JACKSON
Hoje começa às aulas extras que Bevelly me daria. Já deveria saber que ela não recusaria nada que o pai a pedisse. Meu pai e o pai dela são amigos desde o colegial.
Todo dia depois do colégio, às duas horas da tarde, exceto finais de semana, teria que ir para a casa dela. Não é assim que gosto de passar as minhas tardes, ainda mais quando a galera marca de se encontrar no Johnie's. Tenho que estar preparado para aguentar essa garota, até onde sei, ela parece gostar de mandar e tudo tem que ser a sua maneira. Assim não dá, assim não rola. Não gosto de seguir ordens de ninguém, muito menos de uma garota.Enquanto almoçava, tinha que escutar as mil recomendações do meu pai sobre como me portar na casa dos Briges. Segundo ele, todos são bastante reservados e não gostam de chamar atenção. Será que eles sabem o filho que tem? Josh fuma e mata aula. Isso é uma característica de uma família nos padrões corretos? Provavelmente não sabem das atitudes do filho.
Peguei a minha mochila e saí, andando em rumo a casa de Bevelly, que ficava à poucos minutos da minha. Meus passos estavam mais lento do que o normal, eu não queria chegar tão cedo, mas quanto mais cedo fizer isso, mais cedo estarei livre para me encontrar com a galera e simplesmente esquecer desse momento torturante de ter que enfiar a cara nos livros e aprender mais.
Não demorei muito para chegar. Já estava de frente para a casa dos Briges. Subi as escadas que levava até a varanda. A casa deles tinha uma tonalidade azul clara. Eu tinha que bater na porta, mas ainda estava pensando se era uma boa ideia. Não queria passar a tarde toda estudando, ainda mais com Bevelly, ela ia estourar os meus neurônios. Porém, meu pai ficaria de cima sobre isso e duvido que a certinha da Brige, fosse mentir sobre estar me dando aula. Poderíamos apenas fingir que estamos fazendo isso, quando, na verdade não.
Não tinha outra escolha, tive que bater na porta, contra a minha vontade. Estava aguardando que alguém atendesse. Embora, bem no fundo, queria usar essa demora de alguns segundos para poder dar a desculpa de que não havia ninguém. Essa ideia foi para o ralo quando a porta se abriu e dei de cara com Bevelly. O seu cabelo ruivo e curto estava solto, usava uma calça jeans e uma blusa azul, com um tênis branco. Seus olhos azuis me analisavam com cautela, ela não estava feliz com isso também.
— E aí, posso entrar? — perguntei com um sorriso de lado. Eu não consigo sorrir de outra maneira com as garotas.
— Entra. — ela disse secamente e deu passagem para mim.
Entrei e escutei ela fechando a porta. A casa está muito diferente desde a última vez que entrei. Os móveis eram outros e a cor das paredes também. No meio da sala, havia um enorme tapete vermelho com alguns detalhes brancos.
— Seus pais estão? — voltei a olhá-la.
— Não. Minha mãe está na loja dela e meu pai está na farmácia. — me respondeu com uma expressão séria, ela era sempre assim?
— E Josh? — tive a curiosidade.
— Josh saiu com uns amigos. — ela respondeu, mas senti a falta de ânimo em falar sobre o irmão. Os dois realmente não tem uma relação boa.
— Bom, vamos acabar logo com isso. — a ruiva colocou a mão na cintura — Não precisamos fingir. Você não quer estar aqui e eu muito menos, então quanto mais você conseguir entender alguma coisa, mais rápido isso chegará ao fim.
Direta. Isso é uma coisa boa, o que quer dizer que não precisamos ficar de pose.
— Tudo bem. Vamos começar. — concordei.
— Antes, vamos começar com a matéria em que você tem mais dificuldade. Qual é? — me perguntou, inquieta e sem me encarar.
— Todas. — disse com humor.
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Um Romance Nos Anos 80
RomanceA ousadia é só para quem pode.|| Bevelly Brige vive em uma pacata cidade, na qual a moral e os velhos costumes são tradicionalmente valorizados pelos moradores. Uma época onde qualquer comportamento fora dos padrões é motivo de fofocas e olhares cur...