Capítulo XIV

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"Um dia a gente aprende a construir todas as nossas estradas no hoje; Porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão." ― William Shakespeare

Larissia Vizzano

- O COMBINADO NÃO ERA ESSE! (A voz do meu pai ecoa alto pelo escritório e vejo Cauã preocupado, assim como mamãe.)

-  EU FIZ O QUE ERA PRECISO! (Me exalto, ele já tinha combinado com o acordo.)

- Não posso simplesmente dar 5 nomes do conselho! (Vejo sua veia se alterar.)

- SENHOR MARCUS, VOCÊ ME MANDOU CONSEGUIR A DROGA DA DELAÇÃO E ELA ESTARÁ NA SUA MÃO. (Sou extremamente grossa e esqueço nossos laços fraternais.) Consequências? Nunca pensou nisso, agora vai? Então escolha as carnes e jogue aos leões, ou eu mesmo farei isso, a minha posição está em jogo, não era essa a questão? Cauã, redija o documento, e autentifique, sem nenhuma falsificação. Quando estiver pronto me chamem, não quero ser interrompida até esse maldito papel estiver pronto. (Olho fixamente para meu pai, que parece estar pronto a me dar uma bela surra.) Consegui o que tanto quis, você me fez pressionar o delegado para que as coisas fossem mais rápido e consegui também, agi conforme tínhamos concordado, o único que está voltando atrás da sua palavra é você, porém não vou jogar o seu joguinho, é minha posição, minha vida que está em pauta. Dê o que querem, ganhe o que quer, o resto deixe sob responsabilidade da máfia, não vou arriscar a minha posição por eles. (Antes que a cena se desenrole em tapas e ofensas, saio da sala e com toda a força do meu corpo vou para o quarto. Minha respiração está totalmente acelerada. Eu desafiei meu pai, DROGA! Ele não vai deixar barato, vejo minhas mãos tremendo, tranco a porta do quarto e me jogo na cama.)

Larissia, vamos organizar os pensamentos, você conseguiu a delação do policial, o nome do tio Aloisio vai ser anulado e a máfia não vai obrigar a saída do seu pai.  [RESPIRA E NÃO ENLOUQUECE] minha majestade surge em seu jaleco branco, tentando me acalmar. Por que eu sinto que algo não está certo, a visão do meu pai vermelho de raiva e quebrando o copo de uísque me faz pensar não conseguimos exatamente o que ele queria? Acho que ele não esperava uma proposta ousada do delegado. Esse cara realmente é o único capaz de enfrentar os Vizzanos. Minha cabeça lateja, eu não vou aguentar essa confusão por muito tempo, preciso que Cauã me entregue logo o que preciso, como acabamos ele só terá até amanhã para me entregar tudo. Meus olhos aos poucos se fecham e deixo a confusão da minha mente de lado e me permito descansar meus olhos. Uma batida me acorda e vejo que o sol aparece na minha janela, meu Deus eu dormir tanto assim?

- Lari, bom dia filha! Posso entrar? (A voz da minha mãe me tira da sonolência.)

- Só um minuto! (Me levanto e abro a porta, minha mãe me olha e vejo seus olhos inchados e com grandes olheiras.) Mãe! (Ela entra e senta em minha cama.)

- Lari, me perdoe. (Seus olhos se fixam no meu e sito um aperto no coração, apenas sento ao seu lado em silencio.) Nós não queríamos lhe envolver, mas você entende que não tínhamos ninguém confiável a não ser nossa filha?

- Mãe, não precisa se culpar, eu já entendi que não poderiam utilizar terceiros, o hacker já foi arriscado.

-Sim, seu pai ameaçou toda a família dele, caso contasse para alguém o que aconteceu. Mesmo ainda temos um risco. Filha (Sua voz é triste ao me chamar e eu apenas espero suas próximas palavras, sei que quer me falar algo.) não sinta raiva do seu pai, admito que ele explodiu ontem e ultimamente está completamente explosivo, mas as burradas do seu tio estão pesando nas costas dele. O conselho está o pressionando de um lado, do outro ele se sente responsável por sua tia e seus primos e ainda tem você. Seja compreensível com ele, por favor filha. Ontem quando vi ele jogando o copo de uísque na parede eu tomei um susto, eu sei do que seu pai faz fora de casa, mas ele nunca foi agressivo em casa.

O delegado (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora