BEVELLY
Ontem, meu pai chegou muito tarde da farmácia e não foi possível falar com ele, principalmente porque fui dormir na casa de Griselda. Até onde lemos o livro, tudo continuou tranquilo. Bella e Danca se aproximavam cada vez mais e rolava um certo tipo de intimidade, mas nada pesado por enquanto. Fui da casa de Griselda, direto para o colégio, acompanhada dela. Conversarmos um pouco sobre o livro, em como ele retrata tantas coisas e que não se trata apenas nudez e imoralidade. Temos a relação entre os pais, os amigos, tanto de Bella quanto de Danca.
As aulas foram normais como sempre. A cada explicação da professora, ficava satisfeita por saber de cada assunto. Minhas horas de estudos não estavam sendo em vão, tinha aprendido mais do que se podia imaginar. O dia estava lindo e eu queria poder sair e tomar um sorvete na companhia de Griselda no Johnie's. Só que isso não seria possível, porque tenho que dar aulas para o chato do Miller. Acho bom ele fazer isso valer a pena, não vou me esforçar se ele não for querer aprender nada.
O sinal para o intervalo tocou. Tudo que antes estava em silêncio, foi tomado por uma avalanche de falatórios e o barulho de um bando de alunos passando desesperadamente pelos corredores. Parece que essa liberdade de poucos minutos, já os enlouquecem fora do normal, como se a sala de aula fosse uma área de tortura, o que para boa parte do colégio é.
Saí tranquilamente da sala e me deparei com a cara de Griselda que era como se dissesse que não esperava outra coisa, porque sempre me atraso. Não acho que possa ser chamado de atraso, sou apenas civilizada.
— Eu não digo mais é nada. — ela riu. Dificilmente Griselda ficava de mau-humor.
— Lembra que você me ama. — disse rindo e andando ao seu lado.
— Vou ter que rever isso. — a sua voz bem-humorada chegava a me contagiar.
Andamos até o refeitório, que já estava completamente cheio. O que mais era possível se enxergar eram as cores azul e branco que compunha o uniforme de todos.
Peguei uma bandeja e comecei a servir o meu lanche de sempre, um sanduíche e um suco. Isso bastava para me deixar satisfeita, ao contrário de Griselda que pegava dois sanduíches, suco e torta. Ela ama comer. A genética dela é muito boa, considerando que é tão magra, mesmo comendo feito um leão. A minha também é, mas a minha dieta inclui bem menos comida do que a dela.Colocamos as bandejas em cima da mesa e nos sentamos. Ela não brincava em serviço, já estava comendo. Usando um guardanapo, peguei o meu sanduíche e dei uma mordida. A cozinheira desse colégio, além de ser bacana e gentil, sabe preparar excelentes lanches.
— Adoro o lanche daqui. — Griselda declarou e em seguida deu um gole do suco que havia pegado.
— Também acho. — tive que concordar, isso era a mais pura verdade.
— Hoje, vamos tentar ler um pouco mais de páginas desse livro maravilhoso. — sugeriu, mesmo que soasse mais como uma decisão.
— Por mim tudo bem. — concordei — Então, tente ir para a minha casa um pouco mais cedo.
— Vou ir. — acatou o meu pedido.
Uma figura loira com o cabelo meio preso em um laço azul, ficou de frente para a nossa mesa. Mandy. Ela adorava implicar e logo em seguida, as outras também, Laura e Nancy apareceram.
— Olá, meninas... — nos saudou com o seu falso humor, que era bem irritante.
— O que você quer agora? — Griselda bufou com impaciência.
— Griselda, queridinha, você vai ficar enorme se continuar comendo assim. Que horror. — implicou — É por isso que só sigo dietas saudáveis e não saio comendo como um porco. — ofendeu.
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Um Romance Nos Anos 80
RomanceA ousadia é só para quem pode.|| Bevelly Brige vive em uma pacata cidade, na qual a moral e os velhos costumes são tradicionalmente valorizados pelos moradores. Uma época onde qualquer comportamento fora dos padrões é motivo de fofocas e olhares cur...