Capítulo 2

453 51 6
                                    

Saí atrasado da faculdade porque minha turma quis se reunir depois da aula para falar sobre a formatura. Não tive tempo nem de passar em casa antes de ir para a oficina. Comprei uma marmita no caminho e fui direto para lá.

- Você está atrasado – Pleyson disse assim que entrei.

Olhei para ele.

- Eu avisei para você que chegaria atrasado.

Ele olhou para a marmita na minha mão.

- E você ainda vai almoçar? Eu não acredito.

Bufei e olhei ao redor.

- Não tem nada aqui, Pleyson – disse.

- Mas pode aparecer.

Virei de costas e fui até o escritório que também era uma copa.

- Ok – falei – Se aparecer, me chama.

Antes de almoçar, troquei o terno pela roupa de trabalhar. Eu passei a usar terno para ir à faculdade no último semestre. Eu odiava antes e achei que era uma boa oportunidade para poder me acostumar.

Com a roupa trocada, esquentei a marmita e almocei na mesa de Pleyson mesmo sabendo que se ele visse aquilo ele iria me matar.

Estava quase terminando quando meu celular tocou. O número era desconhecido, mas era do estado. Atendi porque achei que poderia ser algo importante.

- Alô – atendi.

- Ah... oi! – a pessoa disse do outro lado, era uma voz feminina e eu acho que sabia bem de quem era -- Meu nome é Giovana e eu estive na oficina onde você trabalha ontem. A garota do Jaguar vermelho, lembra?

Bingo.

- Hm... Lembro – falei.

Só não lembro como você conseguiu o meu número. Quase acrescentei isso. Quase.

- Ótimo – ela disse – Quer dizer... É que meu carro está vazando... Está vazando gasolina do meu carro! – ouvi ela suspirar do outro lado e aproveitei que ela não estava me vendo para rir – Enfim, eu posso levar ele na oficina para você dar uma olhada?

Pleyson, seu filho da puta.

- Hã... – tentei esconder o riso – Pode. Sem problemas.

- Ótimo – ela disse – Pode ser agora?

Parei um pouco para pensar, me perguntando se ela realmente tinha um problema no carro. Provavelmente não, mas ela acabaria vindo em algum momento, então que fosse logo.

- Pode – eu disse e aproveitei a oportunidade – Só uma pergunta...

- O que? – ela perguntou.

- Como você descobriu meu número?

Ela ficou calada do outro lado, parecendo pensar na resposta, o que me fez chegar à conclusão de que qualquer coisa que ela falasse não seria a verdade.

- Hm... – ela começou – Peguei no cartãozinho da loja.

Eu não consegui e acabei rindo. Boa saída, mas não tão boa assim.

- A gente não tem um cartãozinho da loja – eu disse.

- Hm... – ela falou – Talvez vocês devessem ter um cartãozinho da loja.

Eu ri de novo. Nisso ela tinha razão, mas o Pleyson não queria gastar dinheiro com gráfica e designer.

- É... Talvez.

Um momento de silêncio antes dela rompê-lo.

- Então tá... – disse – Estou indo aí agora.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora