- Eu te ligo para a gente combinar – Matheus, meu colega, dizia enquanto saia da sala – Esse artigo está dando trabalho.
Eu ri.
- Beleza – respondi.
Olhei meu relógio. Ainda estava cedo, dava tempo de passar em casa e almoçar lá antes de ir para a oficina. Giovana deveria estar lá ainda, então teria que passar por lá de qualquer forma.
No caminho para o apartamento eu só conseguia pensar na noite passada e na garota na minha casa. Será que ela ainda estava lá mesmo? Talvez ela já tivesse se entendido com o pai. Ou ido para o irmão. Pelo menos era o mais razoável a se fazer. Até agora eu não tinha entendido porque ela tinha ido até mim.
Estacionei o carro embaixo do prédio e subi. Quando estava chegando no meu andar, comecei a sentir um cheiro horrível de fumaça.
Giovana.
Então eu saí correndo. Eu poderia apostar que ela tinha aprontado alguma coisa.
Abri a porta do apartamento e o cheiro ficou mais forte. Tinha fumaça na cozinha. Olhei para ela, parada lá no meio e arregalei os olhos.
- Você tentou botar fogo no meu apartamento? – perguntei.
Ela fez uma careta e deu de ombros.
- Eu tentei fazer algo para comer – disse enquanto me jogava na banqueta – Mas acho que dá no mesmo.
Então eu ri. Tudo bem, a minha casa ainda estava em pé, então não tinha motivo para me preocupar. Eu podia rir a vontade.
- Você é inacreditável – eu disse.
- Eu nunca fritei um ovo na minha vida – ela reclamou.
Fui até a pia ver o estrago. Claramente não.
Olhei para o macarrão queimado e depois para ela.
- Então por que foi tentar cozinhar um macarrão? – perguntei.
- Não faço a mínima – ela parecia chateada – Acho que estava tentando provar para o meu pai que ele estava errado.
Eu sabia que era errado, mas eu ri mais.
- Acho que você provou que ele estava certo – comentei.
Ela deu de ombros.
- Fazer o que... Eu tentei – ela disse.
Olhei para a panela na pia e suspirei. Eu já estava pensando em pedir comida mesmo.
Pedi duas marmitas do restaurante ali perto de casa. Chegou 20 minutos depois e eu nos servi.
Enquanto a gente comia, fiquei olhando para ela, pensando. Ok, e o que seria agora? Aparentemente ela não tinha se entendido com o pai. E ela ainda estava aqui, não é?
Mas não por muito tempo.
- O que foi? – ela perguntou quando percebeu que eu estava encarando.
- O que você vai fazer agora? – perguntei. Alguma coisa me dizia que isso iria sobrar para mim.
Ela desviou o olhar e deu de ombros.
- Não vou voltar para casa do meu pai. Disso eu sei – foi tudo o que ela disse.
- Então vai viver dentro do seu carro? – brinquei com ela.
Ela me encarou.
- Vou procurar um emprego e alugar um apartamento para mim.
- E até lá vai morar dentro do seu carro?
Ela revirou os olhos.
- Não deve ser tão difícil achar um emprego – ela disse.
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O Ardor da Paixão
RomanceVocês já conheceram a versão da Giovana. Agora é a vez de conhecer a história pelos olhos de Pedro. Depois de ter o coração partido, Pedro jurou nunca mais amar ninguém. Estava tudo correndo como o planejado, até que Giovana resolveu aparecer em sua...