- Consegui um emprego! No restaurante a quatro quarteirões daqui. Claro, não se compara em ser médica ou uma advogada, mas pelo menos vou poder ajudar com os gastos e-
- Você vai sair desse emprego...- meus olhos estavam fechados, e eu ainda tentava me manter calma, não sabia o porque ser tão obsessiva, mas não conseguia controlar.
- Não. É claro que não vou sair. Finalmente consegui algo pra fazer à não ser um peso-
- Eu nao quero que você trabalhe... você não pode trabalhar... você não vai trabalhar!
- Lisa? Porque está agindo assim? Pensei que ficaria feliz por mim. Começo na segunda que vem e-
- VOCÊ NÃO VAI! VOCÊ VAI FICAR AQUI.- nós duas arregalamos os olhos. Eu pelo o meu tom de voz, que eu não usava à muito tempo, e ela por medo. Eu não queria que tivesse medo de mim.
- Por... porque...? O que tem demais...? É só... um trabalho...- a sua voz saia tão confusa e parecia que ela não tinha mais certeza, ao mesmo tempo emanava muito medo.
- Não tem o porque, Jennie. Não quero que trabalhe em um restaurante. Não quero que seja uma garçonete. Não quero.
- Espera... então... você sente vergonha de mim? Do trabalho que eu tanto tentei conseguir? Você se sente envergonhada em ter alguém assim ao seu lado...?- agora seus olhos de rancor e dúvida se levantaram e me encarava.
- É claro que eu não sinto vergonha de você Jennie, porque eu sentiria?!
- Então sente pena! Pena de uma adolescente que foi encontrada sozinha em um hospital. Pena da história de vida dela. Pena de ser tão ingênua e acreditar nas pessoas fácil de mais!
- Cala a boca, Jennie. Você sabe que não é isso!
- ENTÃO O QUE É? PORQUE NÃO QUER QUE EU SAÍA DE CASA? AGORA TENHO QUE FICAR EM CÁRCERE PRIVADO!?
Levei as mãos aos meus fios, por não aguentar aqueles malditos flash do passado que vinham com força em minha mente.
- Estou começando a achar que a criança da casa não é a Yon. E sim, você.
...
- Amor, eu consegui uma nova vaga no departamento! Começo amanhã!
Eu sorri orgulhosa de minha esposa, que em momento nenhum desistiu de achar um bom emprego. Peguei a menina de três meses e comemorei por ela.
- Sabia que conseguiria, meu amor... você sempre consegue!- eu a puxei com a mão livre entrelaçando meus dedos em seus fios, aquele beijo mágico que eu amava. Amava tanto que até assustava.- Eu amo você...
- Não mais que eu... eu te amo, Lili...
Então as semanas se passaram, e junto a elas, Sungwan começava a se afastar de mim e de Yon. Achei que era cansaço, até que a minha curiosidade falou mais alto.
"- Virá amanhã, meu bem?
- É claro. Não foi atoa que inventei que tinha um trabalho. Com a herança da minha mãe, consigo enganar Lisa e parecer que tenho um salário.
- Uau, minha namorda é tão inteligente. Estou com saudade, te vejo amanhã!
- Até, amor."
...
Eu me sentei no chão, chorando desesperadamente quando ela subiu e fechou a porta do seu quarto com força. A culpa não era dela. Claro que não era. A culpa era da minha insegurança, que eu não sabia controlar.
Me assustei quando dois braços pequenos se agarraram ao meu pescoço. Era Yon. Ela tirou seus óculos apenas para me abraçar de uma forma mais confortável. Eu a coloquei em meu colo, e assim senti que podia chorar sem julgamento de terceiros. Os papéis foram invertidos. Ela acariciava os meus cabelos com a sua mão pequena, o que eu sempre fazia quando ela estava mal, ou estressada.
- Não chore, mamãe...- ela sussurrou, e depois tossiu, ainda muito fraca.- Porque está chorando?- eu não consegui responder, apenas por vergonha.- Mamãe, olha pra mim. O que foi?
- Não é nada demais, filha... como você se sente?
Ela deu de ombros se aninhando mais em mim.
O jantar veio, sem a Jennie. Yon me perguntou sobre a mesma, mas o que eu responderia?
"Ah, minha filha, a Jennie está muito brava comigo, pois eu agi como uma completa imbecil por conta de coisas passadas que não deveriam vir a tona agora."
- Ela está com dor de cabeça, princesa. Não se preocupe.
Coloquei Yon para dormir junto a mim, o medo da pequena ter outra crise e eu não estar lá para salvá-la.
Fiz um prato, e peguei um pouco da sobremesa pensando em mil desculpas, mas não tinha como me desculpar.
Eu entrei sem bater, não me importava. Ela saia do banheiro enrolada em uma toalha, seus cabelos presos a um coque mal feito, que a deixava mais linda. Jennie parou ali, me encarando, ainda via o vestígio de mágoa que tinha em seus olhos, mas os meus lançavam dor e arrependimento.
- É claro que estou feliz que você conseguiu um emprego... não queria te assustar, não quero que tenha medo de mim ou que me odeio... desculpe-me...
- Porque agiu daquela forma, Lisa? O que aconteceu?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arraste-me ( Jenlisa G!P)
FanficUm simples ato de compaixão ao próximo pode mudar e salvar a vida de Jennie Kim. Uma adolescente vendo sua vida morrer junto a única pessoa que se importava e cuidava dela. Lalisa a vê ali no corredor daquele hospital, sozinha e desesperada, e simp...