Mesa cheia, baú vazio.

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Quando Valentin, Marcel, Clementine e Émile chegaram a casa para tomar o desjejum, na mesa já se encontravam Bárbara e o esposo Tinoco que se dedicava mais aos trabalhos externos e passara as últimas semanas viajando para arranjar provimentos

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Quando Valentin, Marcel, Clementine e Émile chegaram a casa para tomar o desjejum, na mesa já se encontravam Bárbara e o esposo Tinoco que se dedicava mais aos trabalhos externos e passara as últimas semanas viajando para arranjar provimentos. Chegara no dia anterior, mais cedo que Valentin, e desde então a esposa era só amores e mimos para com ele. Maria Belinha também estava feliz com a volta do pai e especulava sobre a viagem com energia descomunal.

À mesa também estava Matilde, que tinha expressão sonhadora no rosto e fitava o prato como se a qualquer momento fosse propô-la em matrimônio.

Os Desfleurs e Lyon acomodaram-se para a deliciosa e divertida refeição que os esperava.

Enquanto isso, Ícaro retornava para a própria fazenda. Resolvera por tomar um caminho alternativo para chegar até a sede e esse passava por uma mata fechada. Tratava-se de um trieiro muito estreito, no justo tamanho para a passagem de apenas um cavalo. O homem julgava agradável ir por ali, pois era possível ouvir o ecoar do som das águas de uma pequena queda d'água que por perto. Era dessa fonte que vinha a água da sede da propriedade. Ícaro admirava os troncos de formatos diversos e aspirava fundo o ar fresco com cheiro de mato enquanto seu cavalo seguia em marcha lenta.

O homem, atento aos troncos, avistou uma moita de orquídeas em flor. As minúsculas flores agregadas em um pendão tinham cor amarela que se destacava em meio a todo aquele verde e marrom.

Ícaro aproximou-se para pegar a planta e apeou do cavalo. Enquanto ainda olhava para cima, arrancou o facão da bainha de couro presa na sela de seu animal. A intenção era levar o pedaço do galho onde a orquídea estava, afinal, ela dificilmente sobreviveria sozinha.

— Dona Perpétua vai gostar demais dessas, Reinante. — Ícaro falou com o cavalo e o animal bufou como se concordasse.

A empolgação do homem acabou quando ele olhou para o chão e viu um corpo caído de forma desconjuntada. As costas nuas estavam muito machucadas e das feridas começava a correr pus grosso e fedorento.

Ícaro guardou o facão na bainha e foi até o enfermo. Colocou a mão estirada sobre o corpo e percebeu que ele ainda estava quente da vida que segurava em si. Conferiu a respiração e, apesar de fraca, mostrava que o homem ainda tinha chances de sobreviver. Quando Ícaro analisou o todo da fisionomia, percebeu que aquela era a pessoa que Clementine libertara do pelourinho.

Tinha conseguido fugir até ali nas piores condições, mas certamente não aguentou dar nem mais um passo.

Ícaro considerou jogar o homem sobre o lombo do cavalo e carregar até a casa, mas concluiu que seria imprudente. Era melhor transportar ele até lá em uma esteira de bambu, por isso terminou de chegar na casa, reuniu ajuda de homens fortes dispostos e retornou.

Quando a turma saiu da mata para uma iluminação mais forte, Ícaro pôde ver o estado real do homem. Tinha os lábios rachados, a pele pálida e suava sem parar.

Tesouro de Clementine (Donas do Império - Livro 2) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora