Rosas de vidro, pétalas de coração.

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Era manhã e Clementine não conseguira dormir

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Era manhã e Clementine não conseguira dormir.

Segundo sua própria reflexão, não tinha motivos para uma noite insone. Sua única culpa admitida era que – mais uma vez – Maria Belinha vira mais do que deveria, e mais do que a mãe gostaria que visse. A moça, que já estava envergonhada de guiar Ícaro, a quem vira nu em pêlos, entrou em estado de choque ao presenciar o enlace fervoroso dos franceses.

A menina se trancou no quarto e não quis conversar nem mesmo com a mãe. Certamente tentava assimilar tudo.

Clementine era da opinião de que o único a conseguir conversar com a menina e explicar tudo da maneira apropriada, seria Marcel. Ele era mais velho, eram amigos de trocar confidencias e Marcel sabia desinibir uma conversa como ninguém mais. Tinoco certamente se oporia à ideia, mas era melhor que deixar tudo sem explicação, como antes.

No fundo, outra coisa também incomodava a senhorita Desfleurs, entretanto ela teimava em admitir que aqueles pensamentos vagavam pelos recônditos de sua mente. Era uma mulher livre, experimentada, experiente e nada devia. Se desejara divertir-se com o corpo de Valentin, era um problema exclusivamente seu.

Porém, havia a impressão que a marcara como um carimbo. Em toda a vida Clementine já vira todos os tipos de olhares vindos de homens, menos aquele que misturava decepção, medo e dor. Aquilo era tão dolorido que ela não conseguira esquecer. Tinha ainda na equação o cesto com um bolo de gosto horrível que o homem deixava para trás. O sabor era uma mistura de fumaça e ovo mal batido. Estava intrigada. Não conseguia adivinhar o que acontecera.

Émile berrou do berço ao mesmo tempo em que alguém bateu à porta.

— Quem? — Perguntou enquanto corria para atender o filho.

Moi. — A voz de Marcel anunciou.

— Entre! — Clementine gritou do quarto de Émile enquanto tapava com uma flanela o rosto dele e o seio no qual o menino mamava.

Marcel trancou a porta atrás de si assim que entrou e sentou-e na cama desarrumada. Não queria que alguém interrompesse a conversa ou o café da manhã de Émile.

— Que desejas tão cedo? — Clementine resmungou.

— Sua opinião. — Marcel deitou-se no colchão ainda quente pelo uso recente e abraçou uma almofada. — Acha que devo conversar com Belinha?

— Pergunte aos pais dela. — A irmã foi objetiva.

— Gostaria do seu aval, preciso de alguém que me defenda caso interpretem errado minhas intenções. — Explicou em tom preguiçoso.

— Acho que deves. Ela se sentirá envergonhada se os pais tentarem. — Clementine expôs sua opinião.

— Sinceramente, irmã... Primeiro foi surpreendida com um homem nu, agora aos beijos com outro. — O homem atentou a irmã que saiu do quarto do sobrinho e lançou nele um olhar enfurecido, contudo isso não o intimidou. — Você já foi mais admiravelmente discreta.

Tesouro de Clementine (Donas do Império - Livro 2) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora