Capítulo 11

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Acordei com um forte aperto em meu peito, e preocupada com algo que eu não sabia o que era.

Me arrumei para o trabalho, tentando entender o porque da minha preocupação crescente. Mas eu não conseguia.

- Bom dia, minha princesa.

- Bom dia, mamãe!

- Você dormiu bem?- ela assentiu mais concentrada em acabar o seu café enquanto devorava um livro de fantasia. Percebi que a sua pele estava um pouco mais branca que o normal, achei que fosse pelo o reflexo da luz, mas não era, eu conhecia a minha Yon.- Filha, vem cá.

Eu afastei a minha cadeira apenas para colocá-la entre minhas pernas. Pressionei a palma da minha mão em sua testa, um pouco quente.

- Está com alguma dor?

- Minha cabeça dói um pouco. Mas acho que foi por causa da TV.

- Teve alguma crise essa noite?

- Não.

- Se sente bem para ir pra escola?

- Sim, mamãe. Tenho um trablho de ciências para apresentar, não posso perder de jeito nenhum!

- Tudo bem. Não esqueça a sua bombinha.

- Está na bolsa. Tchau, mamãe, mande beijos a Jennie!

Mas mesmo assim, eu não estava totalmente conformada. Ela deveria ter ficado em casa.

Um tempo depois Jennie desceu, ainda sonolenta, ela sorriu e se sentou ao meu lado. Era inevitável não ficar nervosa com ela perto de mim.

- Porque está olhando pra mim?

- Porque você é linda.- concluí, fazendo questão de acabar com aquela pouca distância puxando sua cadeira para mais perto.

- Quando você chegar, não ss preocupe se eu não tiver em casa, terei que sair hoje.- parei com a distribuição de beijos doces em seu pescoço, já todo roxo e esverdeado por conta dos fortes cupões que deixei ali dias antes, e a encarei duvidosa.

- Aonde vai?

- Tenho um assunto pendente para resolver.

- O que é?- minha curiosidade a fez rir e negar com a cabeça. Eu não estava achando graça em saber que ela sairia, sozinha.

- Se der certo, eu te conto.

Nada de interessante ou intenso em meu consultório. Estava perdida tentando saber aonde Jennie estaria, já que não atendeu nenhuma das minhas quinze ligações. Talvez eu estivesse exagerando um pouco. Era apenas preocupação.

Até que vi uma movimentação estranha na ala pediátrica, e aquela mesma dor no peito de mais cedo, voltou agora com mais força.

Eu andei até lá, vendo uma criança na maca, sendo levada as pressas para o quarto de reanimação. Quando forcei a vista para ver quem era o paciente, senti que o chão abaixo dos meus pés havia sumido. Era Yon. E ela estava sendo levada para a sala de reanimação. Céus, reanimação!

Eu não pensei duas vezes em correr até lá, empurrando as enfermeiras, logo encontrando a pequena tão palida que mais parecia um papel.

- O q-que houve?!

- Perda de oxigênio. Ela teve uma crise.

Meus olhos na mesma hora se encheram de lágrimas, e a minha visão ficou completamente turva. A única coisa que pude fazer foi massagear a região do seu tórax, a estimulando, tentando fazer com que ela reagisse.

- Vamos, filha... a mamãe está aqui... vamos...

Continuei com as massagens até ela ser transferida para a cama. Seus batimentos estavam extremamente fracos, e após ver Chaeyoung entrando com o aparelho de choque, senti meu coração na boca, e o desespero tomar conta de mim.

- Vamos, Lisa! Terá que usar, antes que não dê mais tempo.

- N-não...- tentei achar outra solução. Mas não tinha.

Verifiquei a bateira, e mesmo lutando contra os meus demônios, e as coisas do passado. A primeira sessão foi feita. Mas ela não reagiu.

- Aumenta...- esperei até que a bateria voltasse agora com mais intensidade, mas de nada adiantou.- Aumenta.

- Você...

- Aumenta, Chaeyoung!- eu sabia dos ricos. Sabia que podia perdê-la se a descarga fosse muito forte.

Até que seus batimentos voltaram ao normal, me fazendo respirar com tanta dificuldade que por um momento pensei que precisaria de uma reanimação também.

Yon abriu os olhos desfocados, e se pôs a vomitar tudo que tinha- e que não tinha-. Segurei seus cabelos esperando até que ela acabasse, e quando aconteceu, trêmula e assustada, a minha pequena começou a chorar em meus braços agarrando com força a minha cintura.

- Shh... está tudo bem agora, princesa... estou aqui...

O soro foi colocado nela, e a sua temperatura foi verificada por mim. Dei a ela os antibióticos necessários, e aos poucos, sua cor voltava ao normal.

- Conta pra mim o que aconteceu.

- Eu estava apresentando o meu trabalho, quando fiquei sem ar, eu não achei a minha bombinha, e depois tudo ficou preto...- sua voz era tão baixa, que tive que prestar atenção em sua boca, em um tipo de leitura labial.- Eu fiquei com muito medo, mamãe...

- Não, princesa, não chore, agora já está tudo bem...

O dia pra mim ali no hospital já havia acabado a partir do momento que Yon entrou nele. Voltamos para casa, com ela ainda muito fraca, recusando comer, e querendo apenas o meu colo e a minha atenção. Jennie não estava em casa, mas chegou assim que eu e Yon deitamos na cama. Expliquei sem detalhes o que havia acontecido, e ela prontamente se juntou a nós, acariciando os fios de Yon, que a olhava como se fosse uma deusa, como se fosse sua outra mãe. Secretamente, eu sorri.

- Quando você completou um ano, eu fiz uma enorme festa. Convidei muitas pessoas, queria comemorar o primeiro ano do meu orgulho. Cantamos parabéns, e você estava uma graça. Com um vestido preto, já que quando te mostrei um vestido rosa você fez uma careta recusando aquela cor. Ele era de renda, com uma linda rosa branca na cintura. Seu cabelo começava a crescer de um jeito charmoso e muito lindo. Sentamos no gramado, pois estava vendo a hora que você cairia na piscina pois não parava no colo de ninguém, eu me distraí por poucos minutos, e quando voltei minha atenção pra você, seu vestido já não era mais preto, e sim branco, seu cabelo também, pois você achou melhor passar o chantilly e o bolo na sua roupa do que comer eles.- as duas riram.- E eu não consegui ficar brava com você, acho que nunca fiquei brava com você, a única coisa que fiz foi sorrir e rir quando você me mostrou um sorriso desdentado e cheio de graça. Percebi que eu era toda apaixonada por você, e que nada, e nem ninguém te tiraria de mim. Nem mesmo o que aconteceu hoje...

- Eu amo você mamãe...

- Amo você, minha princesa.

...

- Então...?

- O que?

- Vai me contar aonde foi hoje? E o porque não me atendeu?

- Não levei meu celular.- ela sorriu.- Eu consegui um emprego!

- Você o que?

Arraste-me ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora