Contos de Larry.

Too Young.

Louis Point Of View.

Enquanto caminhava para a casa de Harry, eu pensava nos momentos que passei com ele. Ele foi meu primeiro amor, nós dois era tudo que eu conhecia. Nos amávamos de uma forma intensa, única, e é difícil pensar que talvez hoje ele me odeie. Mas se ele o fizer, por mais que saber vá doer, eu irei entender.

No passado, o garoto que eu conheci, jamais poderia odiar alguém. Mas fazem dois anos que não nos vemos, e as pessoas mudam muito. Está tudo diferente hoje, para mim e para ele.

Eu também pensava no passado e via o quanto fui estúpido. No início, nós estávamos juntos em uma banda, durou cinco anos. As pessoas sempre diziam que éramos muito novos para saber o que era um 'para sempre', que um amor como o nosso nunca duraria.

Por cinco anos eu acreditei em Harry quando ele dizia que faríamos dar certo, mas então nós fomos crescendo, e eu me via cada vez mais ciumento dele. Minha mãe sempre disse que o ciúmes nunca é bom, porque quer dizer que você vê a outra pessoa como posse, e isso nunca acaba bem.

Então um dia mais uma pessoa disse que nós não íamos durar, e Harry não estava lá para dizer que era mentira. E eu acabei cedendo a pressão, e o cortei para fora de minha vida, com uma simples ligação.

Eu não tinha experiência nenhuma com relacionamentos, tão pouco sabia qual a forma correta de terminar. Hoje eu sei que deveria ter tido uma conversa franca com ele, que deveria ter dito porque eu estava terminando. E talvez, se eu tivesse feito isso, não tivéssemos nem terminado.

É claro que estar separados tornou a convivência difícil, e então nossa banda acabou. Agora se passaram dois anos, e eu estou indo em direção a casa dele para me encontrar com ele, e pedir desculpas por tudo.

Quando bato na porta, ela se abre um minuto depois. Ele não diz nada, apenas caminha comigo atrás em direção a cozinha.

E aqui estamos nós, cara a cara na mesa da cozinha. Isso é tudo que eu estive esperando, nós finalmente vamos poder ter uma conversa que devíamos ter tido antes.

Eu fico olhando para seu rosto, vendo o quanto ele amadureceu, ainda está muito bonito, talvez esteja até mais.

Eu procuro em minha mente as palavras certas para dizer, e tento fazer minha mente funcionar rápido, com medo de deixar aquele momento escapar. Mas Harry está ali na minha frente, esperando pacientemente eu dizer algo.

— Quero me desculpar por tudo. — Eu digo. — Eu era jovem demais para perceber que tinha tudo em minhas mãos, e então deixei escapar por entre meus dedos. Eu gostaria de ter percebido isso antes, quero dizer, antes de eu acabar com tudo. Me desculpe por te machucar, querido. — Digo e em seguida arregalo os olhos por perceber do que o chamei.

Eu o chamava de 'querido' quando estávamos juntos, mas não estamos mais, e eu não tenho mais direito nenhum de o chamar assim.

— Desculpe. — Eu digo com vergonha.

— Não, tudo bem. Gosto que me chame assim. — Harry encolheu os ombros. — E eu fico feliz que tenha percebido tudo isso ainda a tempo. — Ele diz.

— A tempo de que? — Pergunto confuso.

— Ora, a tempo de ficarmos juntos. — Ele diz e sorri.

Eu fiquei esperando ele começar a rir e dizer que estava brincando, ou estava esperando acordar se isso fosse um sonho.

— Eu estou confuso. — Murmuro.

— Louis, eu estive esperando dois anos para você entender tudo isso que me disse agora. Olha, você me fez esperar um tempão. — Harry ri.

Eu sorri com vergonha. — Me des...

— Pare de pedir desculpas, Boo. Você está aqui hoje, e já aprendeu o que o tempo tinha a te mostrar. Eu estou muito feliz. — Harry diz, e eu podia ver em seus olhos que era verdade.

— Então, estou perdoado? Você vai dar uma chance para nós? — Pergunto ainda sem acreditar.

Quer dizer, eu nem consegui acreditar quando ele aceitou me encontrar. Eu achei que ele iria ignorar completamente minha ligação. E enquanto vinha para cá, eu achei que ele fosse me ligar dizendo que tinha desistido. Ou que não fosse abrir a porta para mim, ou até que quando eu estivesse aqui, ele fosse gritar mil e um palavrões em meu rosto.

E particularmente, era mais fácil acreditar que ele fizesse uma dessas coisas do que acreditar que ele ia me dizer o que disse a seguir:

— Claro que sim, Louis. Você é meu dirigir ou morrer¹, nós tínhamos de ficar juntos no fim. Estava escrito antes mesmo de ter um de nós na terra. — Harry ri.

E então eu posso respirar aliviado, sabendo que vou ter Harry para sempre. Agora sem ouvir ninguém além dele, ou ao menos sem ouvir pessoas que não querem meu bem. E agora mais velho, mais maduro, e com muito mais amor.

***

1: Dirigir ou morrer é a tradução literal para 'ride or die', que é uma forma de se referir a uma pessoa que você vai estar por ela até o fim, sob qualquer circunstância.

Espero que estejam gostando.

Até mais,

–K.F.