〰 capítulo 1 〰

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Tudo começa com a Julieta sendo tão devota ao amor de Romeu, como se nunca mais fosse encontrar "o verdadeiro amor", como se não existisse mais homem algum para a fazer esquecer dele. Ela se entrega, se debruça, como se o proibido fosse mais gostoso... E então ela acaba tendo uma brilhante ideia de se fazer de morta, assim quando todos pensarem que foi pro outro plano, poderia fugir com seu amado. Mas Romeu, pobre Romeu, subestimou a capacidade intelectual da sua amada, e tolo de amor, apunhalou-se a si próprio, temendo não conseguir viver sem a sua dama... E faleceu por cima do seu falso cadáver.

Ou eu estou contando a história errado? Não sei. Também não me importo. Esse negócio de amor verdadeiro é mera imaginação utópica. Não acredito que isso exista no mundo real. Se Romeu amasse Julieta de verdade, não morreria por ela, isso não é amor, é loucura disfarçada. Julieta jamais esperaria que ele terminasse assim.

E não, não ligo se me chamar de anti-romântico, só tento não idealizar o amor a ponto de colocar a minha vida em risco como os tais. Entre me matar pela minha paixão e tentar fazer com que meu amor por ela seja eterno, prefiro ir dar banho no cavalo. Os cavalos devem ser exaltados, eles fizeram um árduo trabalho. Na vida real, o amor verdadeiro acaba no tribunal, decidindo guarda de filhos e repartição de bens. É só isso que casais buscam hoje em dia, sucesso econômico acima do amoroso.

ㅡ Jung Yun Ho!! ㅡ Soyeon entra no meu quarto eufórica, me fazendo borrar na minha resenha com o susto. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, logo, arrumei a armação em meu rosto a dando atenção.

ㅡ Aigoo, Soyeon! Já falei que é um quarto de homem, você não pode sair entrando de qualquer jeito...

ㅡ Deixa de ser careta, você é meu irmão, não vai me expulsar. ㅡ Seus lábios rosados de transformaram numa tromba enorme, enquanto me encarava com cara de gatinho pidão.

ㅡ Aí vem... Fala logo o que quer, irmãzinha, tenho essa droga de livro pra resenhar. ㅡ Digo, buscando o corretivo líquido em cima da escrivanhia.

ㅡ Mano, preciso muito da sua ajuda! O appa!! O appa quer me casar!!! ㅡ Ela disse sacudindo meu braço como uma caixa de toddynho, me fazendo sujar o resto da folha toda com o corretivo. ㅡ Por favor, irmão, me ajude!!

ㅡ ... Aish... E porque isso é uma coisa ruim? Você finalmente se livrará dos nossos pais, como meu pai tem um bom dedo, vai ser um homem classudo e rico, aposto que será muito feliz. ㅡ Larguei dos seus aperreios, tendo que pegar outra folha pra recomeçar a resenha.

Jung Yun Ho, ninguém consegue ser feliz se casando obrigada. ㅡ Puxou meu colarinho encarando o fundo da minha alma, sua voz engrossou como se tivesse sido dominada por uma força maligna por alguns instantes. Engoli a seco sentindo cada fiapo do meu cabelo levantar. ㅡ Por favor, irmãzinho, me ajude com isso, e-eu não quero me casar... ㅡ Voltou a agir como um pobre broto desesperado, surgindo no meio do caos. ㅡ Como posso me interessar por um total desconhecido??

ㅡ Soyeon... O que quer que eu faça?? Você acha que sou capaz de persuadir nosso pai? ㅡ A encarei um pouco compadecente, não gostava de ver Soyeon naquele estado, como se fosse se desmanchar a cada toque. Ela era muito preciosa e delicada, faria de tudo para que um sorriso brotasse em meio às suas lágrimas dolorosas.

ㅡ Eu não sei... Mas eu sei que você vai dar um jeito, não é irmão?!! Você vai me livrar dessa, você faz isso por mim, não é? ㅡ Arrastou meu braço mais uma vez, soltei uma interjeição de dor e me soltei de si.

ㅡ Okay, okay, tudo bem! Apenas pare de chorar. Vai ficar tudo bem. ㅡ Seu rosto sofrido automáticamente ficou rosado e vivo, com um sorriso de ponta a ponta. Pulou em meus braços me dando uma sequência de beijinhos ao redor do rosto e um abraço caloroso. Aquilo sim eu gostava de ver - mesmo que ela fosse um tanto interesseira ao demonstrar afeto.

ㅡ Valeu irmão, você é 10, te amo demais!! ㅡ Saiu serelepe do meu quarto me deixando com aquela intriga. Sim, eu sofro do Complexo do Irmão Mais Velho, e Soyeon abusa desse déficit.

Observei a resenha suja em cima da mesa e acabei perdendo o interesse. Desliguei o computador e calcei minhas pantufas, descendo as escadas devagarzinho. Sabia que Soyeon naquele momento já estava longe da vista dos meus pais, talvez, se eu exercitasse meu dom de telemarketing e pegasse no pé do meu pai determinado, a logo livraria desse perrengue e assim me livraria dela também.

ㅡ Hmn... ㅡ Fiquei no pé da escada ao ouvir a voz de meu pai conversando com outro senhor, provavelmente o pai do noivo. Tentei olhar de relance para a sala onde os dois se encontravam, apenas na espreita. Como o esperado e sem chocar absolutamente ninguém, o homem era bem vestido, fino, elegante. O bigode fazia aquela curvinha estilosa, sem falar na maleta de dinheiro aberta que deixava a boca e os olhos de meu pai cheios de água.

ㅡ Aqui, sr. Jung. Isto é tudo que estou disposto a pagar pela mão da sua filha. Min Gi é um cara bondoso, e é bonito igual ao pai. Será um verdadeiro cavalheiro com Soyeon, não se arrependerá em tê-lo como genro. ㅡ Meu pai parecia ter sido abduzido a outro Universo, ajoelhando-se em frente a maleta e passando as cédulas de Euro no rosto como se fossem cremes anti-rugas.

ㅡ Eu estou finalmente milionário?? ㅡ Bati em minha testa, bom, dá de entender por que Soyeon se sente tão frustrada, tratada como um produto, até eu ficaria assim. Meu pai não pode ser tão burro, Deus...

ㅡ Epa! ㅡ O homem deu um tapa estalado na mão do sr. Jung. ㅡ Mas primeiro quero que Min Gi e a dama se conheçam.

ㅡ M-Mas é claro! Conte com isso!! Soyeon estará lá, não se preocupe.

ROMEU NÃO AMA JULIETA | ATEEZOnde histórias criam vida. Descubra agora