Prophecy - | Draco Malfoy |
Por muitos anos alimentei meu medo de ficar sozinha. Por muitos anos senti como se eu não fosse o suficiente para ser amada e para que desejassem ficar; Merlin me diria que não passa de um efeito colateral da morte... A tristeza, o temor, a insegurança.
A morte bate a nossa porta e daqueles que amamos, tudo se torna apenas uma questão de atende-la. Mesmo reconhecendo, o processo não se torna menos doloroso ao perder uma pessoa com quê nos importamos; A cada morte que vivenciei, um pouco de quem eu sou foi embora e o espaço se tornou vago para o medo.
— Eu imaginei que viesse me encontrar aqui. Esperei por você a noite inteira.
O som de seus passos contra os galhos dispostos no chão se torna mais alto a medida que se aproxima de mim. Assim que ele se posicionou ao meu lado eu senti sua mão esquerda apertar meu ombro; Então assim que era o toque reconfortante dele? Aquele que eu almejei ter por tantos e tantos anos?
— Pai. - chamei, liberando o ar preso em meus pulmões. — O quê você acha da morte?
— Quando a morte senta para contar algo, para alguns não adianta tentar escapar. O quê resta... Puxar uma cadeira e se sentar, a ouça. - pausou, mantendo-se em silêncio por alguns segundos a fio. — Não demora, a morte costuma se apressar com seus finais.
— Mas você conseguiu escapar. - ri fraco, negando com a cabeça. — Você escapou da morte ao tirar a vida de outras pessoas...
— E quanto a você, Makayla Riddle? - alfinetou, mantendo seu tom de voz frio. — Fez o mesmo que eu a alguns anos.
Estou a anos fugindo disso. Tentando enganar minha mente sobre tudo que aconteceu, como se eu pudesse empurrar tudo para de baixo de um tapete. Esperava que o tempo curasse isso, mas nunca deixei de refletir e absorver tudo.
Eu tentei fugir quando as coisas apertaram, mas fiz isso pelo medo... Medo de me identificar com ele. Eu simplesmente odeio isso, por que confiaram em mim para ter tanta responsabilidade? Constantemente eu falho, eles não deveriam confiar em mim.
— Não me surpreendo que você tenha descoberto. - divagou. — Mas existe algo sobre as Horcrux que talvez você não saiba, filha... O objeto que vai ser transformado costuma ser algo de valor para o bruxo, algo de ligação emocional.
— Eu supostamente deveria me sentir bem? - indaguei despreocupada. — Me sentir bem ao saber que matou a minha mãe para me transformar em sua Horcrux? Me sentir bem apenas por você dizer ter alguma ligação emocional comigo?
— Não quero que sinta nada, Makayla. Os sentimentos nos enfraquecem, assim como eles estão fazendo com você. - retrucou, levando sua mão para longe de mim. — Mas eu não a escolheria atoa... Quando te encontrei pela primeira vez desde o meu retorno, eu soube. Eu soube que descobriria tudo, soube que você poderia se tornar grandiosa se estivesse no lado certo.
— E o que pretende fazer agora?
— Nada. - disse simples. — Caso algo aconteça com você, eu ainda tenho minhas garantias... - o fitei pela primeira vez, ele retribuiu de forma inexpressiva. — Não preciso mentir para você numa tentativa de me proteger, filha.
Eu assenti e nos mantivemos em silêncio. O Lorde permaneceu com seu olhar fixo em mim, logo tive a sensação de que ele estava esperando que eu chorasse. Isso me irritou, porque eu sabia que podia sim acontecer; Eu odiava que previssem minhas reações emocionais, principalmente um homem.
— A morte ainda te assombra. - declarou. — Por isso pensa nela com tanta frequência, não? Você continua remoendo o que fez em Godric's Hollow.
— Eu sempre irei. Me desculpe se não sou quem você esperava, papai.
— Ora, não precisa levantar tanto a sua guarda comigo. - ironizou. — ... Contou a algum deles?
— Não! ... No feriado de Natal, eu quase... Eu quase contei tudo a uma amiga. - engoli em seco. — Eu tentei, mas não consegui dizer nada. Eles me veriam como... Como...
— Como eu. - confirmou, dando de ombros. — Não se sinta envergonhada ao ser comparada com o maior bruxo das trevas, para qualquer outro seria uma honra.
— Eu não mato pessoas apenas para inflar o meu ego, Tom. - aumentei o tom de voz.
— Então por que assassinou Merlin naquela noite? - rebateu, mas sua voz permaneceu imparcial. — Por que matou seu avô, o homem que criou e amou você, naquela noite do dia 24 de dezembro?
Eu senti o veneno infiltrar minhas veias, escorrer pela minha pele e arder como brasa. Me lembrei daquela noite... Eu sinto o sangue quente escorrendo pelas minhas mãos, enquanto meu pai assiste e ri. Isso me acompanha a vida toda, seja no pico mais alto ou no inferno.
— Você não têm o direito de falar sobre isso. - rosnei. — Eu não fiz aquilo por ego, eu não fiz aquilo por poder....
— Sim, você fez. - virou-se em minha direção, mantendo seu rosto a pouca distância do meu. — Eu sou o seu pai, Makayla. A artes das trevas sempre foi cultivada em você, e uma parte de si se sentiu poderosa.
— Não... Eu nunca...
— Sim. - riu amargo. — Você se sentiu no controle da sua vida pela primeira vez quando assassinou Merlin, sentiu o poder correndo por suas veias. Pela primeira vez você entendeu o que seu pai sente, e viu algo que finalmente poderia completar você.
Engoli em seco. Eu tentei puxar meu corpo para longe dele, mas os meus sentidos não pareciam me obedecer.
— Não negue a sua natureza, Makayla. - tocou meu rosto com sua mão fria. — Você foge disso porque sabe que se sentiu completa, porque conhece o seu destino.
Eu senti o amargo dos alvejares da vida, desfigurei a cada minuto que se passava e esvai em contos de mim mesma. Onde a noite fez lugar como as trevas escondidas em mim, deixei tudo fluir como deveria... Valia mais a pena viver aquele instante do que sofrer por verdades que tanto me machucam.
Mas uma parte de mim ainda pensava em eterna tristeza e arrependimento... Porque, não importa o quanto eu negue, Voldemort estava certo.
— Apenas pense, Makayla. - disse num sussurro, enlaçando suas mãos em meus fios de cabelo. — Você poderia deixar toda dor de lado... Você estaria livre dos fantasmas do seu passado, não iria mais precisar se esconder e reprimir seu poder... Poderia ser aquela que nasceu para ser. - fitou meus olhos. — Poderia estar comigo, como você sempre desejou...
Fechei meus olhos e soltei o ar que estava prendendo. Eu ainda podia sentir suas mãos frias amassarem minhas bochechas, mas não era de todo tão ruim... Esta era a primeira vez, em meus dezessete anos, que pude sentir o menor afeto vindo do meu pai.
— Eu preciso ir, e você deve voltar para a escola. - eu assenti, me afastando de seu toque. — Makayla... Não se sinta mal por desistir de uma pessoa que desistiu de você primeiro, as vezes pode ser como tirar um peso enorme dos ombros.
— Como você...
— Eu não deixaria minha filha sozinha. - afirmou. — Estou sempre vigiando você, Makayla. Apenas peço que em troca possa considerar a proposta que venho lhe fazendo...
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Prophecy | Draco Malfoy
Fanfic🅟🅡🅞🅟🅗🅔🅒🅨 | "Sim, eu te usei. Sei que não agi da melhor forma e que eu te desiludi, nunca foi minha intenção magoar você desse jeito. Mas todos sabemos que no final, você sempre vai voltar para mim." 🅗🅐🅡🅡🅨 🅟🅞🅣🅣🅔🅡 - 🅙🅚 🅡🅞🅦🅛🅘...