Capítulo 5

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Não demorou muito para Giovana aparecer novamente. Eu estava chegando na oficina, tinha acabado de sair da faculdade. Estacionei o carro do lado de fora. Antes mesmo de entrar eu já tinha ouvido a voz dela.

Quando entrei, vi seu Jaguar vermelho e ela estava discutindo com Pleyson. Parei atrás dela.

- Passado é passado – Pleyson dizia.

- Você não vale nada – ela retrucou.

- Tanto quanto você – eu disse.

Ela virou para trás para me olhar. Parece que ia dizer algo, mas calou a boca e ficou me inspecionando.

Dei um sorriso cínico, nada feliz com sua visita, e passei por ela, em direção ao banheiro. Precisava trocar de roupa.

Tinha botado a blusa preta para lavar, então o que me sobrou foi o macacão horrível que Pleyson tinha me dado. Quando voltei, nada empolgado, Pleyson estava rindo muito e Giovana parada, olhando com uma careta para ele.

Parei ao seu lado.

- Do que ele está rindo? – perguntei a ela.

Ela me olhou de cima abaixo em vez de me responder e fez uma careta.

- Que tipo de pessoa fica bem usando uma coisa dessas? – comentou.

- Pela sua cara... – comecei – Aparentemente, eu.

Ela me encarou e sorriu. Não retribui.

- Problemas com o carro? – eu sabia que não tinha problema nenhum com o carro.

- Não – ela respondeu.

- Então o que veio fazer aqui? – eu sabia exatamente o que ela tinha ido fazer ali.

Ela revirou os olhos.

- O que você acha que eu vim fazer aqui?

Em vez de responder, apenas virei de costas e fui fazer o meu trabalho. Ficar dando corda para ela não ia me ajudar em nada.

Ouvi o barulho do salto enquanto ela seguia atrás de mim.

Tinha um Siena batido, estava na oficina havia alguns dias. Muita coisa para consertar.

Giovana parou ao meu lado. O celular dela vibrou, ela checou a mensagem e depois olhou para mim novamente.

- Vai fazer algo hoje à noite? – ela perguntou.

- Vou – eu disse – Vou dormir.

Ela bufou.

- Vou mudar minha pergunta – ela se aproximou e se apoiou no carro – Você está ocupado essa noite?

Encarei ela.

- Para você, sim.

Ela revirou os olhos.

- Isso já está cansando – realmente, estava cansando – Por que você simplesmente não aceita logo e pronto?

Como é que é?

- Tenho uma ideia melhor – eu disse enquanto limpava minha mão com uma flanela – Por que você simplesmente não desiste e pronto?

Fechei o capô do carro. Ela dei um passo para trás e sorriu.

- Mas eu nem comecei ainda.

Parei em frente a ela e a encarei. Isso já estava começando a me irritar.

- Você não cansa de ser rejeitada, não?

Ela nem ao menos perdeu a postura. Ela continuou lá, parada, com o queixo erguido e eu não sabia se queria beijar ela ou balançá-la pelos ombros até ela me deixar em paz.

O Ardor da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora