II

285 78 773
                                    

Prefiro os corvos do que os invejosos. Os corvos comem os mortos e os invejosos, os vivos.


O rei Joseph abriu os portões do pátio para receber o povo onde, outrora, eles atiravam pedras em sua filha.

Alguns cavaleiros vestidos com suas armaduras brilhantes traziam as pessoas, enquanto outros acendiam tochas para uma melhor iluminação.

Sir Arthur estava ao lado do rei, pronto para salvá-lo de qualquer ataque, se fosse necessário. Ele olhou para a janela do quarto da princesa, esperando vê-la observar a volta da multidão, mas foi sem sucesso.

O rei esperou todos ficarem em silêncio e apenas ser possível ouvir o barulho do fogo crepitando.

— Meu povo! Sei que falhei com vocês. Sei que deixei que lhes faltasse o alimento. E eu peço perdão. – o rei ajoelhou-se. – Eu, como rei de White Kingdom, jamais deveria ter permitido tal ato. Como prova de que estou profundamente arrependido, estarei entregando-lhes a comida que temos de reserva para o inverno!

O povo começou a murmurar.

— Não se preocupem! O inverno está longe e até lá, recuperaremos tudo que foi perdido. – ele se levantou. – Mas antes, alguns acontecimentos me deixaram bastante intrigado. Não é por que eu, rei Joseph III, falhei com vocês, que vocês têm o direito de atirar pedras em minha filha, a princesa deste reino e futura rainha. Ela não fez nada a vocês, e espero que a tratem com o respeito merecido, pois o crime de agredir um membro da família real é punível com a morte.

O silêncio era absoluto. Até que um cavaleiro gritou:

— Vida longa ao rei e à princesa Melissandre!

Então todos gritaram em uníssono.

— Vida longa ao rei e à princesa Melissandre!

·········· ៛ ··········

A princesa acordou de seu sono. O quarto estava escuro e somente a luz da lua o iluminava um pouco.

Ela se levantou e acendeu uma lamparina. Com isso, reparou no vestido de camurça vermelho que estava em frente à sua cômoda.

— Ah, tia Amina... – ela falava enquanto passava a mão pelo tecido delicado.

Logo se prontificou a colocar o vestido, já que ele não necessitava de muitos laços. Fez um coque alto com seus cabelos e saiu do quarto, em direção ao salão de jantar.

Antes de chegar até lá, encontrou Sir Arthur no caminho.

— Boa noite, princesa. Está sabendo das notícias? – ele tentava, miseravelmente, não olhar para as belas e delicadas curvas de Melissandre.

— Boa noite, Sir Arthur. Acabei de acordar, então não estou sabendo. – ela deu um riso.

— Seu pai, o rei, abriu as reservas para o povo. Está tudo certo agora.

Melissandre viu que os olhos violetas de Arthur não conseguiam encarar seu rosto, eles desciam, toda hora e lentamente para o decote.

— Isto é uma notícia maravilhosa, fico muito alegre! Sinto que um peso foi removido dos meus ombros.

— Este peso nem deveria estar aí, sendo sincero.

Um barulho foi ouvido do salão de jantar.

Melissandre apressou o passo para ver o que estava acontecendo.

— Majestade, por favor! Não vá na frente! – Arthur gritou, mas foi ignorado.

A princesa abriu a porta e se deparou com uma criada pegando as taças do chão, ou pelo menos, o que sobrou delas.

𝑯𝒊𝒅𝒅𝒆𝒏 𝑰𝒏 𝑻𝒉𝒆 𝑺𝒉𝒂𝒅𝒐𝒘𝒔  · ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora