Capítulo 21

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O sinal do intervalo tocou e como de costume, todos os alunos esvaziavam a sala como se fosse um alarme de incêndio. A professora respirava fundo e nem perdia mais o tempo dela mandando eles saírem decentemente. Ser decente é o que os alunos desse colégio não sabem.

Jackson possivelmente já deve ter a nota da prova dele. Precisava vê-lo e saber como tinha ido. Falei para a Griselda que ia ao banheiro e que ela poderia ir pegando os lanches, quando, na verdade iria procurá-lo. Se contasse à Griselda que estava apoiando Jackson, ela pensaria várias coisas e com certeza nenhuma seria promissora. Ela era louca para que eu arrumasse um namorado e não perdia uma oportunidade de colocar lenha na fogueira quando me aproximava de algum garoto, mesmo tendo em mente que não tinha nada com ele.

Caminhei pelos corredores, tentando disfarçar a minha real intenção. Corria os olhos por todos os cantos à procura dele. Caminhei até a árvore que ele estava perto hoje de manhã, na expectativa que estivesse ali, mas ao chegar no exato local, percebi que me enganei. Talvez Jackson esteja no banheiro masculino pegando alguma garota e estou aqui me importando com ele. Acho que é melhor eu voltar para dentro. Ao me virar, dei de cara com ele. Que parecia não ter nenhuma expressão no rosto, o que não facilitava perceber se tinha ido bem ou não. Uma de suas mãos segurava um papel branco. Acho que é a prova.

— E aí? — perguntei de uma vez, sem me conter de curiosidade.

— Bevelly... — fez uma cara tristonha. Caramba, ele foi mal. — Sinto muito. Você foi legal e me ajudou durante todas essas tardes... — o cenho estava visivelmente abatido. Tentava buscar as palavras certas para consolar ele, mas não era tão boa nisso — Agora eu me tornei um nerd melhor do que você! — abriu um enorme sorriso de repente e me mostrou a folha da prova com um enorme A de vermelho. Jackson estava zoando com a minha cara.

— Você foi bem! — me empolguei junto á ele.

De forma inesperada, ele me abraçou bem forte e me tirou do chão ao rodar comigo. Fiquei um pouco zonza, mas continuei a sorrir.

— Sim! Estou indo bem! — saltitou de tanta felicidade — A cara de espanto da professora foi a melhor. Tinha que ver.

— Nem dá para julgar. Você era um péssimo aluno. — ajeitei a blusa que ele havia desarrumado ao me rodar daquela forma desgovernada e empolgada.

— É. Graças a você estou conseguindo melhorar. — ele tinha um olhar agradecido.

— Eu sabia que você era capaz. — dei um tapinha bem leve em seu braço.

— Você colocou fé em mim quando eu mesmo já não tinha. — deu um passo e ficou ainda mais próximo á mim.

— Sei reconhecer quando tenho uma aposta quase ganha. — brinquei com ele, que acabou rindo ao ouvir.

— Mas obrigado mesmo. Você é demais. — seus braços me puxaram para um abraço que era calmo, envolvente e inesperado.

— O mérito também é seu. — disse ao me afastar dos seus braços. — Amanhã tem prova de história, não é?

— Sim. — confirmou a minha pergunta — Vamos estudar mais hoje?

— No horário de sempre. — assenti.

— Estarei lá. Pontual como sempre sou. — fez uma cara brincalhona.

— Acho bom! — fiz uma expressão mandona. — Não se atrase!

— Vou estar ansioso para ver a general em ação. — zombou.

— Você que lute, soldado. — fui completamente sarcástica.

Um Romance Nos Anos 80Onde histórias criam vida. Descubra agora