"A verdade é uma coisa bela e terrível, e portanto deve ser tratada com grande cautela." - Harry Potter
Caio Silva Lisboa
Você já sentiu que tudo que projetou está a um passo de escapar de seus dedos. O trabalho árduo, ou nem tanto assim, de dois anos prestes a virar pó? Como se sentiria, se tirassem aquilo que vem almejando tanto tempo, qual seria a sua reação? Se você observasse alguém por um longo tempo e soubesse exatamente tudo sobre ela? Sua comida favorita, seu sorriso verdadeiro, sua forma de pensar, agir e falar, conhece cada um de seus jeitos, sabe decifrar sua timidez, sua perspicaz, sua curiosidade. Até mesmo os seus defeitos e qualidades, alguém que conhece a sua verdadeira identidade e a ama em segredo.
Saio da boate e sinto meu sangue fervendo a mil, aquele olhar, ele praticamente a comeu com os olhos, senti a fome emanar dele, senti sua raiva ao me ver ao seu lado. De todas as pessoas tinha que ser ele a desejá-la? O procuro por todo o local, e não encontro. Onde você foi CRETINO! Meu sangue apenas esquenta, eu vi os seus olhos, vi o seu desejo, sentir sua vontade por ela, preciso sair daqui, entro no carro e faço o trajeto consumido pela fúria, raiva e ódio. Entro em casa e vou em direção ao quintal, quem ele pensa que é para falar assim comigo? (Abro os botões da minha camisa e coloco minhas luvas. Olho o saco de areia preto e projeto seu rosto prepotente. FILHO DA PUTA! (Soco com força.) Aquele delegado miserável, acha que tudo está em seu alcance? NÃO MESMO! (Meus socos se tornam mais agressivos.) Você não vai tirar ela de mim, não vai mesmo! (Soco mais e deixo minha raiva extravasar. Chuto com força.) FILHO DA PUTA!
- Filho! (Minha mãe surge com uma taça de vinho na mão.) Já chegou?
- Sim! (Foco em apenas socar esse maldito saco de areia.)
- O que houve? Seu encontro não deu certo? (Sua voz debochada me dar ainda mais raiva.)
- Eu me encontrei com ele mãe. (Seu rosto se projeta e espanco ainda mais o saco.)
- Com quem? (Ela parece não entender.)
- O delegado federal.
- VOCÊ O QUÊ?
- Isso mesmo, a Malu, a garota que eu falei que é amiga de Larissia.
- Sim!
- Ela está namorando um policial, eles parecem que são melhores amigos.
- Essa garota é esperta, tem pessoas com boa índole ao seu lado! Esplêndido, aquela famosa frase, olha com quem andas que te digo quem és.
- Eles já se conheciam mãe, não foi ela que forçou uma ligação, a Larissia é uma mosca morta para segunda intenções!
- Surpreendente, a sorte a persegue então? Será? (Sua voz é calma, ela bebe o vinho devagar.) Mas, por que chegou agora, se estava assim tão interessante?
- Ela foi embora, tenho certeza que deve ter falado algo com ela que a assustou, aquele cretino! (Esmurro o saco de areia com muita força e ele rasga.)
- Calma querido! Martin (ela chama o mordomo.) traga outro saco. (Retiro a luva da mão direita e vou até ela pegando sua taça e virando de uma vez, sinto o líquido queimar minha garganta.
- O que houve para ficar com tanta raiva?
- Ele quer Larissia.
- O delegado? (Ela rir friamente) Impossível essa relação. Como uma menininha sem sal vai conquistar logo ele?
- Eu vi mãe, vi como ele a olhou, vi seus olhos famintos por ela. (Fecho meus punhos com raiva) E ela não é sem sal, não fale assim.
- Ok! Mas e ela? Demostrou interesse?
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O delegado (degustação)
Chick-LitEra para ser apenas uma voz, mas tornou-se um desejo, uma promessa velada, uma passagem ao paraíso . O ilícito se tornou prazeroso, a justiça se entrelaçou com a ilegalidade, a pureza com a sedução, era o fim da moralidade e a extinção da violação...