Capítulo 8

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- Eu te ligo para a gente combinar – Matheus, meu colega, dizia enquanto saia da sala – Esse artigo está dando trabalho.

Eu ri.

- Beleza – respondi.

Olhei meu relógio. Ainda estava cedo, dava tempo de passar em casa e almoçar lá antes de ir para a oficina. Giovana deveria estar lá ainda, então teria que passar por lá de qualquer forma.

No caminho para o apartamento eu só conseguia pensar na noite passada e na garota na minha casa. Será que ela ainda estava lá mesmo? Talvez ela já tivesse se entendido com o pai. Ou ido para o irmão. Pelo menos era o mais razoável a se fazer. Até agora eu não tinha entendido porque ela tinha ido até mim.

Estacionei o carro embaixo do prédio e subi. Quando estava chegando no meu andar, comecei a sentir um cheiro horrível de fumaça.

Giovana.

Então eu saí correndo. Eu poderia apostar que ela tinha aprontado alguma coisa.

Abri a porta do apartamento e o cheiro ficou mais forte. Tinha fumaça na cozinha. Olhei para ela, parada lá no meio e arregalei os olhos.

- Você tentou botar fogo no meu apartamento? – perguntei.

Ela fez uma careta e deu de ombros.

- Eu tentei fazer algo para comer – disse enquanto me jogava na banqueta – Mas acho que dá no mesmo.

Então eu ri. Tudo bem, a minha casa ainda estava em pé, então não tinha motivo para me preocupar. Eu podia rir a vontade.

- Você é inacreditável – eu disse.

- Eu nunca fritei um ovo na minha vida – ela reclamou.

Fui até a pia ver o estrago. Claramente não.

Olhei para o macarrão queimado e depois para ela.

- Então por que foi tentar cozinhar um macarrão? – perguntei.

- Não faço a mínima – ela parecia chateada – Acho que estava tentando provar para o meu pai que ele estava errado.

Eu sabia que era errado, mas eu ri mais.

- Acho que você provou que ele estava certo – comentei.

Ela deu de ombros.

- Fazer o que... Eu tentei – ela disse.

Olhei para a panela na pia e suspirei. Eu já estava pensando em pedir comida mesmo.

Pedi duas marmitas do restaurante ali perto de casa. Chegou 20 minutos depois e eu nos servi.

Enquanto a gente comia, fiquei olhando para ela, pensando. Ok, e o que seria agora? Aparentemente ela não tinha se entendido com o pai. E ela ainda estava aqui, não é?

Mas não por muito tempo.

- O que foi? – ela perguntou quando percebeu que eu estava encarando.

- O que você vai fazer agora? – perguntei. Alguma coisa me dizia que isso iria sobrar para mim.

Ela desviou o olhar e deu de ombros.

- Não vou voltar para casa do meu pai. Disso eu sei – foi tudo o que ela disse.

- Então vai viver dentro do seu carro? – brinquei com ela.

Ela me encarou.

- Vou procurar um emprego e alugar um apartamento para mim.

- E até lá vai morar dentro do seu carro?

Ela revirou os olhos.

- Não deve ser tão difícil achar um emprego – ela disse.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora