Decisões

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- O que acha de nos casarmos? - Ícaro perguntou de repente

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- O que acha de nos casarmos? - Ícaro perguntou de repente.

Era manhã do nono dia desde a passagem de Perpétua e pela quinta vez eles acordaram juntos. Logo Clementine tomaria café da manhã e partiria para Flor Bonita. Sempre ia, ficava algum tempo com Émile e depois voltava para Basto Mato.

- Você tem sofrido muito com essas idas e vindas, seus olhos estão quase roxos. - Ícaro suspirou sentindo-se culpado. - Não há motivos para permanecermos separados.

Eles estavam deitados no centro da cama. A perna direita de Clementine estava sobre o colchão, sobre essa estava a perna esquerda de Ícaro coberta pela outra perna da mulher que tinha sobre si a perna direita do namorado. Estavam frente a frente, entrelaçados. Uma mão dela se via espalmada peito do homem. A mão esquerda dele estava pousada sobre o quadril de Clementine, coberto pela roupa de dormir, a outra brincava com os cabelos soltos.

- Acho uma excelente ideia. - Clementine fechou os olhos enquanto pronunciava as palavras e sentia o carinho dele.

Ícaro riu descrente.

- Sou sincera em minha resposta. - Ela abriu as pálpebras e contemplou o rosto dele, incrédulo. - Não era um pedido sério?

- Claro que sim! - Ele respondeu rápido demais, assustado. - Só não parece correto, quero dizer, e todas as pompas e circunstâncias?

- Dispenso. - Clementine cerrou as pálpebras outra vez. - Sou uma mulher resolvida, não preciso de pompas para aceitar a instituição do casamento. Podemos apenas assinar os papéis.

- Isso é sério? - Ícaro estava chocado.

- Sim, a menos que sonhe em se vestir de noivo e ter uma primeira dança... Enfim, isso tudo. - Discorreu.

- Na verdade, não. Eu faria isso por mamãe, mas ela já não está aqui. - A voz dele saiu cheia de amargura e Clementine passou a mão ao longo do braço despido.

- Pois bem, trago meus pertences para cá e enviamos um mensageiro até a cidade. - A mulher mudou a direção da conversa. - Continuarei trabalhando para Sorte, mas daqui.

- Tenho muita curiosidade em conhecer o casal de Diamantais. Já ouvi muito sobre eles, mas principalmente, que são extraordinários. - Ícaro comentou. - A começar pelos nomes.

Clementine sorriu.

- Mon coeur, eles pareciam destinados. É difícil explicar Sorte e Azarado... São um encaixe perfeito e exalam poder.

- Naturalmente, ambos são nobres. O poder é sua natureza primeira. - Ícaro virou de barriga para cima e cruzou os baços detrás da cabeça.

- Não esse tipo de poder. É outro, que faz o mundo obedecê-los sem que precisem forçar demais. Não são arrogantes, mas sua presença impõe respeito. - Clementine tentou explicar. - Por outro lado, são incrivelmente gentis, assim como as famílias de ambos.

- Existem boatos de que Émile é filho do marquês. - O homem disse com seriedade.

- Não. - Clementine pensou por dois segundos antes de prosseguir, mas se ia casar com Ícaro, era melhor contar a verdade. - Émile é filho de Weirtz.

- O famigerado que matou a esposa? - Ícaro arregalou os olhos.

- Sim. Não quero falar mais sobre isso, não hoje. - Ela suspirou.

Ele tinha dezenas de dúvidas, mas guardou todas para si.

Então ouviram sons de cascos de cavalo e uma movimentação fora do comum.

Uma voz conhecida gritava o nome de Clementine. Ela saltou da cama e abriu a janela do quarto com o coração aos pulos, de onde estava, podia ver Marcel sobre o cavalo.

- O que faz aqui? - Questionou. Sentiu um arrepio percorrer o corpo todo.

- Clementine, Émile sumiu! - Marcel, apavorado, anunciou.

A francesa sentiu as pernas enfraquecerem e debilmente se agarrou ao batente da janela. O coração batia descompassado e um zumbido alto a impedia de ouvir tudo que acontecia nos arredores. Quase caiu no chão, mas Ícaro a segurou.

Parecia mentira. Sonho. Entretanto era verdade... Marcel acabara de anunciar que Émile sumira. E o pior ela não sabia ainda. Não havia rastros.

Tesouro de Clementine (Donas do Império - Livro 2) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora