quarto da pequena, na intenção de arrastá-la para o banho.

- Hey, minha porquinha, acorde!- falei afastando a franja que caia em seus olhos. Deixei beijos em seu rosto acompanhado com cócegas em seu pescoço.

- Para, mamãe. Para!- no fim ela se sentou na cama alcançando seu óculos.- Quem é ela, mamãe?

- A conheci no hospital, a vovó dela acabou indo para o céu e ela não tem ninguém para ajudá-la, então a mamãe resolveu cuidar dela.

- Oh... ela deve estar triste.

- Sim, minha princesa, ela está muito triste. Acho que você poderia fazer um desenho bem colorido para ela, o que acha?

- Gostei da idéia!

- Mas agora vamos. Vamos tomar um banho e lavar esse cabelo!

Enquanto eu secava o seu cabelo, a pequena desenhava e cantarolava uma música que eu sempre cantava para ela quando pequena. Meu coração se encheu de orgulho, mais do que eu já tinha dela.

- Segure minha mão firmemente
É um pouco perigoso
Como algo doce
Estou completamente derretida
A mais brilhante do universo
Serei sua, sua estrela, ao seu lado.

- Você não imagina isso, mas...

- Ei, eu te amo!
Eu imagino o quão feliz você será se sonhar

- Porque eu preciso de você

- Não importa quem te amou primeiro

- Eu gosto de você!

Ela se virou para mim, e eu recebi aquele abraço apertado que eu tanto amava.

- Eu amo você mamãe. Você é a melhor mãe do mundo e do submundo!- eu ri.

- Eu também amo muito você, minha princesa.

Chamei Jennie para jantarmos, e logo ela estava ali, com as bochechas coradas, extremamente vermelha.

Ela se sentou com a cabeça baixa encarando as mãos. Yon a olhou curiosa, pegou o seu prato e se sentou mais perto dela.

- Oi!- Jennie sorriu sem amostra dos dentes.- Meu nome é Yon, minha mamãe me contou o que aconteceu com você, e eu sinto muito, não fique triste, eu e a mamãe vamos cuidar de você e tudo ficará bem. Fiz um desenho bem colorido pra que você fique mais feliz!

- Muito obrigada, Yon. Eu adorei.

- Se você quiser, depois posso te mostrar as minhas bonecas! Você gosta de videogame? Podemos jogar!

- Yon. Jennie teve um dia difícil hoje. Senta e come sua comida, filha.

- Você joga videogame comigo depois, mamãe?

- É claro, minha princesa. Mas agora vamos jantar

A sobremesa foi servida, mas Jennie não a quis. Fiquei ali na sala junto a Yon, jogamos todos aqueles jogos violentos que nós tanto amavamos. Mas logo determinei que estava tarde, Yon não pensou duas vezes em pedir para dormir comigo, e eu não neguei.

Peguei um pedaço da sobremesa e resolvi levar para Jennie. A encontrando pensativa, eu não me surpreendi.

- Não queria que me visse assim sempre... me desculpe

- Não peça desculpas, Jennie. Você pode viver um dia de cada vez, e eu estarei ao seu lado caso precise de ajuda.- acariciei suas costas lentamente. Olhei para o criado mudo avistando o desenho de Yon.

- Sua filha é um amor... parabéns...

- Yon é uma menina muito especial. Ela gostou de você.- ela sorriu.- Aqui, trouxe pra você.

- Obrigada...

- Tenha uma boa noite, Jennie.

- Pra você também.

Arraste-me ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora