Tesouro perdido

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Na sala da casa de Ícaro, Marcel explicara o ocorrido para Clementine

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Na sala da casa de Ícaro, Marcel explicara o ocorrido para Clementine.

— Quando acordei pela manhã vi que ele não estava no berço, pensei que estivesse com Bárbara, mas me enganei. Começamos a procurar pelos arredores, porém ninguém o vira. — O francês passou as mãos sobre o rosto. — Provavelmente foi levado, mas quem o faria?

— Deram falta de alguma pessoa? — Clementine disse com voz trêmula.

— Não. Todos estão lá e segundo fui informado na morada dos empregados também não falta ninguém. — Contou.

Só uma pessoa veio à mente de Clementine, a única que conhecia a casa e tinha motivos para odiá-los.

— E se Antônia voltou? — Os olhos dela marejaram.

Um lampejo de pânico passou pelos olhos de Marcel.

— Então a vida dele está em risco. — Ele mesmo começou a chorar. A irmã tinha confiado o filho a ele.

— Não adianta lamentar. — A francesa disse enquanto sentia o peito pesado. — É preciso procurá-lo.

— Organizarei meu pessoal para que procurem pela propriedade de Basto Mato, certamente ocorreu na madrugada e ela não está longe. — Ícaro disse finalmente, antes era como se ele não estivesse ali.

— Marcel, você voltará para Flor Bonita. Separe todos em dois grupos. Um deles deve levar a notícia para as fazendas vizinhas e o outro irá procurar por Flor Bonita. — A mulher tentou se manter centrada, por mais difícil que fosse não sentar chorar.

— E você? — Ícaro questionou.

— Vou agora e sozinha. — Ela disse. — Tenho mais experiência em buscas.

— É perigoso. — Ícaro tentou chamá-la à razão.

— Um grupo grande chama atenção, talvez se eu estiver sozinha consiga negociar com ela. — Clementine argumentou.

— Conheço minha irmã — Marcel dirigiu-se ao cunhado —, ela não será demovida facilmente e nosso tempo é precioso.

Ícaro anuiu.

Clementine pegou duas armas e colocou nos bolsos do vestido. Enquanto Ícaro e Marcel organizavam grupos de busca, a mulher selou Lumière e saiu sem rumo certo, seguindo a própria intuição. A sensação de vazio absoluto era opressora. Havia choro, mas estava entalado na garganta. Não saía, apenas ficava abafado.

Nada fez Clementine descer do lombo do cavalo. Nem mesmo o calor do sol que tomou o lugar dos primeiros raios da manhã. A partir da hora do almoço o calor era insuportável, a pele ardia tanto que a francesa vestiu a capa que estava presa à cela. Suava em bicas, mesmo assim não desistiu.

A propriedade de Sorte era muito grande para percorrer em apenas um dia, porém Clementine tentava ir o mais distante possível. Quando terminaram os lugares de pasto aberto, passou a se embrenhar nas matas, aproximando-se cada vez mais do grande e caudaloso rio que ficava nos ermos da fazenda, quase na divisa com outra terra.

Tesouro de Clementine (Donas do Império - Livro 2) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora