Pleyson entrou no escritório e parou na porta, me olhando. Eu estava sentado na cadeira, encarando o nada.
- Que merda de cara é essa? – ele perguntou.
Olhei para ele.
- Que cara?
- Essa cara de quem acabou de voltar de um enterro.
Suspirei e me endireitei na cadeira, voltando minha atenção para o artigo sobre Direito Penal que tinha ficado esquecido no computador.
- Eu estou ótimo – eu disse.
Ele bufou.
- Conta outra – ele ficou em silêncio por um tempo, apenas me observando – É ela, não é?
Respirei fundo mais uma vez, me preparando para o que vinha em seguida.
- Ela quem, Pleyson? – me fiz de desentendido.
- Está de mudança amanhã, não é? – não respondi – E você está morrendo por dentro por causa disso.
Continuei com os olhos fixos no computador.
- Não tem nada a ver.
- Tem sim – ele disse.
Não respondi. Continuei fingindo que estava concentrado no trabalho.
- Isso vai dar tanta merda – Pleyson comentou e saiu.
Olhei para a porta.
Já tinha dado merda.
...
Terminei de apertar os parafusos do armário. Agora sim estava decente. Antes parecia que iria cair a qualquer momento.
- Você conseguiu? – Giovana perguntou.
Olhei para ela e sorri.
- É lógico que eu consegui.
Desci da escada e olhei de longe.
- Ficou tão bonitinho – ela disse ao meu lado, os olhos brilhando, enquanto olhava para o armário.
Fiquei encarando ela. Aqueles olhos. Queria que eles brilhassem assim quando ela olhasse para mim.
Ela me fitou, percebendo que estava a encarando.
- Que foi? – ela riu.
- Nada – saí do meu devaneio – Vou ao banheiro.
Me tranquei no banheiro e fiquei um tempo infinito me encarando no espelho, pensando no que eu ia fazer.
Eu poderia dizer o que estava sentindo. Aí ela sairia correndo.
Eu poderia ir pra cama com ela. Aí ela sairia de fininho.
Eu poderia ignorar esse sentimento e romper de uma vez os laços com ela. Eu iria sofrer um pouco, sim, mas era melhor que deixar as coisas irem mais longe e depois ter que voltar todo o caminho.
Lavei o rosto e abri a porta do banheiro decidido a dar tchau e ir embora. Dessa vez permanentemente.
Mas me deparei com Giovana e mais uma mulher na sala. Ela ficou me olhando por alguns segundos.
- Oi – eu disse, para romper o silêncio.
- Oi – ela respondeu.
Giovana entrou no meio.
- Melissa, esse é Pedro – ela apontou para mim – E Pedro, essa é Melissa, namorada do meu irmão.
- Prazer – Melissa deu um sorriso educado.
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O Ardor da Paixão
RomanceVocês já conheceram a versão da Giovana. Agora é a vez de conhecer a história pelos olhos de Pedro. Depois de ter o coração partido, Pedro jurou nunca mais amar ninguém. Estava tudo correndo como o planejado, até que Giovana resolveu aparecer em sua...