CAPÍTULO 27

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{Marcela: Não posso te garantir nada neste momento. As coisas ainda estão confusas demais na minha vida. Fico mais tranquila sabendo que se alguma coisa de ruim me acontecer, minha filha vai estar em boas mãos.}


{-- Coisas ruins? Que coisas ruins? Do que você está falando? É aquele pilantra do seu marido, né? Chame a polícia, Marcela!}


{Marcela: Tenho que desligar, Gi. Obrigada por tudo!}


Ela desligou antes que eu pudesse dizer algo mais.


Ao meu lado Ivy me olhava com diversas interrogações no rosto.


-- A Marcela quer que eu tire o detetive do pé dela. Acho que ele começou a fazer muitas perguntas e complicar a vida dela.


Ivy: Tem certeza que o problema é só o marido?


-- Estou desconfiada que não.


Ivy respirou fundo, provavelmente pensando numa maneira de dizer o que pensava sem me assustar.


Ivy: Gi, posso apostar que essa mulher está envolvida em coisa ilícita. E isto pode ser perigoso para você e para a Alessia. Precisa contar tudo à polícia antes que alguma coisa séria aconteça.


Fiquei matutando no que ela dissera, mas continuava sem vontade de colocar a polícia no meio do problema.


-- Não quero fazer algo que prejudique a Marcela. Primeiro quero ter certeza de que ela está em segurança.


Ivy não gostou do que eu disse, mas não era dela a decisão.


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Depois do almoço fui para mais uma sessão de fotos nos estúdios de uma produtora de TV, que tinha sido alugado para a campanha de lançamento de um novo creme dental.

Com toda a iluminação pronta, fizemos alguns testes com o posicionamento das modelos e preparamos para dar início aos shots.

O cenário iria começar com uma paisagem tropical e uma das modelos carregava um drink colorido com um canudinho, como se fosse bebê-lo. Acertamos os holofotes, refletores e luzes auxiliares. Tudo parecia realmente perfeito para uma segunda-feira. Perfeito até demais, pois eu sempre odiei este dia. E tinha lá minhas razões. Comigo se algo tinha para acontecer de ruim, era sempre numa segunda.

As coisas até começaram bem e pensei que dessa vez teria um descanso da minha parceria com o azar. Queria dar um ar mais pessoal nas fotos e me aproximei daquela deusa tropical com todos os cocos à vista. Apontei minha câmera direto para seus lábios, que sugavam deliciosamente aquele canudinho sortudo. Então ela se desconcentrou com a minha presença e ameaçou deixar cair o copo.
Por reflexo me adiantei para impedir a queda e acabamos abraçadas a um copo vazio, com seu conteúdo espalhado sobre mim.

Assessor: I

ntervalo! –

gritou e todos saíram do estúdio, ficando apenas nós duas.


-- D

esculpe. – a garota deu mostras de envergonhar-se.  Não era exatamente uma modelo novata, mas extremamente jovem o que ainda a permitia corar quando algo assim ocorria. Se fosse outra mais experiente estaria tendo uma crise de nervos e exigindo uma compensação financeira por danos psicológicos.

Eu me limitei a rir e disse que estava tudo bem. Peguei toalha que alguém me passara e comecei a me enxugar, mas tinha molhado não só minha camisa como minhas calças.

-- A

cho que a Marília deve ter alguma coisa na sua coleção que possa te emprestar. – a jovem modelo referiu-se à responsável pelo figurino da campanha.

Eu assenti e caminhamos juntas para o setor de figurino e ele estava vazio. A tal Marília por certo tinha levado a sério a instrução de fazer um intervalo, sem saber que a função dela era necessária para a continuidade dos trabalhos.


A secadora estava à vista, mas eu nunca tinha mexido naquele troço. Contudo a garota garantiu que ela entendia do funcionamento e comecei a me despir na maior inocência. Era o que todo mundo fazia o tempo todo, transitando em busca do que tinha que trajar. Não era um comportamento anormal em nosso meio.

Tirei a blusa e entreguei para ela. Então sentei num banquinho e tirei o tênis, ficando só de meias. Aí me levantei novamente e tentei abrir o fecho das calças, mas quem disse que consegui? Puxei para baixo, para cima, para todos os lados sem que o desgraçado se movesse. Estava completamente travado no meio do caminho e soltei uma exclamação de aborrecimento que muito se assemelhava a um xingamento daqueles bem cabeludos.

A garota arregalou os olhos com meu desabafo e correu em meu auxílio, pegando no fecho e tentando dar alguns trancos para abri-lo. Não conseguindo de primeira ela se ajoelhou para ver onde estava o encravamento.

E ali estávamos nós, duas mulheres seminuas, bem juntinhas numa rouparia deserta, gemendo e tentando abrir meu fecho. Não era para dar muito certo mesmo. Acho até que a tal Marília foi bem discreta em sua reação. Decididamente transar naquele lugar não estava dentro da normalidade e era exatamente o que parecia estar acontecendo.

Pelo que sei, vi-me cercada de um monte de gente que fingia não notar que eu estava nua da cintura para cima e havia uma modelo lindíssima agachada na minha frente, com a boca quase colada na minha virilha.

Terminamos as fotos dentro do maior profissionalismo,mas quando cheguei no estacionamento a fofoca já rolava solta. O manobrista me olhou com um sorrisinho de cumplicidade, fazendo um sinal de positivo. Então esfreguei os olhos cansados, pensando nas possíveis consequências se aquela notícia chegasse até Ivy.

Mas felizmente não havia como ela tomar conhecimento. A coisa não tinha como sair daquele estúdio e chegar até ela. No máximo surgiriam alguns rumores, mas nada que não desse para abafar.

Entretanto, por um milionésimo de instante eu havia esquecido que era uma segunda-feira. Uma maldita segunda-feira! O meu “desastre day”.

Não é que alguém tinha gravado com o celular o meu “encontro romântico” com a modelo? Mal cheguei em casa e o videozinho já se encontrava nas redes sociais. Bombando!

Não sei por que fizeram aquilo comigo. Transformaram uma coisa totalmente inocente em um ato de libidinagem. Quem poderia ter me sacaneado daquela forma? Talvez alguém com inveja de mim, ou ressentido por algum motivo. O que importava agora? Mais uma vez eu estava ferrada na vida.

Não preciso nem dizer que naquele dia Ivy não me ligou e nem atendeu às minhas chamadas.


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Oh azar hein, Gizelly!
Crê em deus pais. 😂

E a Marcela hein... A língua chega a coçar pra adiantar logo as coisas gentê! 😂

Se tudo ocorrer bem, até sexta feira givyszinhas.
Durmam bem. ❤

Um amor improvável? GyIOnde histórias criam vida. Descubra agora