Capítulo 28

1.4K 196 56
                                    

— É óbvio que ele estava dando em cima de você. — Griselda já se empolgou com a ideia depois de ter lhe contado sobre o ocorrido com o tal Julian, o qual ela soube me dizer o nome, já que não fomos formalmente apresentados.

— Ele deve dar em cima de todas as garotas. — acomodei a mochila nas costas enquanto andávamos de volta para as nossas respectivas casas. O sol estava um pouco mais forte do que de manhã.

— Com certeza. Ele é Julian Parker, é óbvio que dá em cima de todas. Mas você é linha dura, é um desafio para qualquer garoto. — bateu com o seu braço no meu brincando e começou a amarrar o cabelo loiro em um rabo de cavalo.

— Não quero ser um desafio, não sou um troféu para ser conquistado. — com cautela, retirei alguns fios do meu cabelo que caía sobre os olhos. Minha casa já estava bem perto e logo ela seguiria andando sem mim ao seu lado.

— Você é tão cheia de si, isso ameaça a masculinidade dos garotos. — Griselda riu do próprio comentário, ela achava hilário. A maneira fora de cálculo que ela andava era uma graça. Seus pés acabavam pisando em todos os mínimos buracos que encontrávamos pelo caminho.

— Talvez porque a masculinidade deles sejam mesmo frágeis. — consumei a sua frase repleta de humor, mas com um significado importante.

Foi necessário nos despedirmos ao chegarmos na porta da minha casa, hoje eu dormiria na dela parar colocarmos a leitura do nosso livro em dia. A observei caminhar em rumo a sua casa sem olhar para trás. Após perdê-la de vista, subi as escadas que levava até a varanda da minha casa e entrei. Já conseguia sentir o cheiro da comida feita por minha mãe, ela tinha o dom para cozinhar.

Levei um susto ao ver meu pai e minha mãe, sentados no sofá e me encarando. Eles não tinham nenhuma expressão que detectasse que haviam descoberto alguma coisa errada sobre mim, mas estavam sérios. A posição que estavam sentados e o clima estranho na sala, indicava que o assunto era comigo e não era um qualquer.

— Filha, precisamos conversar. — minha mãe foi a primeira a falar alguma coisa. Seu olhar doce que transmitia calmaria estava presente.

Obediente, me sentei no sofá de frente para eles. Confesso que, no fundo fiquei nervosa para saber do que se tratava essa reunião tão inesperada. Raramente isso acontecia.

— Bevelly, sempre notamos o quão distantes você e Josh se tornaram. Isso virou um assunto delicado e percebemos que foi iniciativa da parte dele, sempre notamos a maneira como chegava em casa, a forma que lhe dirigia a palavra. Não interferimos porque acreditamos que isso deveria ser resolvido entre vocês dois, a nossa interferência nunca mudou em nada na época em que vocês tinham alguma briga quando criança. Josh nos contou toda a verdade sobre o que aconteceu, sobre ter se apaixonado por uma garota que não o correspondia, sem detalhes é claro. Ele está tentando mudar, filha. — meu pai foi quem desenvolveu todo o assunto que se trataria aquela conversa. No fundo, não conseguia acreditar que Josh contara aos nossos pais o que aconteceu com ele.

— E daí? — cruzei as pernas e recostei as minhas costas no sofá, tentando pensar o que eu tinha a ver com isso.

— Ele acha que não vai conseguir o seu perdão. — contou-me minha mãe que tinha os dedos das mãos entrelaçados sobre o seu colo com uma saia floral e uma blusa branca de abotoar.

— E ele está certo. — falei diretamente enquanto baixava o olhar e o elevava de novo. Não era um assunto fácil de lidar e eu nem queria fazer isso, até porque havia desistido de Josh faz um tempo.

— Filha, ele é seu irmão. — meu pai me disse como se eu não soubesse, como se eu fosse a mais velha e tivesse alguma obrigação de fazer algo a respeito.

Um Romance Nos Anos 80Onde histórias criam vida. Descubra agora