Tom foi algemado nas mãos, pés e pescoço. Ele aguardava a chegada da rainha de joelhos ao pé do trono.
Amina não demorou a aparecer. Estava toda trajada de preto e com a coroa dourada em sua cabeça. Um véu cobria sua face, mas era possível ver sua feição de deboche.
— Parece um cão abandonado. — ela gargalhou alto.
— Se está de luto, por que ri? — o lorde questionou.
— Pois a morte é engraçada. — ela se sentou no trono e cruzou as pernas. —Pena que não vi Arthur sufocar até seus últimos momentos.
— Isso não ficará assim. — os soldados puxaram a corrente de seu pescoço, impossibilitando-o de levantar.
— Melissandre vingará o soldadinho morto? — ela riu com vontade. — Faça-me rir, Tom.
Lorde Aaron chegou silenciosamente no salão e observava tudo de trás de uma coluna.
— Eu abusei mentalmente e fisicamente de você, como ainda continua tão voraz? Pensei que tinha bagunçado de vez sua cabecinha de porcelana.
Tom ficou quieto e baixou o olhar.
— Estou no aguardo de Melissandre. Espero que ela não demore.
Em cerca de meia hora, a tropa de Melissandre chegaria aos portões e encontraria uma emboscada, que levaria a sua morte.
Para que seu segundo plano desse certo, tudo deveria ser no horário combinado.
Alina vestiu um echarpe azul e saiu do quarto. Desceu as escadas de serviço no final do corredor esquerdo e foi parar na cozinha. Tom havia lhe confiado uma missão importante: explodir o portão leste. Ele lhe entregou uma das bombas e um relógio de bolso, que possuía uma fina ponta vermelha apontada para o horário correto.
— Tomara que dê tudo certo. — disse para si mesma enquanto saía da velha cozinha.
Chegar ao portão era um tanto difícil, uma vez que, ela era uma prisioneira e não deveria estar fora de sua cela romantizada.
"— Portão leste é o qual a princesa chegará daqui quarenta minutos. Exploda a bomba no estábulo ali perto e se aproveite da baderna."
Alina repetia para si mesma as palavras do lorde a fim de se encorajar.
Ela entrou no pequeno estábulo e se escondeu perto de um cavalo branco, enquanto aguardava a chegada do juízo final.
Melissandre se aproximava da cidade. Na entrada, havia cadáveres em decomposição e crânios, indicando que as mortes eram mais antigas. Eles diminuíram a velocidade.
— O que ela fez ao meu povo? — a princesa questionava-se a si mesma. — Isso é muito cruel.
— O portão ainda está fechado. — disse Jake observando com uma luneta.
— Será que Tom está bem? — perguntou Peter.
— Vamos aguardar aqui, ainda não deu a hora combinada. — ordenou a princesa.
Para chegar ao portão principal, era necessário atravessar a cidade. Caso o povo não gostasse da presença deles, poderiam atrapalhar, estragando o plano deles.
Eles aguardaram e aguardaram, quando faltava cinco minutos, Jake avisou.
— Majestade! Devemos ir agora.
— Mas e se o portão não estiver aberto? Seremos retalhados! — disse um homem da tropa.
— Eu não me conformei com esta vida, mas caso tenham se conformado em ser capacho, fiquem.
A tropa partiu. Alguns poucos homens ficaram para trás. O galopar dos cavalos contra o concreto do chão provocava um estrondo, chamando a atenção de todos.
— É a...
— Princesa!
— A princesa está viva?
Os plebeus comemoravam a volta de Melissandre e gritavam palavras de incentivo.
Pelas longas ruas, era perceptível a morte por inanição. Crianças e idosos eram os mais afetados.
Dois minutos. Se o portão fosse explodir como combinado, deveria ser naquele momento, para não cair destroços na tropa.
O portão de ferro estava na mira, mas continuava fechado. Um estrondo foi ouvido seguido de fumaça.
— É o portão do leste! — gritou um soldado.
Por alguns segundos, Melissandre achou ter visto uma mulher de vestido amarelo no alto da torre de vigia. No instante seguinte, o portão se abriu.
— Está abrindo! Avancem, homens! — gritou Jake.
Poderia ser uma armadilha, mas a princesa preferia acreditava ser uma outra estratégia de Tom.
A explosão também foi ouvida por todos. Amina, que estava sentada ao trono, tremeu levemente ao cogitar de que aquilo fosse um ataque de sua sobrinha.
Tom, por outro lado, suspirou de alívio e agradeceu por tudo ter dado certo.
— É Melissandre, Tom? — perguntou Amina com desdém.
— Como vou saber, estou preso aqui.
Lorde Aaron saiu de fininho e foi na busca da rainha.
A explosão do outro lado, havia encurralado os homens de Amina e liberado a passagem.
Eles finalmente adentraram a muralha.
— Vocês. — gritou Melissandre. — Sigam a explosão.
Um grupo de soldados foram cavalgando na direção indicada.
— Vocês vem comigo.
Eles desceram dos cavalos. Além de seu arco e flecha, Melissandre empunhava a espada de Arthur. Usá-la na batalha seria uma forma de honrar sua vida.
Jake e mais alguns homens giravam a grande e pesada manivela, que se encontrava do lado de fora, para abrir a enorme porta de madeira.
Todos os homens ficaram em posição de ataque, pois não sabiam quantos soldados teriam dentro do castelo. Melissandre posicionou uma flecha em seu arco. Sua mão tremia levemente de ansiedade.
Quando a porta finalmente se abriu por completo, havia apenas seis homens. E quando estes viram o enorme número de soldados que estava com Melissandre, o medo tomou conta.
A princesa atirou a flecha, que perfurou o metal leve da armadura e chegou ao coração do homem que estava na frente. Ele caiu para trás, morto.
— Deixem apenas um vivo.
Dada a ordem, os homens atacaram aquele pequeno grupo, que não teve chance alguma. E como ordenado, deixaram apenas um vivo. Melissandre foi até a porta. Peter ajoelhou o homem ao seus pés. Ele tremia e implorava pela vida.
— Por sorte você foi o escolhido. Leve um recado para minha querida tia.
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𝑯𝒊𝒅𝒅𝒆𝒏 𝑰𝒏 𝑻𝒉𝒆 𝑺𝒉𝒂𝒅𝒐𝒘𝒔 · Concluída
Mistero / Thriller❝ Quanto maior o reino, maior o seu poder, e com White Kingdom não era diferente. ❞ Princesa Melissandre Aurich passou quase toda a vida dentro dos limites do castelo. Isolada e sozinha, se viu diante de um impasse quando seus pais foram assassinado...