Capítulo 4

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- Acho que posso tentar fazer um esforço.

- Filha, você não é obrigada a gostar de artes, mas poderia fazer as lições. Eu não entendo, você desenha tão bem.

- Mamãe, pra que eu vou usar artes, sendo que eu quero ser bióloga?

- Eu sei, minha princesa. Mas por favor, faça as lições que a sua professora pede, ok?

- Ok.- murmurou.- Se eu fizer e tirar uma nota boa, você me leva na quadra de basquete?

- Tudo bem, mas só se tirar uma nota boa.

- Senhorita Yon, o motorista já está a sua espera.

- Vá, filha, antes que chegue atrasada.

Depois de me abraçar ela seguiu para a sua escola e eu para o quarto de Jennie. A mesma já se encontrava acordada finalizando a arrumação de sua cama. Foi um pouco complicado entrar discretamente, pois a bandeja cheia de comidas era bem chamativa.

- Bom dia.

- Bom dia.

- Como está?

- Melhor, eu acho...

- Não sei bem do que você gosta, então trouxe tudo que estava na mesa.

- Não precisa trazer coisas até aqui. Poderia ter me acordado...

- Não quis te incomodar, não me importo em trazer aqui.- sorri- Eu preciso trabalhar, vou deixar o número do meu celular aqui, e qualquer coisa. me ligue, ok?- assentiu.- Quando sentir fome, pode pedir algo para Mercedes que ela prontamente irá te servir, a geladeira é sua. Volto as três horas.

- Tenha um bom trabalho.- a encarei por breves minutos e sorri, era inevitável não sorrir ao ver aquele sorriso.

- Obrigada. E qualquer coisa, me ligue.

O dia mo hospital foi calmo, apenas pessoas resfriadas e coisas do tipo, Jennie não me ligou, mas meus pensamentos não saíram dela, se estava bem, se alimentara, ou se precisava de algo.

Então quando minha paciente saiu, disquei pra Mercedes, alegando que precisava falar com Jennie, e que era para a menina me ligar o quanto antes. Não falei o motivo, e ela tão pouco quis saber, apenas seguiu o meu pedido.

E não demorou muito até Jennie ligar.

- Alô...?

- Oi, Jennie. Está tudo bem?

- Sim.

- Você almoçou?

- Não.

- Porque?

- Estou sem fome...

- Hey, você não pode ficar sem comer. Vou avisar Mercedes para fazer algo para você.- não obtive resposta alguma.- Você está em seu quarto?

- Huhum.

- Sabe que pode usar a casa, não sabe?

- É... é que eu não me sinto a vontade quando a senhora não está aqui...

- Quer ir comigo e com Yon a quadra de basquete?

- Acho que sim... 

- Tudo bem, peço para Mercedes te avisar quando eu chegar. Ah, e por favor não me chame de senhora.

- Ok...

- Até mais tarde.

Sai para buscar Yon na escola e quando me viu, veio toda alegre me mostrando o seu trabalho de artes. Esperei até que ela retomasse o fôlego por correr até mim, e usar sua bombinha. Ela me abraçou e orgulhosamente me mostrou o seu desenho.

- Olha, mamãe! Eu tirei A+ na lição de artes! Está feliz?

- É claro que sim! Meus parabéns!

- Então... vamos para a quadra de basquete!?- tive que rir da sua duvida.

- Sim, minha princesa. Vamos buscar a Jennie?

- Vamos!

A caminho, a pequena ficava olhando para a nota destacada de vermelho, seu sorriso pequeno e com uma pequena janelinha, já que a pouco tempo, seu dente havia caído. Eu fiquei um pouco desesperada, pois além de ter um trauma muito grande de sangue, aquele bendito dente ficava balançando o que me causava agonia. Mas eu reuni toda a minha coragem e o tirei de vez, olhando completamente surpresa para Yon. No fim acabamos comendo um pelo kimchi pelo avanço da pequena, e pela a minha coragem. É claro que eu contei a história da fada do dente para ela, que toda animada o colocou debaixo do travesseiro e quando acordou, viu ali uma bela nota de um dólar. Ainda me perguntava, como Sungwan teve coragem de abandoná-la?

Jennie não demorou pra descer. Eu sai do carro apenas para abrir a porta pra ela. Que inclusive estava linda.

- Oi, Jennie! Olha eu tirei A+ na minha aula de artes!

- Parabéns! Você desenha, muito bem!

Então assim seguimos até o nosso destino principal, minha língua coçando pra falar o quão linda ela estava. 

Ao chegarmos na quadra de basquete, eu e Yon jogamos durante um tempo, enquanto Jennie apenas observava. Eu perdi de lavada para a minha pequena de quatro anos, ela era realmente boa naquilo.

- Vem, Jennie! Vamos jogar!

- Eu não sou boa nisso.

- Mas vale a pena tentar! É o que a minha mamãe sempre fala!- Jennie se levantou ficando ao lado da pequena, dessa vez foi eu que observei a cena.- Você não pode deixar eu pegar a bola, e tem que fazer cesta. Eu não sou boa em explicar, mas deu pra entender, não é?

Jennie começou a correr atrás de Yon, e eu a vi sorrir. Pela primeira vez eu a vi sorrir, era incrível. Era lindo. Sentia que era uma risada verdadeira, sentia que ela era verdadeira e especial. Tentei a todo modo afastar alguns pensamentos que não faziam sentido algum estar ali, e foquei em correr atrás das duas, erguendo Jennie em meus braços para que ela acertasse a bola na cesta.

Comemoramos pelo o ocorrida, parando apenas quando Yon começou a tossir, me abaixei em sua frente e a ajudei com a bombinha, poderia passar anos, mas nunca fui a mesma dês que a mesma teve sua primeira crise de asma, apenas com um ano.

- Tudo bem?- ela respirou bem fundo e assentiu.

- Você foi ótima, Jennie!

- Sua mãe me deu uma ajuda!

E para finalizar aquela tarde, seguimos para uma loja de rosquinhas que tinha no final da rua. Ao ver o fliperama nos fundos da loja, Yon não pensou em me pedir permissão para se divertir ali, dei algumas notas para ela e assim fique sozinha com Jennie, que por algum motivo tinha as bochechas vermelhas e não me encarava.

- Tem certeza que não quer alguma coisa?

- Não. Não quero que gaste mais comigo, eu já estou ficando na sua casa de graça, não quero te dar mais gastos.

- Hey, só quero que fique bem, não se preocupe com os gastos, tenho dinheiro o suficiente para nós três, e que eu apenas quero cuidar de você.

Pedi duas rosquinhas para ela, e assim iniciamos uma conversa, boa até. Conheci um pouco mais da menina, e percebi que a sua vida não era nada fácil.

- Tive que parar de estudar quando minha avó perdeu os movimentos das pernas. Arrumei  um trabalho e passei a cuidar da casa. Até que aconteceu... o que aconteceu... dias antes eu havia perdido o emprego e estava a procura de outro...

- Não quero que trabalhe.- a cortei, só percebendo que o meu pedido, havia saído bem desesperado e determinado.- Digo, não é necessário trabalhar, não agora.

Ficamos nos encarando e esse contato só foi quebrado quando algumas mechas caíram sobre o seu rosto. As coloquei cuidadosamente atrás de sua orelha, recebendo um sorriso extremamente tímido, mas que não deixava de ser lindo.

- Quero te fazer sorrir mais vezes, pois eu adoro o seu sorriso.

Arraste-me ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora