CAPÍTULO 7

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Manu: Ivy, acho que me lembro de você de um seminário no ano passado. – sorriu com um olhar de reconhecimento.

Ivy devolveu o sorriso misterioso com um que parecia implorar por algo.


Eu podia jurar que Manu piscou-lhe o olho e novamente estava todo mundo feliz. Menos eu.


-- E o que você faz da vida, afinal? Quer dizer, além de organizar uma viagem para o inferno no meio do oceano.


Ivy: Sou botânica. – ela respondeu com simplicidade, ignorando meu mau-humor.


-- Botânica?! -- falei em tom agressivo como se fosse uma ofensa terrível fazer parte do grupo seleto dos admiradores de legumes

.


Ivy: Dou aula na universidade, mas isto não paga minhas pesquisas. Por isso também trabalho com o Gui ajudando-o na logística das campanhas publicitárias.


--Espero que seja melhor em biologia do que em organização de expedições.


Ivy: E o que eu fiz de errado até agora? – ela me encarou contrariada. Dava para ver que não era do tipo de baixar a cabeça quando se sentia ofendida. – Estamos no lugar certo e dentro do cronograma. Todas as bagagens chegaram sem se perderem pelo caminho e as acomodações são bastante satisfatórias. Então não vou tolerar que sequer insinue que sou incompetente.


Achei até engraçada a maneira como ajeitava os óculos nervosamente no nariz e ao mesmo tempo não recuava diante da minha arrogância.  Era como ver um pincher latindo para um pitbull. E este pitbull aqui chegou a sentir até uma certa admiração pelo modo como ela me enfrentou de queixo erguido.


Então lembrei que não devia simpatizar com o inimigo e retirei-me para o quarto, onde fui logo me jogando de cara na cama macia.

Malditos intelectuais! Malditos pilotos! Maldito Guilherme sem-vergonha!


Uma pedrinha atingiu minhas costas e soltei um gemido. Malditas pedrinhas também!


Mas espere lá... De onde viera aquela pedra?  Ergui os olhos para a cobertura e não parecia ter pedra nenhuma no forro.


Mais uma pedrinha me atingiu e pude perceber que vinha pela janela. Debrucei-me nela e lá estava minha bela nativa acenando para que eu fosse até lá.


--Agora? – sussurrei.

--Vem. – ela me respondeu sorridente.


Então fiz o que qualquer lésbica sensata faria numa situação como aquela: pulei a janela e quase quebrei as pernas.

Um amor improvável? GyIOnde histórias criam vida. Descubra agora