As coisas começaram a dar errado mais cedo do que eu imaginava. Ela já me dava trabalho longe, agora imagina perto...
A ideia era que eu dormisse no sofá, mas ela insistiu que eu dormisse na cama. Eu acabei concordando porque ela prometeu que não faria nada e a gente já tinha passado por isso antes.
Achei que seria tranquilo, mas não foi. Na primeira noite eu tive problemas. Um problemão.
Fiquei acordado até mais tarde para terminar o artigo da faculdade, então quando fui deitar ela já estava dormindo. Me deitei ao lado dela e dormi logo, mas acordei no meio da noite com ela em cima de mim.
Isso em si não era um problema. O que ela estava vestindo era.
Era de renda, quase não tinha pano e dava para ver tudo. E para piorar, minha mão estava na bunda dela.
Seus seios, quase pulando para fora, estavam pressionados contra minha costela e sua perna estava por cima de mim. Meu estômago se contorceu e eu fiquei duro em questão de segundos.
Puta merda.
Tentei afastá-la várias vezes, mas não consegui. Ela sempre voltava para perto, como se fosse de propósito. A noite acabou comigo no chão depois de tentar fugir de sua bunda.
Fui até o banheiro e me tranquei lá. Olhei para a ereção nas minhas calças e fiquei encarando-a por algum tempo.
- O que eu faço com você? – falei sozinho.
A única coisa que eu poderia fazer para aliviar a merda desse tesão que eu estava sentindo por ela.
Abaixei as calças e me masturbei. Pensando nela.
No dia seguinte ela foi me acordar no sofá. Eu estava puto e com a coluna doendo.
No caminho da faculdade pra casa eu fiz questão de comprar um pijama para ela. Daqueles que cobriam todo o corpo. Chegando em casa eu peguei aquele inferno de baby doll e joguei pela janela.
- Nova regra. A partir de hoje, você usa isso para dormir – apontei para o pijama.
Essa foi a primeira de muitas regras que viriam. Assim como empregos.
Ela conseguiu um, fácil, como caixa de supermercado. Mas não ficou um único dia se quer. Como se não fosse pouco, ainda tive que pagar uma multa por agressão ao cliente porque ela não tinha dinheiro.
Dei uma bronca nela e no sábado acordei cedo para procurar emprego com ela. Eu queria ela fora da minha vida o mais rápido possível, então se fosse preciso ajudá-la, eu ajudaria.
O destino acabou levando a gente ao McDonalds. Ela odiou, eu achei engraçado. Por um momento pensei que daria certo, mas no fim do dia ela tinha perdido a chance e ainda tinha sorvete de baunilha no cabelo.
E as discussões não se resumiram apenas a má disciplina no trabalho. Todo dia tinha alguma coisa.
Ela era bastante bagunceira e adorava deixar as coisas por aí. Acontece que uma dessas coisas era langerie no banheiro e isso me irritava de n formas possíveis. Primeiro, porque era bagunça. Segundo, porque me fazia imaginar ela só com aquilo.
- Eu vou jogar pela janela da próxima vez – eu ameacei enquanto ela pegava a calcinha e o sutiã da minha mão. Depois ainda fiquei com o cheiro dela em mim.
A primeira semana chegou ao fim e eu tive uma longa conversa com ela sobre como ele deveria voltar para casa. Ela não deu o braço a torcer e me fez deixá-la ficar mais um pouco.
Além da regra das langeries no banheiro, também estabeleci a regra de não tentar cozinhar mais. Ela sempre fazia uma bagunça ou quase botava fogo em algo quando tentava. Uma vez ela realmente botou fogo no pano de prato.
Um dia cheguei em casa e, quando abri a porta do quarto, ela estava só de calcinha fio dental, em cima da minha cama, de costas para mim. Fechei a porta e esperei a ereção subir. Já tinha até virado rotina ir para o banheiro na madrugada. Ela sempre rolava na cama até estar em cima de mim e o pijama grosso não estava adiantando muito.
Nos dias seguintes, eu sempre tentava falar sobre o pai dela, mas ela fugia do assunto. Isso me fazia perder a cabeça, porque ela não se acertava com ele e nem conseguia se manter num emprego. Quais eram minhas esperanças dela sair dali, então?
A luz no fim do túnel apareceu em um dia em que estávamos assistindo TV e ela começou a reclamar horrores de uma propaganda. Enquanto ela dizia o que mudaria, eu tive um estalo. Era isso. Publicidade. Era isso que ela iria fazer.
Achei uma vaga de emprego e fui com ela para fazer a entrevista. Ela iria passar por um período de treinamento se conseguisse agradar o chefe e, talvez, ficasse com a vaga no final. Isso queria dizer que ela ficaria mais tempo comigo, mas pelo menos eu estava confiante em relação a esse emprego.
E eu estava certo. Ela recebeu uma ligação alguns dias depois da empresa dizendo que ela tinha entrado para o treinamento. Agora era dar tudo de si e esperar que fosse reconhecida por isso.
Com a esperança de um emprego, a gente começou a busca por um lugar para ela ficar. Tinha deixado bem claro que aquela era a última chance. Se ela não conseguisse, não daria para ela ficar mais comigo. Ela aceitou.
Naquele domingo, compramos vários jornais e ficamos a manhã inteira procurando por anúncios de apartamento. Depois ela desenterrou um jogo imobiliário de dentro do meu guarda-roupa e fez questão que jogássemos.
A partir dali eu sempre passava na banca de jornal perto da minha faculdade para comprar um jornal e levá-lo para casa. Eu sempre botava no balcão para que ela olhasse depois. Com o tempo, os jornais começaram a se acumular na cozinha. E com o tempo, eu também fui me acostumando com a presença dela.
Um dia cheguei em casa e ela estava lavando louça, ouvindo uma música no volume máximo e cantando.
Entrei de fininho e sentei na banqueta, olhando. Ela cantava muito mal, mas tinha algo nela, na espontaneidade, no jeito de ser, que me fascinava. Me fascinava muito.
Ela virou para pegar o pano de prato e levou um susto quando me viu.
- Meu Deus – ela disse – A quanto tempo você está aí?
Eu comecei a rir.
- Uns três minutos – respondi.
- O que?! – ela jogou o pano de prato na minha cara – E você não disse nada?
- Por que eu iria interromper? – sorri – Eu estava adorando.
Ela estreitou os olhos para mim.
- Eu costumo cobrar pelos meus shows – ela disse – Não faço demonstrações grátis. Você me deve.
Eu ri.
- Quanto?
Ela me encarou. Um olhar levemente malicioso em seu rosto.
- Não quanto – ela disse – O que.
Encarei ela e balancei a cabeça.
- Você... – comecei.
- Eu cobro quando for embora – ela disse e pegou uma maçã da fruteira em cima da bancada, mordendo ela – Por enquanto você ainda é um homem livre.
Então ela se virou e foi para o quarto. E eu acompanhei, olhando enquanto ela rebolava e tinha a certeza de que essa noite eu iria para o banheiro de novo.
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O Ardor da Paixão
RomanceVocês já conheceram a versão da Giovana. Agora é a vez de conhecer a história pelos olhos de Pedro. Depois de ter o coração partido, Pedro jurou nunca mais amar ninguém. Estava tudo correndo como o planejado, até que Giovana resolveu aparecer em sua...