Manu: Ivy, acho que me lembro de você de um seminário no ano passado. – sorriu com um olhar de reconhecimento.
Ivy devolveu o sorriso misterioso com um que parecia implorar por algo.
Eu podia jurar que Manu piscou-lhe o olho e novamente estava todo mundo feliz. Menos eu.
-- E o que você faz da vida, afinal? Quer dizer, além de organizar uma viagem para o inferno no meio do oceano.
Ivy: Sou botânica. – ela respondeu com simplicidade, ignorando meu mau-humor.
-- Botânica?! -- falei em tom agressivo como se fosse uma ofensa terrível fazer parte do grupo seleto dos admiradores de legumes
.
Ivy: Dou aula na universidade, mas isto não paga minhas pesquisas. Por isso também trabalho com o Gui ajudando-o na logística das campanhas publicitárias.
--Espero que seja melhor em biologia do que em organização de expedições.
Ivy: E o que eu fiz de errado até agora? – ela me encarou contrariada. Dava para ver que não era do tipo de baixar a cabeça quando se sentia ofendida. – Estamos no lugar certo e dentro do cronograma. Todas as bagagens chegaram sem se perderem pelo caminho e as acomodações são bastante satisfatórias. Então não vou tolerar que sequer insinue que sou incompetente.
Achei até engraçada a maneira como ajeitava os óculos nervosamente no nariz e ao mesmo tempo não recuava diante da minha arrogância. Era como ver um pincher latindo para um pitbull. E este pitbull aqui chegou a sentir até uma certa admiração pelo modo como ela me enfrentou de queixo erguido.
Então lembrei que não devia simpatizar com o inimigo e retirei-me para o quarto, onde fui logo me jogando de cara na cama macia.Malditos intelectuais! Malditos pilotos! Maldito Guilherme sem-vergonha!
Uma pedrinha atingiu minhas costas e soltei um gemido. Malditas pedrinhas também!
Mas espere lá... De onde viera aquela pedra? Ergui os olhos para a cobertura e não parecia ter pedra nenhuma no forro.
Mais uma pedrinha me atingiu e pude perceber que vinha pela janela. Debrucei-me nela e lá estava minha bela nativa acenando para que eu fosse até lá.
--Agora? – sussurrei.
--Vem. – ela me respondeu sorridente.
Então fiz o que qualquer lésbica sensata faria numa situação como aquela: pulei a janela e quase quebrei as pernas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor improvável? GyI
FanfictionGizelly Bicalho é uma fotógrafa de moda em ascensão que adora desafios e não hesita em assumir riscos em sua profissão. Mas na vida particular prefere manter as coisas o mais simples possível, sem assumir relacionamentos duradouros. Afinal, viver ro...