Mais algum tempo se passou em normalidade, dias de rotina e cheios de trabalho. Ícaro enviou mensagens porque não pôde sair da fazenda. Os afazeres urgiam e necessitavam de atenção. Por sua vez, Clementine também trabalhou muito, uma vez que a família Silva fora para a cidade a fim de fazer os últimos ajustes para o casamento que seria dentro de alguns dias.
Era raro que ficasse sozinha com o trabalho, mas aconteceu. Além dela, estava em casa Marcel, que se dedicava a cuidar do sobrinho.
O tempo passou rápido, como sempre passa quando temos muito que fazer.
À noite, na véspera da viagem para o casamento, Clementine arrumava as próprias malas e as de Émile. Colocava as roupas dentro dos espaços retangulares em fileiras perfeitas e enroladas como cilindros, para que não ficassem amassadas.
— Não consigo encontrar o alfinete azul... — A mulher resmungou em francês enquanto revirava uma gaveta.
O alfinete azul era par do vermelho e ela usava para prender as fraldas do filho. Não era grande coisa, mesmo assim era par, se Clementine não encontrasse um não conseguiria usar o outro.
A francesa saiu do quarto e foi até o de Marcel. O irmão já estava de mala pronta, por isso cuidava do sobrinho enquanto ela estava ocupada.
Ela abriu a porta, viu Marcel e Émile brincado com bois de madeira sobre a cama.
— Marcel, o alfinete azul está aqui? — Perguntou enquanto procurava na gaveta onde ele guardava objetos do sobrinho.
Entretanto não encontrou.
— Há dias que não o vejo, talvez esteja no quarto de Maria Belinha. — Ele respondeu de testa franzida.
— Talvez esteja. — Clementine concordou.
Ambos foram para o aposento de Maria Belinha e procuraram na gaveta reservada aos objetos de Émile, mas não encontraram o alfinete.
— Muito estranho, estava guardado no meu quarto. — A mulher falou com uma mão na testa como se aquilo pudesse ajudar a lembrar.
— Talvez esteja no pote de objetos perdidos. Você sabe, na cozinha. — Marcel sugeriu.
— Verdade. — Ela estalou o dedo médio contra o polegar.
Como havia uma grande movimentação de pessoas pela casa e nem sempre era possível saber quem perdeu determinado objeto, Bárbara colocou na cozinha um pote onde era guardado tudo que fora encontrado por alguém que não sabia a quem devolver o achado. Volta e meia havia brincos e abotoaduras dentro do pote. Clementine era sempre muito cuidadosa com os próprios pertences e raramente os perdia, por isso até esqueceu a existência do pote.
A mulher olhou no dentro do recipiente apenas para encontrar o vazio. Nem mesmo um botão havia ali.
Marcel, que tinha colocado Émile no cercado da sala para brincar, estava logo atrás de Clementine.
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Tesouro de Clementine (Donas do Império - Livro 2) [Concluído]
Historical Fiction[Romance] Dizem que sorte é quando a oportunidade encontra o preparo. A marquesa de Diamantais ofereceu para senhorita Desfleurs a oportunidade de esconder-se em uma de suas propriedades mais suntuosas. Sem melhores opções, a desesperada grávida ace...