30• December 24th

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Prophecy - | Draco Malfoy |

Minha mão estava entrelaçada a de London, enquanto repousava a cabeça sobre seu ombro; Draco estava de costas, sentado com as pernas para fora da Torre de Astronomia

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Minha mão estava entrelaçada a de London, enquanto repousava a cabeça sobre seu ombro; Draco estava de costas, sentado com as pernas para fora da Torre de Astronomia. Os alunos estavam no Salão Principal, mas a morena conjurou um jantar ao ar livre, segundo ela eu precisava me distrair um pouco e tentar esquecer do encontro inoportuno com meu pai.

— Onde vai passar o Natal, Malfoy? - indagou ela.

— Talvez por aqui mesmo. - deu de ombros. — Não quero voltar para casa...

O loiro virou seu pescoço e nossos olhares se cruzaram por uma fração de segundos; Tentei sorrir fechado para o maior, mas saiu quase como uma carranca vergonhosa.

— Ei, por que não vêm para minha casa? Meus pais com certeza não se importariam, e Makayla aceitou o convite a alguns dias. - um sorriso brincava no canto de sua boca. — E não queremos deixar você em Hogwarts.

— Obrigado, Lon. Mas eu preciso de um tempo sozinho. - seus ombros tensionaram. — Mas talvez eu as encontre para o ano novo, tudo bem?

E com isso os dois engajaram uma conversa animada sobre a festa de ano novo. Eu tentei me entusiasmar com eles, mas era esplêndido o poder de uma lembrança ruim; Ela gruda em você como um carrapato e não desgruda de jeito nenhum, realmente como um parasita que suga sua alegria e, aos poucos, sua energia.

Alguns momentos do seu passado te deixaram marcas que são complicadas de se apagar. Essas marcas afetam sua vida futura e a maneira que você lida com as pessoas; Mesmo que esteja bem, esses traumas vão lhe deixar dilacerado.

E eu estava dilacerada desde 24 de dezembro.

— O quê você acha, Makayla? - cutucou meu ombro. Levantei o olhar para London, fitando suas orbes negras com a expressão confusa. — Pelas barbas de Merlin, não ouviu nada do quê dissemos?

— Desculpa, estava viajando um pouco. - ri fraco. — O que foi?

— Eu dei a ideia de viajarmos no ano novo, podemos nos encontrar na estação de Hogwarts. - disse Draco. — O ano novo em Godric's Hollow sempre foi um dos melhores de todo o mundo bruxo.

Um arrepiou percorreu minha espinha enquanto eu engolia em seco. Godric's Hollow era uma vila localizado no sudoeste da Inglaterra; Uma pequena comunidade, com apenas uma igreja, um posto policial, um bar e algumas lojas.

— Não podemos ir em outro lugar? - arqueei a sobrancelha. — Quer dizer, Godric's Hollow não passa de uma vila... Podemos aproveitar o ano novo como os trouxas, o que acham? Uma vez eu estive no Hawaii com meu avô e foi brilhante.

— Pode ser uma boa ideia. - a garota deu de ombros. — Sempre quis conhecer um pouco dos costumes trouxas, talvez seja uma oportunidade. O que acha, Draco?

— Tudo bem, nunca conheci muitos lugares dos trouxas. - acenou com a cabeça. — Podemos aparatar, como estamos no 7° ano não vai ser um problema.

— Mas eles não aceitam galeões, certo? - perguntou a Longbottom. Assenti para ela. — Precisamos do dinheiro deles.

— Eu e Merlin sempre estivemos no mundo trouxa, tenho algum dinheiro que ele me deixou. - ambos sorriram para mim. — Provavelmente vai ser o suficiente, então não precisam se preocupar com isso.

E novamente os meus dois amigos voltaram a discutir sobre nossa viagem; Eu, no entanto, estava feliz por conseguir fazer com eles desistissem de ir a Godric's Hollow tão facilmente, ainda não estava pronta para retornar ao lugar onde tudo aconteceu... O lugar onde eu me transformei no meu pai.

Debrucei-me no parapeito que tinha ali, o tempo fechava lentamente e eu respirava profundamente para não me queixar mais uma vez. Eu sentia a sua ausência, e olhando ao horizonte me sentia menos covarde em admitir minha culpa.

Segurava na mão esquerda uma taça de suco... Me lembro de que teimei em questionar as coisas que estavam diante dos meus olhos, tentava me agarrar em uma sensatez tão tola e ingênua, que senti pena de mim mesma por alguns minutos.

Procuramos entender as coisas que precisamos apenas sentir, a vida passa e ficamos presos olhando o horizonte e nos perguntando : "Poderia ter sido diferente?". Sim, poderia.

O meu rancor era mil vezes mais desgostoso do que essa taça de suco. Eu me apegava a objetos esquecidos por Merlin, tentava me segurar com aflição as minhas lembranças; Eu não queria esquecer, mas não queria me lembrar, porque a lembrança era assumir que errei. Assumir que errei, que falei muito e ouvi pouco, que não escutei meus instintos e suas intuições; Assumir que estava cega pela ira.

Me pego segurando o choro, com o vento batendo em meus olhos e fazendo com que eles ardam. Fico acreditando na tolice de que algum dia ele possa voltar; E por isso que todos os dias eu bebia suco de limão, porque espero um dia tomar uma taça deste suco feito por ele...

Eu não lhe pediria perdão, pois ele sabiamente diria : "Não peça desculpas a mim, mas desculpe a si mesma e aceite que nem sempre podemos ter razão, mas que devemos ser justos."

— Gosta de observar a chuva? - indagou Malfoy. Seus braços estavam enlaçados em minha cintura, nossos corpos colados um no outro.

A chuva estava chegando aos poucos, com pingos grandes e ventos fortes. Me lembrei que precisava praticar feitiços para a aula de DCAT, que precisava me encontrar com Albus Dumbledore daqui alguns dias e de que precisava tomar um longo e morno banho na banheira do quarto de Draco.

— Eu adoro. - sorri fraco. — Os dias chuvosos não me trazem tantas lembranças boas, mas existe uma certa beleza neles.

— Me lembro que uma vez disse que meus olhos te faziam lembrar dos dias nublados. - sussurrou em meu ouvido.

— E fazem. - ri, pendendo a cabeça para perto de seu tronco. — Os seus olhos cinza-azulados me lembram a chuva e o mar, eles são sombrios e eu nunca consigo os decifrar. - dei de ombros. — Mas pode ter certeza, eu me divirto bastante tentando.

Me virei para ele, entrelaçando minhas mãos na curvatura de seu pescoço e logo fitando London por cima de seu ombro. A morena sorria grande, erguendo sua taça em minha direção e logo virando todo o suco de limão que tinha ali.

Em um dia de chuva e ventos violentos, eles dois surgiram para mim com um sorriso largo; Vi a alegria estampada em seus rostos, os olhos brilhantes num momento de felicidade ampla que ambos compartilhavam.

Eu estava dilacerada desde 24 de dezembro, mas ao menos eu tinha a London e Draco. Mesmo que nossa permanência seja incerta, eu poderia partir alegre por saber que estive ao lado deles durante esse tempo.

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