₂• Express 9¾

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Prophecy - | Draco Malfoy |

 Apanhei o casaco que estava pendurado em frente à porta de entrada do meu pequeno apartamento

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Apanhei o casaco que estava pendurado em frente à porta de entrada do meu pequeno apartamento. Enfiei uma de minhas mãos no bolso da frente, enquanto usava a outra para puxar minha bagagem. Me julgava mentalmente por esquecer em casa o par de luvas pretas que havia ganho de um ex-namorado qualquer.

Direcionei meu olhar para o vizinho, que como em todas as outras vezes que olhei, estava sentado nos pequenos degraus de sua casa acompanhado de um violão antigo. O fitei por alguns segundos, e logo apertei meus passos em direção ao pequeno bar que ficava a apenas duas quadras do meu bairro.

O cheiro forte de vodka barata me enjoava. Mesmo sendo apenas seis da manhã, alguns homens estavam jogando sinuca e que, por vez ou outra, decidiam encarar a mocinha que passeava pelo lugar cercada de malas.

Apenas me direcionei ao balcão, deixando sobre ele o valor para um maço de cigarros. Este era um pequeno detalhe que eu havia herdado de minha mãe, o amor pela nicotina, e claramente meu avô o detestava.

— Qual o destino agora? - esbravejou Hope, seus braços pendiam ao lado do corpo e seus olhos estavam marcados por olheiras fundas. — Pensei que sua estadia em Londres seria permanente, as pessoas não costumam ir embora daqui.

— Não pertenço a apenas um lugar, Esperança, não mais. - ri fraco, apanhando a caixinha branca e a guardando em um de meus bolsos. — Talvez você não me encontre mais por aqui.

— Esperava que não. - revirou os olhos e sorriu brincalhona, prendendo seus braços ao redor do meu pescoço. — Provavelmente eu vou sentir sua falta, mesmo precisando ver você se matar um pouco todos os dias com essa droga.

— No final das contas, o que me aguarda sempre vai ser a morte. - sussurrei em seu ouvido, desfiz o abraço e apanhei novamente minhas coisas. — Se cuide, Hope. Eu odiaria ter que me preocupar com você.

Meus encontros com a garota de cabelos louros eram rotineiros. Ela sempre estava pelos arredores do bar, foi uma das poucas pessoas que me permiti ter contato durante estas semanas em Londres.

Falhando miseravelmente, Hope tentava me convencer que a cada maço fumado reduziria três anos de minha vida. Talvez, se eu enxergasse por esse ponto, teria me acabado a alguns anos.

Enquanto caminhava para a estação de trem, ainda lembrando da garota, percebi como o dia estava realmente nublado. O frio não me incomodava, e de certa forma eu enxergava uma beleza diferente nos tons de cinza dum dia chuvoso.

Sentada sobre minha bagagem, eu observava as curvas de fumaça que liberava a cada trago. A ventania as levava para longe, enquanto eu rodopiava minha passagem entre os dedos livres.

Por um momento, desviei a atenção para um garoto que estava perto de mim. Seu olhar o entregava, ele estava perdido e segurava uma gaiola na mão esquerda.
Me permiti olhar ao redor e percebi que muitos bruxos nos rodeavam, a grande maioria deles estavam reunidos em grupos e logo pude perceber sua divisão por casas.

A cor azul representava a Corvinal, caracterizada por sua inteligência e sabedoria. O amarelo que pertencia a Lufa-Lufa, conhecida por sua gentileza e lealdade. O vermelho, ardendo em fogo, pertencia a Gryffindor, marcados por sua coragem, nobreza e determinação.
Pude sentir o sangue em minhas veias arder ao ver os jovens da Sonserina, representada pela cor verde e casa dos astutos e ambiciosos.

Em passos lentos, me aproximei do garoto. Ele era novo, com certeza um aluno do 1° ano e que jamais encontraria a estação correta sozinho. Toquei-lhe gentilmente o ombro, vendo seus olhos esbugalhados me encararem em um misto de surpresa e animação.

— Suponho que esteja perdido. - ri fraco, ele logo assentiu e coçou a nuca envergonhado. — Primeira vez em Hogwarts, certo? Seus pais não deviam te deixar sozinho hoje.

— Eles não podiam ficar, apenas me mandaram procurar a plataforma, mas os fiscais disseram que ela não existia. - esbravejou decepcionado. Peguei em sua mão, levando-o para perto da bagagem e firmando suas mãos no corrimão do carrinho.

— Basta você atravessar aquela parede, ali fica o trem. - o rapaz me fitou com espanto. Sorri, me afastando um pouco para alcançar minhas malas. — Podemos ir juntos, se você quiser.

O menino de cabelos ruivos sorriu, enquanto assentia. Corremos juntos e atravessamos a plataforma, nos deparando com uma grande aglomeração de pais e alunos. As placas escritas "Hogwarts Express" cintilavam sobre meus olhos.

— Você consegue se virar a partir daqui? - perguntei ao garoto, que percorria o olhar sobre todo o lugar.

— Sim, muito obrigado pela ajuda. - estendeu a mão a qual logo aceitei, um sorriso fofo apareceu em seu rosto. — Me chamo Frederic Spall, por sinal.

— Sou Makayla. - sorri fraco, ocultado meu sobrenome por enquanto. — Caso precise de alguma coisa, pode me procurar. E tente se enturmar com os outros alunos, irei procurar uma cabine para mim.

Ao vê-lo assentir, parti em direção ao trem. A maioria das cabines eram compartilhadas por cinco alunos ou mais. Bufei frustrada ao me imaginar entre eles, não estava preparada para me apresentar antes que Dumbledore o tenha feito.

Foi neste momento, em que eu estava me preparando para adentrar em qualquer um desses lugares e simplesmente ignorar meus futuros colegas, que avistei um local vazio no final do vagão.

Apertei meus passos em direção a cabine e consegui ver apenas uma garota de cabelos ruivos adormecida ao lado da janela. Por um momento, pensei se deveria a acordar e perguntar se poderia me sentar ali. Mas, logo depois, percebi que isto traria a tona uma sequência de perguntas sobre quem eu sou, então apenas ignorei a ideia e me sentei do outro lado do banco.

Relaxei meus ombros e me permiti estalar os dedos, estava prendendo o ar desde que atravessei a plataforma e sentia que agora poderia respirar normalmente. Mas então, como um pequeno flash, eu o vi.

Ali, a apenas alguns metros de mim, estava Harry James Potter. O garoto que sobreviveu e supostamente deveria cumprir uma profecia que não lhe pertencia.

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