Ajudei a minha mãe com a louça e depois de trocar de roupa, fui para a farmácia ajudar o meu pai com as mercadorias que haviam chegado. Ajudá-lo nisso já é um costume, ganhei bastante agilidade com isso. Estava organizando a última prateleira com algodões de variados tipos, o que significa que vou estar livre após terminar.
— Filha — meu pai saiu dos fundos com uma caixa vazia —, vou dar uma saída rápida, pode tomar conta da farmácia até Jimmy chegar? — pediu.
— Mas é claro pai. — assenti enquanto abria uma caixa cheia de pacotes com algodão — Pode ir tranquilo.
— Obrigado, meu anjo, por me ajudar sempre aqui na farmácia, sei que não é obrigação sua. — ele disse, agradecido.
Parei de organizar por um instante e olhei para a figura de altura mediana, com cabelos grisalhos, vestindo uma blusa azul e calça jeans. Ele parecia muito orgulhoso de mim, pelo menos ele reconhecia, já que isentava Josh de vários afazeres, que acabavam destinados á mim.
— Não tem que agradecer pai. — dei um sorriso educado e voltei para a organização, tenho um compromisso em menos de uma hora.
Dei mais uma olhada para ele que deu um sorriso para mim e deixou a farmácia. Faltava só mais uma caixa de algodão e finalmente já vou ter acabado. Coloquei a caixa vazia com as outras e peguei a última. Andei até a prateleira e me agachei enquanto colocava o restante dos algodões no lugar. Faltava pouco. A medida que ia organizando, estava lembrando de como minha mãe estava injuriada por Josh não ter aparecido para almoçar e mais ainda por ele não ter se dado ao trabalho de dar ao menos uma satisfação por isso, antes de sair de casa, ela estava reclamando desse ocorrido, mas não creio que vá castigá-lo, ela nunca faz isso.
Finalmente terminei. Quando me levanto, dou de cara com Jimmy me observando, tomei um leve susto por não ter notado a sua presença, nem vi quando ele tinha chegado.
— Você me assustou! — exclamei, segurando a última caixa vazia na mão.
— Ah, me desculpe, é que quando cheguei você parecia estar tão perdida nos seus pensamentos que não quis atrapalhar. — se explicou com um pouco de timidez visível, o que chegava a ser fofo.
— Tudo bem. — o acalmei — Já está aqui faz muito tempo?
— Não, para ser sincero acabei de chegar.
— Ah, sim. Bom, eu preciso ir, a farmácia está em suas mãos agora. — brinquei, tentando preservar o clima descontraído.
— Tudo bem. — riu , colocando as mãos no bolso, com o seu jeito acanhado de ser. — Pode ir tranquila.
— Até mais, Jimmy. — Coloquei a caixa vazia junto às outras e já estava seguindo para a saída.
— Bevelly — sua voz disse o meu nome sobrecarregada de doçura e timidez, então o olhei — Você fica linda quando prende o cabelo assim. — elogiou.
Acho que as minhas bochechas coraram um pouco, sempre fico sem jeito quando alguém me faz um elogio, sempre. Normalmente deixo o meu cabelo solto, que é a maneira que mais gosto, mas hoje resolvi prendê-lo em um rabo de cavalo.
— obrigada. — agradeci, um pouco retraída e acanhada.
— De nada.
Não disse mais nada e saí da farmácia, fiquei com um certo medinho do que pensa a minha amiga Griselda ser verdade, sobre Jimmy estar a fim de mim. Espero que não, até porque se meu pai descobrisse o demitiria na hora e também porque não tenho a mínima intenção de iniciar a minha vida amorosa por agora e só vejo Jimmy como um bom amigo.
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Um Romance Nos Anos 80
RomansaA ousadia é só para quem pode.|| Bevelly Brige vive em uma pacata cidade, na qual a moral e os velhos costumes são tradicionalmente valorizados pelos moradores. Uma época onde qualquer comportamento fora dos padrões é motivo de fofocas e olhares cur...