Capítulo 12

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Pleyson entrou no escritório e parou na porta, me olhando. Eu estava sentado na cadeira, encarando o nada.

- Que merda de cara é essa? – ele perguntou.

Olhei para ele.

- Que cara?

- Essa cara de quem acabou de voltar de um enterro.

Suspirei e me endireitei na cadeira, voltando minha atenção para o artigo sobre Direito Penal que tinha ficado esquecido no computador.

- Eu estou ótimo – eu disse.

Ele bufou.

- Conta outra – ele ficou em silêncio por um tempo, apenas me observando – É ela, não é?

Respirei fundo mais uma vez, me preparando para o que vinha em seguida.

- Ela quem, Pleyson? – me fiz de desentendido.

- Está de mudança amanhã, não é? – não respondi – E você está morrendo por dentro por causa disso.

Continuei com os olhos fixos no computador.

- Não tem nada a ver.

- Tem sim – ele disse.

Não respondi. Continuei fingindo que estava concentrado no trabalho.

- Isso vai dar tanta merda – Pleyson comentou e saiu.

Olhei para a porta.

Já tinha dado merda.

...

Terminei de apertar os parafusos do armário. Agora sim estava decente. Antes parecia que iria cair a qualquer momento.

- Você conseguiu? – Giovana perguntou.

Olhei para ela e sorri.

- É lógico que eu consegui.

Desci da escada e olhei de longe.

- Ficou tão bonitinho – ela disse ao meu lado, os olhos brilhando, enquanto olhava para o armário.

Fiquei encarando ela. Aqueles olhos. Queria que eles brilhassem assim quando ela olhasse para mim.

Ela me fitou, percebendo que estava a encarando.

- Que foi? – ela riu.

- Nada – saí do meu devaneio – Vou ao banheiro.

Me tranquei no banheiro e fiquei um tempo infinito me encarando no espelho, pensando no que eu ia fazer.

Eu poderia dizer o que estava sentindo. Aí ela sairia correndo.

Eu poderia ir pra cama com ela. Aí ela sairia de fininho.

Eu poderia ignorar esse sentimento e romper de uma vez os laços com ela. Eu iria sofrer um pouco, sim, mas era melhor que deixar as coisas irem mais longe e depois ter que voltar todo o caminho.

Lavei o rosto e abri a porta do banheiro decidido a dar tchau e ir embora. Dessa vez permanentemente.

Mas me deparei com Giovana e mais uma mulher na sala. Ela ficou me olhando por alguns segundos.

- Oi – eu disse, para romper o silêncio.

- Oi – ela respondeu.

Giovana entrou no meio.

- Melissa, esse é Pedro – ela apontou para mim – E Pedro, essa é Melissa, namorada do meu irmão.

- Prazer – Melissa deu um sorriso educado.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora